A técnica da lagartixa para edifícios à prova de inundações
A revista científica "Nature" trás uma matéria que muda seu tradicionalíssimo enfoque. Abre suas paginas para divulgar uma pauta nunca abordada: a construção de edifícios. Em boa hora, deveria ser estudo obrigatório para governantes, engenheiros e empresas que pretendem reconstruir as cidades destruídas do Rio Grande do Sul e de outros locais em zonas de risco. A melhor parte dessa novidade é que a nova técnica já foi levada a testes e passou com méritos.
Deixar o rabo para trás.
Inundações e terremotos requerem edifícios mais resistentes. Esse tipo de evento causa graves danos na estrutura e pode provocar a queda de um edifício como se fosse um castelo de cartas. A ideia é minimizar ao máximo as perdas humanas e materiais. Quem encontrou a resposta foi a Universidade Politécnica de Valência, na Espanha. Os cientistas buscaram inspiração no mundo animal imitando a capacidade da lagartixa de desprender-se de seu rabo para escapar de predadores. "Soltamos uma parte do edifício para salvar 10", explica José Adam, engenheiro-chefe da pesquisa. Salvam um edifício inteiro, largando à ação da intempérie uma de suas partes.
Não aumenta os custos da construção.
Para um país, como o Brasil, é fundamental que os custos de um "milagre" como esse, não atinja preços estratosféricos. A universidade garante que a nova tecnologia não aumenta um centavo sequer para construir novos edifícios. Procurei informações para descobrir se essa tecnologia pode ser aplicada a edifícios antigos, que devem ser reparados. Não obtive a resposta. Esse projeto recebeu o nome de "Endure" e foi financiado pelo Conselho Europeu de Investigação. Ainda fazem uma comparação com os fusíveis elétricos: assim que uma descarga elétrica tem potencial para destruir o sistema todo, um mero fusível impede o colapso. É a primeira solução na engenharia comprovada e verificada em escala real pois construíram um edifício e o submeteram a condições de colapso por inundação e terremoto.
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