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Em Pauta

As bananas correm risco de extinção

Mário Sérgio Lorenzetto | 02/08/2018 10:41
As bananas correm risco de extinção

Aproveite, talvez seja a última banana que comerá. Em princípios de junho soava o alarme: a banana de Madagascar, endêmica nessa ilha, entrava na lista de espécies em risco de extinção. O fruto dessa banana antiquíssima, parente distante das bananas que comemos, com grandes sementes e sabor pouco agradável, colocou uma doença da banana em evidência mundial. A fusariosis da banana é uma enfermidade causada por um fungo - Fusarium oxysporum - que habita os solos. Com os meios atuais, a fusariosis é impossível de ser erradicada. Uma vez que se estabelece em uma plantação, causa perda de 100% das plantas. Infecta a raiz e se translada pelo sistema vascular.
A preocupação da FAO e de todos os plantadores do mundo é grande porque a última variedade desse fungo - denominado TR-4, afeta inclusive a banana Cavendish (nanica), a mais consumida do mundo, com 50% da produção global.
Não é fácil evitar a expansão do fungo. É transmitido facilmente através da água, dos sapatos ou dos veículos que passam pelo solo afetado. Já está atacando dezenas de países. Estimam que mais de 100 mil hectares de bananais do mundo já foram destruídos pelo fungo TR-4. A maior preocupação é que ele chegue à América Latina, a horta de banana do mundo. No Equador, por exemplo, são produzidos 3 de cada 10 exemplares de banana do globo. É a verdadeira "república das bananas", com uma exportação de US$10 bilhões anuais dessa fruta.
Há duas medidas básicas para prevenir a expansão do fungo: a utilização de sementes certificadas - que assegurem que estejam livres de TR-4 - e a precaução de viajantes que passem pelos países afetados para não trazer o fungo em seus sapatos. Ambas são dignas de todo o descrédito mundial pela imensa dificuldade de implantarem tais medidas. Há alguns fungicidas que atacam o TR-4, mas a maioria das plantações estão nas mãos de pequenos proprietários que não têm acesso a eles. Vale a repetição: aproveite, enquanto é tempo de banana.

As bananas correm risco de extinção

Mito: frango de fazenda é amarelado.

Quando compramos um frango no mercado, normalmente fixamo-nos em sua cor. Se sua carne é mais rosada e sua gordura esbranquiçada, pensamos que o animal foi criado em uma dessas granjas em que todos vivem sem ver a luz do sol, sem quase se mover e alimentados com uma ração muito barata e de má qualidade.
Pelo contrário, quando a cor da carne tende mais para o alaranjado e sua gordura é amarelada, cremos que o animal teve uma vida "mais sadia e feliz". Seria o frango que desfrutou das benesses de uma boa fazenda, boa comida e liberdade, que popularmente chamamos de "frango de fazenda". Teria sido criado de forma a atender os preceitos da ecologia e, portanto, seria mais saudável.
Lamentamos informar-lhes que essa ideia é uma lenda urbana. Talvez a mais urbana de todas as lendas. Típica de quem nada sabe de granja ou de fazenda. A cor mais amarela ou alaranjada significa simplesmente que teve uma dieta mais rica em carotenos. O milho e a cenoura servem como colorantes que podem ser adicionados à ração do frango de granja.

As bananas correm risco de extinção

Por que os opositores da vacina pensam que sabem mais que os médicos.

Uma das áreas mais contenciosas das políticas de saúde nas últimas duas décadas têm sido a segurança da vacinação. Elas passaram a ser contestadas por pais e por idosos. No primeiro caso, os pais passaram a seguir a lenda urbana de que as vacinas causam autismo. Para muitos idosos, as vacinas matam. Essa tendência crescente se antepõe ao consenso científico: as vacinas não causam autismo e nem matam. Pelo contrário, salvam vidas.
A origem dessa oposição à vacina origina-se em um estudo publicado na renomada revista científica "The Lancet" que já foi total e completamente desacreditado. Mas número crescente de celebridades e de políticos - especialmente os seguidores do alucinado Trump - continuam questionando a segurança das vacinas. O movimento cresceu tanto que até donos de cães e gatos passaram a recusar a vacinação de seus animais. Essa lenda levou a Associação Britânica de Veterinários a emitir uma nota que seria jocosa, se não fosse de extrema importância. Eles tiveram de explicar que cães e gatos não desenvolvem autismo.
Dada a luta que a medicina vem travando em favor da vacinação, porque o ceticismo sobre as vacinas continuou?
A melhor explicação, fundada em pesquisas, diz que muitas pessoas acreditam que sabem mais que os médicos sobre o autismo e suas causas. Essa incapacidade de avaliar com precisão o próprio conhecimento é chamada de efeito Dunning-Kruger. Ocorre quando a falta de conhecimentos dos indivíduos sobre um determinado assunto os leva a avaliar de forma imprecisa seus conhecimentos sobre aquele assunto. É a ignorância da própria ignorância. Também pode ser chamada de "excesso de confiança".
A comunidade científica - e os médicos em particular - têm de travar uma árdua batalha para convencer a população - e os políticos destemperados - a saírem de suas redomas de ignorância. Santa e mortal ignorância.

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