A insurreição nas pequenas cidades
Desde o século passado, com o advento do rádio e do telégrafo, meios de comunicação importantes que modificaram o rumo da humanidade, o cidadão interiorano começou a fazer as malas para viver nas grandes cidades que se formavam. O início dessa mudança se deu com o surgimento das máquinas a vapor. A Revolução Industrial abarrotou as cidades. Elas passaram a exercer forte controle e influencia sobre o homem dos campos e das pequenas cidades. No mundo da política, para onde se deslocava a grande cidade, uma miríade de pequenas urbes,a acompanhava, sem titubear. Estamos vivendo o fim desses tempos.
Recentemente, o Brexit, dividiu a Grã Bretanha em dois mundos: o das grandes metrópoles e o dos homens do interior. Na Espanha, o fenômeno mostrava-se, titubeante, antes mesmo do Brexit. A França está dividida entre o povo do interior que apoia o ultraconservadorismo de Le Pen e o homem globalizado das grandes cidades, que não aceita o ideário ultranacionalista. Nos Estados Unidos a vitória de Trump se deu nas pequenas cidades, as grandes deram vitórias estrondosas para Hillary. Uma leitura simplista das eleições no Mato Grosso do Sul, mostra o mesmo quadro. O governo venceu nas pequenas cidades e foi derrotado nas grandes. O fracionamento está exposto.
Essa é uma nova divisão que merece ser melhor estudada e compreendida. Um indício vem da globalização. O homem do interior ocidental vem perdendo postos de trabalho para países asiáticos. Mas a economia não explica solitária a insurreição nas pequenas cidades. Há meses procuramos debater a insatisfação do "Homo interiorano" para com o avanço das manifestações em prol dos direitos humanos. Uma passeata gay não é aceita por trabalhadores do interior e por parcelas consideráveis de seus colegas das metrópoles.
Esse "homo interiorano" culpa os direitos humanos pela insegurança que o afeta diretamente. Em seu entendimento, "bandido bom é bandido morto". Os robôs, computadores e a alta tecnologia estão tomando não apenas seus empregos, mas transformando um modo de vida. As imigrações, tanto africanas, como do Oriente Médio, e ainda de países mais pobres lhes retiram a "tranquilidade do conhecimento". O bem estar em uma pequena cidade pode ser medido pelo pleno conhecimento de seus moradores. Todos se conhecem entre si e buscam a melhor convivência com esse entrelaçamento. A musculatura social em uma pequena cidade é maior que nas grandes metrópoles. Associam-se. As causas merecem ser compreendidas, mas não resta dúvida de que o homem do interior livrou-se das amarras que o atavam ao das grandes cidades.
Greve de professores, mas pode chamar de "feriadão".
A greve geral dos petistas virou greve de professores. Aliás, é mais um feriadão dentro do calendário escolar do que uma greve. A greve geral de todos os trabalhadores do país fracassou. Não conseguem mobilizar os trabalhadores para uma insurreição contra o governo Temer. A fragorosa derrota petista nas urnas é seguida pela derrota da greve geral. O único movimento que encontrou alguns adeptos foi a invasão das escolas. Serviu mais para atrapalhar as provas do Enem, os próprios estudantes, do que para encurralar o governo federal. O canto da sereia petista virou uma lamentação.
Crônica do sono perdido. Lembrem-se: o instinto é grátis.
Já escrevi muitas vezes sobre negócios que transformam fragilidades em necessidade de consumo. Será, talvez, esse um dos grandes segredos dos negócios: abrir uma empresa pensando nas necessidades das outras pessoas. Descobrir os desejos e os temores mais íntimos das pessoas e prometer-lhes uma solução.
Um dos novos negócios, de maior sucesso na Europa, são as clínicas que afirmam que são capazes de colocar os bebês a dormir. Quem não teve filho não sabe, mas é difícil imaginar um desejo tão forte como o de dormir para os pais de crianças com até três anos. E nessa fragilidade dos pais ou das mães, seja do primeiro filho, do segundo, ou do décimo, percebo que há quem prometa solução para tudo. O instinto deixa de ser o recurso e tendemos a acreditar que alguém sabe mais do que nós. É verdade que o instinto apresenta falhas, mas lembrem-se: é gratuito.
Os seres vivos que habitam nosso corpo.
Ainda que pareça estranho e jocoso, muitos cientistas passaram a considerar nosso intestino como o "segundo cérebro". O conceito decorre do fato de que o intestino abriga nada menos de 100 trilhões de micro-organismos, dez vezes mais do que o total das células que constituem nosso corpo. Somos uma "hotel" onde residem diferentes seres vivos.
Pouco ainda se sabe sobre essas criaturas que hospedamos, mas há uma certeza: somos interdependentes. São elas que processam e nos ajudam a absorver os nutrientes que ingerimos. Também produzem neurotransmissores e neuromoduladores importantes como a serotonina, dopamina, acetilcolina e adrenalina. Todos eles envolvidos nas nossas emoções e comportamentos. O mais incrível é que 90% da serotonina necessária para o bom funcionamento de nosso corpo está no intestino e não no cérebro. Vale recordar que a serotonina participa decisivamente na regulação do sono, do humor, na contração de músculos e na construção de vasos sanguíneos.
A ideia é clara, existe uma relação cérebro- intestino que não é via de mão única. Assim como o intestino é sensível às alterações químicas do cérebro, os micro-organismos de nossa flora intestinal exercem influência sobre nosso cérebro. Alteram idas ao banheiro, estresse e ansiedade. Esses são apenas alguns elementos dessa troca entre os "dois cérebros", é provável que exista muitos outros comportamentos influenciado por essa troca. As últimas pesquisas mostram que tratamentos com probióticos - micro-organismos que compramos e que atuam como fermentações - se mostraram eficientes auxiliares na redução de sintomas como motivação e habilidades sociais. Ainda é cedo, pouco deles sabemos, mas o caminho para o melhor conhecimento foi aberto em algumas das mais prestigiosas universidades do mundo como Oxford, na Inglaterra; Cork, na Irlanda e Arizona, nos Estados Unidos.