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Em Pauta

A tentação húngara: governar por decreto e judiciário aprisionado

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/09/2021 06:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Autorização para governar por decreto. E, atenção: por tempo indeterminado. Cadeia para quem espalhar notícias contrárias ao governo. Destituição de governadores e prefeitos considerados inimigos. Essas medidas, que fariam brilhar os olhos dos manifestantes do 7 de setembro, já estão em vigor. Na Hungria.


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Como combater a pandemia de boca fechada.

Fechar a boca, não permitir que as gotículas que dela saem, levando o vírus, é um protocolo sanitário. Na Hungria, foram muito além. Todo médico, ou dirigente hospitalar, que der entrevista ou falar em redes sociais sobre a pandemia, vai parar no xilindró. Só o governo pode orientar sobre o combate pandêmico.


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O caminho para governar por decreto no Brasil.

Ao contrário da Hungria, no Brasil o caminho para governar por decreto é longo e tortuoso, chama-se Estado de Defesa. Segundo o artigo 136 da Constituição, o presidente pode - após ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa - decretar o estado de defesa para preservar a paz social ou a ordem pública "ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidade de grande proporção na natureza". Essa parte do Estado de Defesa tem alguma chance de ser instalado no Brasil atual.


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Só por 30 dias.

No caso de "comoção grave", o governo governará por 30 dias. Não poderá ser prorrogado por prazo superior. Há duas formas de usar o estado de defesa: estado de sítio e estado de emergência. No caso de estado de sítio, o governo poderá adotar medidas restritivas à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão.


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Maioria absoluta para aprovar.

Ninguém duvida que o centrão apoie Bolsonaro. Todavia, é altamente improvável ver o Congresso aprovar o Estado de Defesa. Há necessidade de maioria absoluta das duas casas de lei para que Bolsonaro possa administrar por decreto e aprisionar o STF. São medidas duras e temporárias, como respostas a tempos difíceis. Não são como o cheque em branco e por tempo indefinido como na Hungria. O modelo húngaro não serve para o Brasil. Mas, me digam, alguém pode dar um calendário para o STF? Esta é a hora de votar demarcação de terras para indígenas? Provocação?

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