Dinossauros: curto tempo de domínio
Vem aí um novo "Jurasic Park". Ao que consta, essa será uma versão mais sombria. Também será um pastiche do antigo King Kong. Tal como o macacão famoso, os dinossauros visitarão - e esculhambarão - a cidade. A criançada - e muitos adultos - adoram os dinos. Essa magia não é nova. Antigamente, adorávamos os Brachiosaurus, os colossos herbívoros, mais pesados que 10 elefantes, com seus longos pescoço arqueando-se graciosamente que emanam bondade.
O mundo mudou, a violência tornou-se lei e passamos a idolatrar os Tyrannosaurus rex. Entrou na moda o maior e mais terrível predador de todos os tempos. Um bruto selvagem do tamanho de um ônibus, com dentes pontiagudos que esmagavam ossos de suas presas, o monstro quase perfeito. O novo século pede monstros.
Os dinossauros são hipnóticos com seu tamanho, sua força, seus corpos tão estranhos comparados com os de quaisquer animais vivos hoje. Não admira que dominassem a Terra por mais de 150 milhões de anos. Eles eram magníficos.
Mas como os dinos ficaram assim? Nos últimos anos novas descobertas de fósseis de todas as partes do globo, novas abordagens para construir árvores genealógicas e analisar tendências evolutivas desafiaram as antigas noções de que eles superaram seu rivais rápida e facilmente por serem velozes, ágeis e terem um metabolismo superior. Bastaria esse conjunto de condições corporais para que os dinos dominassem o mundo. Já não é assim que pensam os cientistas.
A ascensão dos dinos foi gradual e lenta. Nos primeiro 30 milhões de anos de sua história, eles ficaram restritos a alguns cantos do mundo, suplantados por outras espécies. Só depois de aproveitarem algumas oportunidades fortuitas, ascenderam para dominar o planeta.
A origem humilde dos dinos.
Como muitos organismos bem-sucedidos, os dinos nasceram de uma catástrofe. Por volta de 250 milhões de anos atrás, no final do Período Permiano, uma formação de magma começou a borbulhar onde hoje disputam a Copa do Mundo de Futebol: na Sibéria. Os animais que viviam na superfície terrestre - uma exótica coleção de grandes anfíbios, répteis de pele nodosa e precursores carnívoros de mamíferos - não tinham a menor noção da carnificina que viria.
Rios de lava serpentearam através da Terra. Por centena de milhares de anos as erupções continuaram. Expeliam calor, poeira, gases tóxicos e lava suficiente para submergir vários milhões de quilômetros quadrados do que hoje é a Ásia. Temperaturas subiram vertiginosamente, oceanos acidificaram, ecossistemas entraram em colapso. Nada menos de 95% das espécies terrestres foram extintas. Foi a pior extinção em massa na história do nosso planeta. Mas alguns poucos sobreviventes cambalearam para novos tempos. Entraram no período que resolvemos denominar de Triássico. Foi a época que os vulcões se aquietaram.
Os ecossistemas se estabilizaram. Pouquíssimas criaturas valentes se viram em um mundo em grande parte vazio. Entre elas estavam vários pequenos anfíbios e répteis. Diversificaram à medida que a Terra se recuperava e que mais tarde se tornaram nos sapos, rãs, salamandras, tartarugas, lagartos e mamíferos atuais.
Cientistas conhecem esses animais a partir das impressões de mãos e pés que eles deixaram em camadas de sedimentos fluviais e lacustres na Polônia. Há poucos anos, descobriram um tipo incomum de pegadas. As estranhas impressões das mãos de cinco dedos à frente das pegadas traseiras ligeiramente maiores, dotadas de três dedos longos centrais ladeados por uma pequena protuberância, um dedo atrofiado de cada lado, quase do tamanho da pata de um gato criou um novo gênero de dinos: o Prorotodactylus. Tudo que se conhece desses primeiros dinos são suas pegadas.
Ainda não descobriram seus fósseis. São eles que dominam a cena das pesquisas recentes dos dinos. Eram pouco maiores que um gato com pernas longas e fininhas. Muito rápidos. Dificilmente seriam temíveis. E não haviam muitos deles na face da Terra. Durante grande parte do período Triássico, os dinos foram um grupo marginal, ofuscados por tipos de parentes de crocodilos.
Como os dinos tomaram a coroa dos crocodilianos?
O maior fator parece ter sido outro golpe de sorte. No fim do Triássico, grandes forças geológicas exerceram uma força de tração em Pangeia, fraturando o supercontinente. Hoje, o Oceano Atlântico preenche o vão criado por essa força geológica. Naquela época, esse vão foi um canal de lava.
Por mais de meio milhão de anos, tsunamis de lava jorraram através de grande parte da Pangeia. Outra extinção em massa de animais. A maioria dos crocodilianos sucumbiram, restando apenas os ancestrais dos crocodilos e jacarés atuais.
Poucas espécies resistiram, entre eles, os dinos. Tudo indica que os dinos pouco perceberam esse cataclisma. Entraram tranquilamente no Jurássico. Enquanto o mundo ia para o inferno, os dinos prosperavam, aproveitando o caos ao seu redor. Porquê sobreviveram e prosperaram? Não há resposta ainda.