Cenário econômico aponta para lenta recuperação da credibilidade governamental
Queda de investimentos impactou PIB em 2014
Como era previsto, os fatos econômicos de 2014 seguiram um roteiro parecido com o de 2013. Mas com alguns ingredientes que deixaram os tons de tinta mais carregados. Apertado por Carnaval, Copa do Mundo e uma das campanhas eleitorais mais polarizadas da história, o ano teve na cautela e na incerteza suas marcas registradas. Na prática, o que se verificou foi uma economia que avançou muito pouco: inflação e juros em alta, empresários e consumidores altamente desconfiados, com reflexos diretos em um consumo mais tímido, negócios menos vultuosos e muitos planos de investimento guardados na gaveta à espera de um futuro mais promissor.
O grande impacto no crescimento do PIB, em 2014, foi causado pela queda do investimento, que está relacionada com a queda da confiança, e que por sua vez está relacionada com uma economia que perde vigor à medida que o tempo passa. A confiança deprimida se reflete, do lado das famílias, em um ritmo de consumo menor. Do lado dos empresários, na retração dos investimentos.
A piora na confiança de empresários e consumidores decorre da persistente presença dos mesmos "vilões" dos últimos quatro anos: inflação alta, juros em alta, que encarecem o custo do dinheiro, desestimulam investimentos e desembocam em vendas que já não apresentam o mesmo fôlego de poucos anos atrás.
São questões que a nova equipe econômica promete apresentar medidas. E essa equipe tem a credibilidade dos empresários, tênue, mas todos estão aguardando por suas respostas. Há uma lenta recuperação da credibilidade governamental que estava totalmente perdida.
O comunismo do SUS
Os ideais comunistas que constituem o alicerce do SUS têm nome. Sérgio Arouca foi um dos principais teóricos e líderes do denominado "movimento sanitarista", que mudou o tratamento da saúde pública no Brasil. A consagração desse grupo de médicos,
a maioria pertencente aos quadros do extinto Partido Comunista Brasileiro, veio com a Constituição de 1988, quando a saúde se tornou um direito inalienável de todos os cidadãos como está escrito na Carta Magna: "A saúde é direito de todos e dever do Estado". Belas ideias que todos aprovam. Mas, os problemas corroem as boas ideias a cada dia se não forem cuidados com afinco e competência.
A base do pensamento do SUS é a prevenção, desde seu início, os esforços e despesas alocados nesse sistema monumental foi para extinguir dezenas de males que atacavam a população optando pela prevenção e colocando a rede hospitalar em segundo plano - tínhamos de construir postos de saúde. E construímos. O Brasil detém a primazia de postos de saúde em quantidade (não em qualidade). Não existia, e continua a ser pouco, dinheiro suficiente no Brasil para tocar duas políticas - a preventiva foi a eleita como prioritária e a curativa-hospitalar foi colocada em segundo plano (e na mesma posição permanece). Todavia, ocorreu uma falha na consecução do plano de tratar preferencialmente a saúde dos brasileiros através dos postos - descuidaram da administração. Como regra os postos de saúde são prédios bem construídos, com boas equipes de profissionais e bem aparelhados. Mas com precárias administrações e pior, na maioria dos municípios, com gerentes manipulados pelos vereadores. O resultado é claro: a população abarrota os hospitais.
Criaram uma aberração, existe população doente por município exclusivamente. Os doentes de pequenas e médias cidades não podem se deslocar para os maiores municípios que dispõem de hospitais mais eficientes. E não construíram hospitais nos pequenos e médios municípios. Os profissionais dos grandes municípios acusam: "é a desgraça da ambulanciaterapia", isto é, se alguém adoece em um pequeno município terá de ser deslocado para um maior pelas ambulâncias. Cria-se o impasse. Mas o verdadeiro impasse está na origem que permanece até os dias de hoje: postos de saúde ou hospitais? Enquanto isso, os postos e hospitais permanecem com péssimas administrações. Só há uma alternativa: construir, e manter em nível razoável, hospitais nos pequenos municípios e "rasgar" a camisa de força proveniente do comunismo do SUS. Sonhar com uma administração eficiente do SUS é tão utópico quanto foi a sua construção.
Que tal criar um aplicativo para avaliar os postos de saúde de Campo Grande?
A Agência de Aviação Civil criou um aplicativo para avaliarmos as condições dos voos e dos aeroportos brasileiros. Por enquanto, só vale para aeroportos de São Paulo e
do Rio de Janeiro. Podemos denunciar, através do aplicativo em tempo real, os atrasos das empresas de aviação, os serviços prestados e as condições dos aeroportos. Uma excelente e ousada iniciativa.
Nada é pior que as condições dos postos de saúde de Campo Grande. Que tal alguém criar um aplicativo para mostrarmos essa triste realidade que não muda ano após ano? Duvido que o prefeito e a dupla de vereadores que são os "proprietários" dos postos encarregados da nossa saúde não adotem medidas para resolver suas principais "moléstias".
Ir aos novos estádios brasileiros ficou mais parecido com ir ao cinema
A média de público do Campeonato Brasileiro aumentou de 2013 para 2014 e também aumentou durante a temporada de 2014. A média era de 14.951 torcedores, em 2013, e saltou para 16.537, em 2014. Há também uma média mais baixa antes da Copa e outra mais elevada depois. Tudo indica que os estádios novos tiveram um impacto na formação do novo público que vai aos jogos. Estamos diante de uma grande oportunidade. As famílias passaram a ir aos estádios, especialmente na maioria dos novos erigidos para a Copa. Isso, porque são confortáveis e seu entorno se tornou mais seguro. Ir a um desses estádios ficou mais parecido com ir ao cinema. Não era assim antes da Copa. Temos um imenso campo a ser desbravado quando se trata de colocar público nos estádios. Não há dúvida que é possível alcançar a mesma média da primeira divisão francesa ou italiana com poucas medidas para atrair o público. Mas como ficou difícil falar de futebol após a vergonha patrocinada por Felipão e seus cúmplices.