Antivacina, negacionismo e conspiranóia "é coisa de velho"
Engana-se quem imagina que o trio parada dura antivacina, negacionismo e conspiranóia tenham seu centro motor em Brasília ou nos Estados Unidos. A capital mundial desses pensamentos é Londres. De dois em dois meses, um grupo de manifestantes se reúne na londrinense Trafalgar Square. Protestam contra a campanha de vacinação, que para eles é "liberticida e genocida". Também protestam contra o uso de máscaras e medidas de distanciamento social. Uma parte deles repudia o imaginário complô do 5G e uma gigantesca pauta de negacionismos e conspiranóia.
Kate Shemirani, a líder mundial dos antivacinas.
Essas manifestações são de apenas centenas de pessoas, diminutas. Mas duas delas, a de setembro do ano passado e a de junho deste ano, foram eventos que reuniram milhares de manifestantes. Desde o começo, quem as lidera é uma enfermeira de nome Kate Shemirani, de 56 anos, loira e carismática. Foi apelidada de Rosa de Luxemburgo do negacionismo visceral. Uma extremista como poucos conseguem ser. Foi demitida de um hospital por culpar as demais enfermeiras, "amarguradas e obesas", de terem criado o vírus da covid. Também acusa as autoridades sanitárias mundiais de um complô para difundir o vírus. Shemirani, no primeiro momento, conseguiu espaço na mídia mundial com essas acusações e passou a ser copiada em muitos países.
Sebastian, o filho de Kate, dá a voz aos jovens.
Enquanto Kate era entrevistada, seu filho Sebastian, de 22 anos, escrevia nas redes sociais que sua mãe é "perturbada e um perigo público". Ela "perdeu o juízo", dizia Sebastian, quando passou a ocupar o espaço midiático , que outrora fora oferecido à sua mãe. Assomaram a suas redes jovens do mundo inteiro dispostos a compartilhar experiências semelhantes. "Meus pais também se tornaram loucos ", "Quero vacinar, mas minha mãe insiste que ficarei impotente". São algumas das milhares de declarações dos jovens, que montaram um grande exército mundial contra seus país. Kate é a líder dos idosos. Sebastian, seu filho, lidera os jovens.
Cinquentões e sessentões carecas e com barriga de cerveja.
O exército de jovens diz que os antivacina são cinquentões e sessentões carecas e com barriga de cerveja. Afirmam que é muito mais uma questão geracional que ideológica. Também dizem que seus velhos chegaram tardiamente à internet e o fazem sem reservas e nem distância crítica. Seus velhos não tem ideia de quando uma imagem ou pensamento foi manipulada.
Trump vaiado por pedir para todos vacinarem.
Esse exército de jovens usa os acontecimentos do último 21 de agosto no Alabama, EUA, para demonstrar que os antivacinas são apenas velhos. Trump foi vaiado longamente em um comício de seu partido ao pedir que todos fossem aos postos de vacinação. O homem que convenceu uma geração de que devem desconfiar dos especialistas, está predicando no deserto quando trata de vacina. Não é estranho que os jovens estejam pedindo ajuda para desbaratar essa inaudita conjuração de velhos, seus velhos.