A vacinação na Rússia não avança, falta a Sputnik V
Enquanto políticos brasileiros - tanto da esquerda como da direita - prometem resolver as dificuldades da falta de vacinas com a compra da Sputnik V, o país que a criou não tem doses suficientes para imunizar seu povo. Enquanto o Kremlin intensifica seus esforços para promover no exterior sua principal vacina (há outras duas) contra o coronavírus, a campanha de imunização não avança entre os 145 milhões de habitantes do maior país do mundo.
Muitos postos de vacinação sem vacina.
O Kremlin adotou uma estratégia agressiva na criação de postos de vacinação. Há postos nas lojas Gum, o principal centro de compras em Moscou. Há outros em teatros, supermercados, restaurantes... todos abertos das 10:00h até às 21:00h. Também há postos de vacinação em todas as clínicas, estatais ou particulares. Não há organização por idade ou profissão, basta entrar e vacinar. Ou melhor, basta encontrar algum local que ainda tenha vacina. Desde janeiro, quando imensas filas se formavam para vacinar e cada um ganhava um sorvete e um belo certificado, feito à mão, as vacinas sumiram.
5% dos russos receberam a primeira dose.
Os russos estão estressados, deixaram de procurar a vacina, ainda que possam encontrá-la em alguns postos. Só 5% da população tomou a primeira dose e 3% tomou a segunda. A comparação com a Grã Bretanha (47% tomou a primeira dose), Estados Unidos (30%) e até mesmo o Brasil (10%), mostra as dificuldades russas frente à vacinação.
Mais de 50 países compraram a Sputnik V.
Se falta vacina na Rússia, a Sputnik V não para de ver suas vendas crescerem. Há uma semana, mais de 50 países fecharam contratos com o Instituto Gamaleya de Moscou (muitos enfrentando constantes atrasos nas remessas). Nos últimos dias, a fama da vacina russa cresceu. Há uma luta intesiva na Baviera para adquirir doses dessa vacina contra a vontade do governo alemão. Também o governo de Madri vem travando um duro embate com o governo espanhol para adquirir a Sputnik. A Eslováquia acaba de fechar contrato com o Instituto Gamaleya. Há uma forte tendência na Europa de trocar a AstraZeneca (dos odiados ingleses, devido o Brexit e o surgimento de 44 pessoas com trombose) pela vacina russa. Bruxelas, a sede da União Europeia, vem enfrentando forte pressão para liberar a Sputnik V para toda a Europa. Fica a indagação: a pequena fábrica instalada em Brasília, para produzir essa vacina, conseguirá minimizar a falta de doses no Brasil?
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