Cientistas por profissão, pseudocientistas por atração
Imaginamos que o cientista é uma pessoa racional que aplica os mesmos critérios de sua atividade profissional em todos os âmbitos de sua vida, inclusive quando vai comprar o pão. Todavia, há notáveis exemplos de cientistas que se tornaram pseudocientistas quando estudaram outras áreas que não fossem a que os tornaram famosos. Chamam de "enfermidade do Nobel" pois, entre eles, há muitos vencedores desse prêmio.
Newton, entre profecias e dragões.
No século XVII, a ciência ainda andava de fraldas. Não era incomum encontrar cientistas que acreditavam naquilo que hoje chamamos de pseudociência. Newton é o mais famoso dessa época. Era um estudioso do ocultismo. Acreditava na magia. Não à toa, John Maynard Keynes, o definiu como "o ultimo mago". Issac Newton ia bem além, dizia que Deus o escolhera para interpretar as profecias ocultas na Bíblia. Também patrocinava um trabalho de classificação dos dragões que imaginava viver nos Alpes.
Linus Pauling e a medicina ortomolecular.
O legado de Linus Pauling para a ciência é tão imponderável que custa destacar só um de seus estudos. Sua visão para conectar a física quântica com a química e esta com a biologia o fez merecer o Nobel de Química de 1.954. E não parava aí, em 1.962, ganhou o Nobel da Paz. Não há lista dos maiores cientistas da história que não leve seu nome. Mas ele também passou para a história como um dos mais célebres membros da comunidade dos pseudocientistas. Nos anos 40, começou a fazer experiências com suplementos de vitamina. Em 1.968, surpreendeu publicando na revista Science, um artigo que garantia que as enfermidades mentais ocorriam devido à falta de vitaminas. A moda da ingestão de comprimidos de vitamina - vigente até hoje - surgiu, em parte, devido a suas ideias. Dentre outras besteiras, garantia que a vitamina C curava câncer. Também propugnava a medicina ortomolecular, amplamente desacreditada pela ciência, mas que também encontra guarida em uma diminuta elite econômica.
Francis Crick e as sementes alienígenas.
A herança genética deixou de ser um mistério em 1.953 graças aos achado da estrutura do DNA, trabalho de James Watson e Francis Crick. Por desgraça, nenhum dos dois escapou de ideias pseudocientíficas. Watson se distinguiu promessas ideias racistas. Crick era defensor da "panspermia dirigida", a teoria de que a vida na Terra foi plantado deliberadamente por uma civilização alienígena. Mas, décadas depois dessa besteira, moderou seu discurso com o descobrimento do RNA, que atuaria como uma enzima, facilitando o aparecimento de vida no planeta.