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Em Pauta

Como fraudar urnas de pano. A criação da urna eletrônica

Mário Sérgio Lorenzetto | 12/09/2022 06:20
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Eram sete horas da manhã do dia 3 de outubro de 1.994. Era o dia do início do caos nas eleições do Rio de Janeiro. Nos dias que se seguiram o cenário era de bagunça generalizada. O responsável pelo caos que eliminaria as urnas de pano das eleições, era um homem que nem queria estar perto da apuração dos votos. Ele ganhara o poder de fiscalizar as eleições do Rio de Janeiro como um prêmio de consolação. Todos seus companheiros tinham sido promovidos, menos ele. Ele lutaria, sozinho, contra a poderosíssima máfia do jogo do bicho, que determinava os resultados eleitorais. Seu nome é Acir Molina.


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Milhares de votos no meio das ruas.

No fim daquele dia, milhares de cédulas eleitorais foram encontradas nas ruas do Rio de Janeiro. Foi o primeiro escândalo. A contagem dos votos levavam de três a sete dias. Eram apenas três pessoas para fiscalizar as eleições do Estado inteiro. Isto é, na prática, não havia fiscalização. Apenas cabos eleitorais contratados pelos partidos se engalfinhavam na luta pela vã tentativa de fiscalizar votos.


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Jornal do Brasil começa a denunciar.

Passados alguns dias da contagem dos votos, o extinto Jornal do Brasil publicou uma pequena nota denunciando a roubalheira em uma secção eleitoral. Uma mulher dizia que teve de lutar com o mesário para conseguir uma cédula limpa, sem estar marcada com os candidatos escolhidos pelo jogo do bicho. No dia seguinte, esse jornal publicou outra nota com teor semelhante. Até que a notícia das fraudes saltaram para a capa do jornal. O escândalo, comum em todas os Estados brasileiros, não podia continuar sendo empurrado para baixo do tapete.


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Os métodos para fraudar as eleições com urna de pano.

A maior vitória de um fraudador era trocar uma urna de pano inteira por outra, que continha votos no candidato que desejava eleger. As urnas eram trocadas no caminho, entre a seção eleitoral e o local de apuração. Mas haviam muitos outros esquemas. Compravam mesários que trocariam os votos. Também faziam acertos com os "cantadores" de votos, mesários que liam cada cédula e "cantavam" para outro mesário assinalar o voto em uma papeleta. Outro esquema era subornar os encarregados de somar os votos. A criatividade do brasileiro não tem limites....


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Menos de dois anos para mudar tudo.

Após a prisão do bicheiro Castor de Andrade, e outros 12 colegas do jogo ilícito, tudo mudaria. Não se ganhava eleição no voto. A vitória vinha na apuração. Apreenderam disquetes e livros de propina que eles pagavam. A lista de corrompidos era enorme, até o chefe da polícia federal estava no complô. A barreira de proteção dos mafiosos estava quebrada. O voto em papel estava sepultado. O ministro Carlos Veloso, presidente do TSE, determinou que as urnas fossem totalmente eletrônicas nas eleições seguintes. Paulo Camarão, presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro - foi o encarregado do "milagre". Deveria colocar urnas eletrônicas prontas para colher votos em meros 15 meses. Paulo Camarão é tido como o pai da urna eletrônica.

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