Auge e queda dos gurus políticos. Todos encrencados
O telefone da polícia tocou em um pequeno povoado de Verona, na Itália. Um sujeito, com sotaque do leste europeu, balbuciava dizendo que havia sido roubado. Os "carabiniere", a polícia italiana, foi ao endereço indicado e encontraram um romeno. Um homem com cara de sono atendeu. Afirmou que havia se prostituindo, consumido drogas e o cliente não aceitou pagar o acordado, depois de dois dias de festa. O cliente que não pagou a conta era Luca Morisi, o guru de Matteo Salvini, o ex-poderoso chefão da extrema direita italiana. Morisi foi o inventor da máquina de captar votos através da internet com ataques violentos a tudo e a todos. Morisi está na cadeia. É a queda do mais importante guru europeu.
Steve Bannon, o guru que deu golpe na construção do muro.
O mais famoso guru da extrema direita nos Estados Unidos foi parar na cadeia. Deu um golpe de milhões de dólares na construção do muro que separa seu país do México. Depois de denunciado por fraudar contas do Facebook, Bannon havia se refugiado em Roma. A pretensão era construir uma faculdade da extrema direita internacional em um antigo mosteiro próximo ao Vaticano. Ninguém investiu na proposta. Bannon retornou aos EUA para, em seguida, ser levado para o lugar onde o sol nasce quadrado. Todas as ideias da campanha que levou Trump ao poder eram de sua lavra. Era o ocaso do mais famoso dos gurus.
Um guru na cadeia por desrespeitar normas epidemiológicas.
A vida de um caçador implacável sempre se transforma em caça fácil. É uma regra histórica universal. Personagens sem uma ideologia demarcada, mas com enorme faro para entender o momento político, conseguem encontrar um espaço para vender suas ideias extremistas. Foi assim com Dominic Cummings, o guru do Brexit e que levou o Partido Conservador da Grã Bretanha ao poder. Da mesma escola de Morisi e Bannon, Cummings teve o mesmo ocaso. Foi parar na cadeia por descumprir as normas sanitárias durante o auge da pandemia e de lá saiu para o ostracismo.
Olavo, o guru dos príncipes de Bolsonaro, que fugiu da polícia.
O mais vazio dos gurus. Um caso de cópia de Bannon e de Morisi. Olavo era apenas um perdido no mundo. Tinha faturado uns trocos lendo horóscopo e falando sobre um comunista insignificante chamado Gramsci. Viu que o mundo tinha virado do avesso e passou por uma transformação radical. Virou guru. Um sujeito sem ideia alguma. Mero copista. Grande admirador de tudo que há nos EUA, veio tratar de uma doença coronária, às expensas do sistema de saúde brasileiro. Furou fila e, possivelmente, teve despesas gigantes, fora do padrão SUS. Fugiu da polícia. Sua última análise dá por finalizada as eleições de 2022. De acordo com esse guru de meia pataca, não há como Bolsonaro vencer as eleições. É o fim de um ciclo de domínio da violência na internet?