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Em Pauta

Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/02/2016 07:31
Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente

O Brasil vive em uma situação interessante. É um país que até ontem estava ficando rico e ainda tem as condições necessárias para que haja uma elevação na qualidade de gestão dos governos. A classe média tem crescido (ainda que diminua um pouco neste ano), e isso aumenta a demanda por governos mais eficientes. O Brasil se industrializou, promoveu mudanças na área social, mas isso tudo ainda não resultou em uma ampla reforma do setor público. Há um imenso fosso entre a gestão pública e a privada.

O que divide o mundo nos dias atuais não são as democracias de um lado e os governos autoritários do outro. São os competentes e os incompetentes. Alguns países, como o nosso, têm eleições limpas, mas não conseguem entregar serviços públicos de qualidade, o que acaba por deslegitimar a democracia. Um dos exemplos mais utilizados pelos analistas é a China e Singapura. Não são democráticos, mas conseguem oferecer bons serviços, aliás, em Singapura os serviços governamentais estão entre os melhores do mundo. A qualidade do serviço público é o grande tema da atualidade.

Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente
Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente

Coragem para promover a reforma dos governos.

Os governos bem sucedidos em um dado momento promoveram reformas. Eles tiveram coragem de enfrentar a resistência dos sindicatos do funcionalismo público. As pessoas, de modo geral, resistem muito a prestar contas do que fazem.

Isso é ainda mais marcante em funcionários públicos de todas as partes do mundo. Em geral, eles abominam a ideia de ter metas e de ser punidos por não as atingir. Os sindicatos são contra as tentativas de criar bônus por performance. Lutam pela segurança do emprego sem conexão com a qualidade do serviço.

É por isso que as reformas da burocracia quase sempre envolvem lutas com os sindicatos. Para elevar a eficiência dos governos há necessidade de separar os funcionários que trabalham muito e são competentes dos preguiçosos e descomprometidos.

Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente
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JBS expansão ilimitada.

Parece que a sede dos irmãos Batista por novas aquisições de empresas é ilimitada. Em 2013, comprou a Seara. Em 2014, comprou a Tyson. Em 2015, comprou a fabricante de calçados Alpargatas. Investiram US$ 10 bilhões em aquisições de empresas e triplicaram de tamanho desde 2011.

Estão garantindo que em 2016 será um ano de muitas aquisições. As negociações para assumir o controle da Fibria de Três Lagoas poderão ocorrer, mas estão pautados para seguir o mesmo modelo da compra da Alpargatas - que tenha potencial de expansão global. Também decidiram afastar-se de todos os governos do Brasil.

Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente
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Quem tem direito a corromper?

A principal acusação à Lava Jato é a de ser um importante componente nas perdas econômicas brasileiras. Não se pode faltar com a verdade: a Lava Jato traz instabilidade econômica a curto prazo. Como também é inegável que, a médio prazo, ela traz novos ventos para uma concorrência mais leal.

Há algo que tem de ser aprendido no Brasil - o cartel da Petrobras era uma forma de definir quem tem direito a corromper. Havia empresas que tinham direito a corromper e outras que não tinham. O que se tem visto são várias empresas se adaptando a essa nova realidade, mudando sua governança e afastando executivos que estão muito próximos a essa antiga cultura.

A grande disputa que necessita ser travada é de que a concorrência leal passe a estar presente em todos os órgãos públicos brasileiros. O maior legado que se espera da Lava jato é a conquista da igualdade. Ricos e poderosos devem ser conduzidos à cadeia em igualdade de condições com os pobres e desprovidos de poder. Essa é a primeira igualdade. A outra, tão importante quanto a primeira, é a igualdade nas concorrências.

Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente
Ainda não entenderam, a qualidade do serviço público é o grande tema atualmente

Fique preocupado. Bem preocupado.

Os empregos desapareceram. Só restaram policiais e lixeiros. É claro que há uma elite comandando as cidades. Ela é formada prioritariamente por engenheiros. Todos os demais trabalhos são realizados por robôs e computadores. Há uma imensa multidão de desempregados vivendo em uma parte degradada da cidade. Essa é a narrativa do livro "Revolução do Futuro", escrito em 1952 por Kurt Vonnegut. Ele soa profético dados os debates e estudos acadêmicos atuais.

Com o mote "Fique preocupado. Bem preocupado", os pensadores sobre tecnologia Walter Isaacson, biógrafo de Steve Jobs; o escritor Nicholas Carr; o economista George Magnus; Pipa Malmgrem, cocriadora da empresa H Robotics e o escritor Andrew Keen, autor de "O Culto do Amador", deram uma previsão ainda mais apocalíptica que a de Davos (perda de 5 milhões de empregos).

Em um debate no ano passado em Londres, afirmaram que em 2025 robôs e computadores eliminarão metade das vagas que hoje usam intensamente mão de obra, como operadores de telemarketing, corretores, carteiros e jornalistas, ameaçando o mundo com o desemprego de 2 bilhões de pessoas. Alguns dados que essa turma apresentou: a venda de 255 mil unidades de robôs em 2015, 12% a mais que no ano anterior. Até 2018 esperam um salto de vendas chegando a 400 mil por ano.

Eles dizem mais, que a maior ameaça ao emprego não está na indústria e sim na área de serviços. As máquinas já são capazes de dirigir um carro, escrever pequenas reportagens ou um relatório, pousar um avião, servir como garçons, preparar pratos como chefs, preencher uma declaração de imposto, dar telefonemas, conversar com clientes, trabalhar de maneira autônoma em fábricas, depósitos e ao ar livre. Preocupação com os empregos está no DNA do século XXI.

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