Da picanha do Lula aos banquetes. Comer para dominar
Da picanha do Lula, aos banquetes oferecidos por políticos, a arte de comer para dominar é um ensinamento romano. Vem sendo praticado há mais de dois mil anos. Quando Roma se torna potência o sacrifício de um animal oferecido aos deuses é a estrutura da vida em sociedade e a pedra angular da religião de Estado. Em todo e qualquer evento social, especialmente no recenseamento, sacrificam vacas ou ovelhas. Uma procissão precede o sacrifício, representando uma ordem social repleta de paz. Em seguida, há um banquete, que reúne todos. Comida vira política popular, deixa de ser apanágio de deuses.
Poder pela comida.
Em seguida, os banquetes tornam-se privados, especialmente no período republicano. Há necessidade de conversar enquanto comem e bebem para chegar ao poder, e nele se manter. A conversa, mais que os alimentos e bebidas, é a razão de ser dos banquetes. Só ricos fazem banquetes. Pobres foram eliminados das comilanças. Os ricos são servidos no "triclinium", uma sala de refeição composta de três leitos para a família e os convidados, e uma bancada para as refeições e bebidas, tal qual os atuais restaurantes "self-service". As mulheres sentam-se aos pés dos homens e só se deitarão nos leitos muito tempo depois. A ideia foi colocada em prática para evitar as amargas discussões entre os homens.
Pobre ganha carne de porco e pão.
Todos conhecem a frase "pão e circo" para explicar o domínio dos poderosos sobre a massa popular romana. Havia um terceiro elemento que poucos conhecem: o porco. Os poderosos romanos distribuem não só o pão, mas também a carne de porco. Pela primeira vez na história, o povo passava a ter proteína em suas refeições. A ordem social estava preservada.
Os romanos não cozinhavam.
Os restaurantes populares não vieram para ficar no Brasil. Seus políticos são ignorantes, não conhecem a história de sucesso romana. Os romanos simplesmente não cozinhavam. Se eram ricos, tinham escravos para preparar as refeições. Se não eram, moravam, em geral, alojados em imóveis de vários andares. Quase todos os apartamentos não tinham cozinha. Para comer, recorriam aos mercadores que cozinhavam nas ruas. Comiam peixe frito, espetos de carne e aves assadas. Os vendedores de vinho e as tabernas proliferavam em grande quantidade. Esse sistema de comer na rua era incentivado pelo governo. O povo não podia passar fome para não rebelar.