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Em Pauta

Alemanha acabou com prazo de validade de alimentos

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/08/2017 07:10
Alemanha acabou com prazo de validade de alimentos

Mais de 30% dos alimentos produzidos no mundo vão parar na lata de lixo. É um desperdício colossal. Alguns governos europeus estão agindo para acabar com essa falta de entendimento das pessoas sobre o valor nutricional dos alimentos. A França editou leis e faz intensa campanha para que seus cidadãos deixem de dar valor a frutas e verduras perfeitas. Deseja que aprendam a comprar e consumir aqueles que têm pequenos defeitos como manchas e amassados.

As contas da ONU são chocantes quando pensamos nos 600 milhões de humanos que passam fome, no outro lado da pirâmide de riqueza, 82 quilos de alimentos por pessoa, em perfeito estado, são jogados fora por ano. A Alemanha eliminou os prazos de validade que existiam nas embalagens, trocou por rótulos contemporâneos e inteligentes, que mudam da cor verde para a vermelha quando o alimento deixa de ter validade para o consumo.

O prazo de validade para alimentos é uma invenção de um mundo que não se interessava pela economia alimentar. Ele significa apenas que naquela data inscrita no rótulo foi dado o início para o período de putrefação que é muito variável dependendo não só do alimento mas, também, das condições de armazenagem. Há alimentos que podem ser digeridos sem risco algum para a saúde até uma semana após a data de validade inscrita no rótulo. Em verdade, o prazo de validade dos alimentos é uma contagem em que ele, gradativamente, perde cor, consistência, cheiro e gosto - um período em que perde valor nutricional a cada dia. O governo brasileiro não pensa em mudanças. Infelizmente.

Alemanha acabou com prazo de validade de alimentos

Festival de comida que seria descartada ocorre nas principais capitais

Uma entidade resolveu propagandear para reduzirmos o desperdício de alimentos. Usando criatividade, vem realizando "Festivais de comida gratuita feita por chefs renomados". Une os "desperdiçadores tradicionais de alimentos": indústrias, supermercados e restaurantes que coletam os alimentos necessários para produzir um almoço para 5.000 pessoas. A indicação da necessidade dos ingrediente é feita por um chef que cozinhará e propagandeará a economia de alimentos que são descartados. O festival já passou por Paris, Amsterdã e chegou à campeã do desperdício: N.York. Nenhum chef brasileiro demonstrou, até agora, interesse em auxiliar a propagação do conhecimento de que não devemos desperdiçar comida "feia", mas útil para nossa alimentação.

Alemanha acabou com prazo de validade de alimentos

Quando o vinho era negro azulado

Certa noite de inverno, Robert Louis Stevenson teve um pesadelo. Viu aterrorizado uma grande mancha parda que, anos depois, lhe serviu de inspiração para escrever o "Médico e o Monstro". Conhecedor das vastas estepes da Arábia, T.E.Lawrence, denominou o deserto de "o branco". Para Garcia Lorca, misteriosamente, o verde encarnava o desejo. Paul Éluard disse que a Terra era "azul como uma laranja". Rimbaud atribuiu cores às vozes. Nem todos concordamos com a definição do que comumente chamamos de cor.

Já em 1810, Wolfgang von Goethe fez uma pergunta que desconcertou todo mundo: "Um vestido vermelho, segue sendo vermelho quando ninguém o observa?" Goethe respondeu que não. E por mais inacreditável que possa parecer para seus contemporâneos, Goethe estava certo. O olho humano capta um reflexo da luz cuja longitude de onda varia de superfície para superfície, e o cérebro converte essa onda em algo que denominamos "cor" e cujo significado muda de época em época e de acordo com as mudanças de cultura. É a sociedade quem faz a cor. Muito mais do que a natureza, o pigmento ou o cérebro. É a sociedade também quem lhe outorga definição e sentido.
Na maioria das culturas africanas, até pouco tempo, não lhes interessavam as cores, e sim se era seco ou úmido, liso ou rugoso, mole ou duro, surdo ou sonoro. No ocidente, desde o período neolítico até a Idade Média, o branco, o negro e o vermelho eram as cores ideais para as culturas, especialmente para a católica. Ou dizendo melhor: o branco e seus contrários.

Ao longo dos séculos a tríade foi duplicada. Agregaram o verde, azul e amarelo. Em seguida, vieram o alaranjado, rosa, violeta, marrom e cinza. E depois o mundo ficou somente com essas cores. A humanidade deixou de ditar novas cores. Só criamos tonalidades e as tonalidades das tonalidades.

As três cores chamadas de primárias e as outras três posteriores no ocidente, dominavam tudo. As uvas eram verde como para a raposa de Esopo. O mar era cor de vinho para os gregos. O vinho era negro azulado. O branco era do sol e o amarelo pertencia à lua.

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