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Em Pauta

A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/08/2015 07:03
A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos

O Relógio do Juízo Final voltou a avançar.

Este ano, o "Doomsday Clock - Relógio do Juízo Final, avançou pela primeira vez desde 2012. A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos por cientistas do Projeto Manhattan (que desenvolveu as primeiras bombas atômicas). Seus atuais guardiões adiantaram o relógio para três minutos antes da meia-noite, com base no risco de mudanças climáticas e desaceleração nos esforços de desarmamento. Muitos que vivem na parte do mundo mais desenvolvida se preocupam demais sobre riscos menores, quase desprezíveis como a existência de substâncias que causam câncer em alimentos, doses letais de radiação desastres de avião e uma gama de fatores similares a esses. Alguns se inquietam excessivamente sobre possíveis impactos de asteroides, que estão entre os riscos naturais melhor compreendidos e fáceis de quantificar. O perigo real está no retorno da corrida armamentista e nas mudanças climáticas causadas pelos humanos.

A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos
A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos

É preciso desmilitarizar a polícia militar?

Esse é um debate que remonta a época da Assembleia Nacional Constituinte. Foi esquecida em alguma gaveta de Brasília. O fato é que o policial militar quando vai às ruas parte com a ideia de que entrou em "território inimigo", tal como se adentrasse a uma região de guerra em um outro país. Nesse teórico "território inimigo ele mata ou morre".

De nada adianta levar professores às academias para ministrar noções de legalidade, a estrutura de formação do policial militar o induz a proteger a corporação, nunca a ele mesmo ou ao cidadão. O tempo todo ele é condicionado para se tornar uma pessoa raivosa, aquele que sempre reage com ferocidade (o ideal seria reagir com brutalidade inaudita em raríssimos casos extremos). Ele necessita ter inimigos e eles são encontrados em enorme quantidade nas periferias das cidades brasileiras. São os de sempre: negros e pobres. A polícia militar brasileira nunca deixou de ser racista. O treinamento do policial é uma cópia mal feita do treinamento do soldado do exército.
O discurso das autoridades que comandam essa estrutura que não funciona, é o discurso da guerra, de retomar o "território do inimigo": a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, está dominada por traficantes ou o Bairro Aero Rancho, em Campo Grande tem excesso de "bocas de fumo". É o mesmo discurso do Brasil da Doutrina de Segurança, da época da ditadura. Para o soldado, esse discurso chega com a ordem de "lá tem inimigo, então aniquile-o".

Há uma clara confusão na organização policial militar nacional - o soldado do exército é preparado para matar o inimigo; o policial militar deveria ser preparado para prender o malfeitor. São diferenças essenciais e aparentemente simples: soldado deve matar, policial deve prender. Mas, pouco praticadas. Soldado metralha o carro do inimigo, policial cerca o carro do malfeitor e não dispara um só tiro, se não for alvejado.
Todavia, uma parcela substancial da população clama pelo contrário: por mais militarização dos policiais, por mais brutalidade e força, por mais sangue jorrando nas ruas. Imaginam que o resultado será o extermínio dos bandidos. Em nenhum momento pensam que se construiu um ciclo vicioso: polícia mata bandido, que mata policial, que mata o bandido. Em pouco tempo, foram assassinados 518 policiais no país e ninguém tomou conhecimento...ou riu.

Em uma recente pesquisa (Escola de Direito da FGV-SP) realizada com policiais militares, 98% afirmaram que a formação e o treinamento deficientes são fatores que compõem a dificuldade de trabalho. Quase 59% deles disseram que ficaram nas academias apenas seis meses (muitos cursaram a academia somente por um a três meses). Em torno de 40% dos policiais militares tem apenas o nível médio como formação. Mas há números ainda mais surpreendentes: quase 39% dos policiais já foram vítimas de tortura em treinamento. Outros 64% já foram humilhados ou desrespeitados por seus superiores. E há um fantasma que os persegue sem cessar: 77% afirmaram ter sofrido discriminação por serem policiais militares. É preciso desmilitarizar a polícia militar?

A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos
A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos

As "habilidades" dos gerentes.

Visão estratégica, carisma e capacidade para implementar planos; essas são as principais "habilidades" procuradas nos gerentes do século XXI. A ideia das "habilidades" tomou forma na administração, privada especialmente (na administração pública ainda está centrada a ideia de quem indica - do empreguismo obsoleto), nos anos 80. Mas, o conjunto de habilidades de um gerente, de um líder, é uma miscelânea de coisas que não são "habilidades". Em verdade, há muito de acúmulo de experiências e aspectos de personalidade. Apenas para citar um exemplo: negociar é uma habilidade. Carisma, não. O carisma é um traço de personalidade. Também consideram que os engenheiros em geral, para tecer outro exemplo, necessitam ter habilidade; mas os gestores e líderes precisam ter conjuntos de habilidades. Em suma, encontrar a pessoa certa para dirigir um negócio ou órgão público é uma tarefa complicada que necessita de muitos cuidados. Preocupação fundamental das empresas e irresponsabilidade generalizada nos órgãos públicos.

A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos
A teórica contagem regressiva para a grande catástrofe foi idealizada há 67 anos

Eram homens que não amavam filhotes de aves?

A descoberta veio de maneira inusitada. Tinha se proposto a iniciar a educação da neta com elementos do Pantanal. Uma loja no aeroporto oferecia livros infantis feitos com tecidos. "Bichos do Pantanal" estava no título. Nada mais oportuno. A nora chamou-lhe a atenção: "o livro diz que os tucanos alimentam-se de filhotes de outras aves". "Como tua neta entenderá tamanha malvadeza?" O desconhecimento transformou-se em preocupação.
A pesquisa mostrou que o libreto estava certo. O tucano alimenta-se de frutos, insetos....ovos de outras aves e de seus filhotes.

Da educação da neta para a indagação política. Os "pais-fundadores" do PSDB - Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas e Franco Montoro- sabiam que os tucanos, escolhidos como símbolo de seu partido - predam filhotes? Será que o PSDB virou um time de hóquei que escolhe como seus símbolos animais violentos como tubarões, fazendo ode ao ato de predar?

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