Economia em sobressaltos. Os olhos estarão voltados para indicadores de quedas
As atenções continuam centradas na China. Não é um problema novo, mas os mercados aproveitaram o início do ano para demonstrar os enormes receios em relação àquela que promete ser a maior economia mundial. As bolsas chinesas estão caindo assustadoramente. E se não bastassem as quedas, nesta semana serão divulgados dados do comércio externo chinês. As expectavas dos analistas apontam para uma queda das exportações chinesas de 8% em dezembro, após uma descida de quase 7% em novembro. Parece que não interessam tais informações ao Mato Grosso do Sul. Mas essa é, talvez, a notícia que mais expõe parte substancial de nossa economia. A nossa dependência da China cresce ano após ano. Os chineses são os maiores compradores de tudo do Mato Grosso do Sul: soja, milho, carne bovina, frangos, celulose....a lista é interminável. A equação é de fácil entendimento: se a economia chinesa apresenta dificuldades para exportar, também cria problemas para importar. As previsões dos analistas para as compras chinesas em 2016 apontam para uma queda substancial de 11,5% em comparação com 2015. Este encolher da economia chinesa é mais importante para nosso estado que qualquer decisão emanada de Brasília. Esperemos que todos os analistas errem, mas há algo que não resta dúvida: a instabilidade e o nervosismo marcarão os mercados de que dependemos em 2016. Investidores e analistas tentarão medir, a toda hora, a real desaceleração econômica na China. Qualquer indicador os levará à catarse. A dimensão de nossas perdas, que desde há décadas não tinham um arranque de ano tão negativo, é, aliás, o reflexo da elevada exposição de nossa economia à China.
As primeiras notícias arrefecem os ânimos de investidores.
China, Rússia, guerras no Oriente Médio, a crise dos refugiados na Europa, os mínimos do petróleo, entre outros riscos já detectados pelos analistas, arrefecem os ânimos dos que, há uns meses, pensavam em retirar seu dinheiro dos bancos e investir em algo produtivo. Será melhor pensar duas vezes. Essa opção está escrita nos valores negativos das bolsas de valores mundiais. O receio de que este será mais um ano a marcar passo para a economia brasileira ganhou espaço na sequência dos primeiros dias de 2016. Mais um momento para tentar medir a saúde da economia. Assim promete ser 2016, com sobressaltos, de indicador a indicador, até o fim. Não acreditem na lenga lenga partidária, dos governantes e dos oposicionistas; vivemos em um mundo globalizado e nos tornamos dependentes principalmente dos soluços e sorrisos chineses.
A tolerância do brasileiro com o fracasso.
A maioria dos brasileiros não é de fracassados. Lutam para melhorar suas vidas. O país não é um fracasso. Mas o sistema político é um enorme fracasso. Há falta de representação. A quase totalidade dos vereadores nada faz. Os deputados e senadores vão a Brasília, passam muitos anos por lá, perdem contato com a população e não dão satisfação a ninguém. Só prestam contas para quem financia suas campanhas...uma conta salgada para os cofres públicos. As campanhas são incrivelmente caras.
Os recentes escândalos dão ao Brasil, Estados e municípios, uma oportunidade histórica para a renovação de seus líderes. Mas eles precisam surgir fora do meio dos políticos. Devem vir das novas categorias emergentes como os policiais federais, promotores, professores, industriais, agricultores e comerciantes. O problema é que ninguém quer arriscar, se envolver com os problemas. Em outros países, as crises provocaram a criação de novos partidos e lideranças. No Brasil não falta gente talentosa e imaginativa para fazer o mesmo. É possível que falte um pouco de fibra. Qual o grau de degradação do meio político que teremos de atingir para que surjam novos líderes? Na verdade, o problema do Brasil é a tolerância com o fracasso.
A pesquisa apresentada pelo Bernal é um livreto de piadas.
Não foi identificado quem contratou o instituto de pesquisa do Paraná para desenvolver um estudo das condições eleitorais de Campo Grande. Mas é possível especular, com elevado grau de acerto, os caminhos percorridos por essa pesquisa. Esse instituto de parcas referências chegou ao Mato Grosso do Sul trazido pelo Deputado Federal Geraldo Rezende, que reside em Dourados e pleiteia a indicação como candidato à prefeitura do segundo maior município do Estado. O assessor desse deputado é Flávio Britto, marido da vereadora Luiza Ribeiro, uma das únicas a apoiar o prefeito Bernal. Não é difícil imaginar de onde saiu a pesquisa que levou o ex-vereador Pedra às lágrimas de emoção e satisfação.
Por outro lado, a pesquisa realizada pelo instituto paranaense para medir os trabalhos desenvolvidos pelo governo do Estado, realizada no final do ano passado, traz algumas "pérolas". A principal é garantir que a pior Secretaria do Governo Azambuja é a de Saúde. Se não bastasse, também afirma que a melhor, frente aos entrevistados, é a de Segurança Pública. Se o relatório dessa pesquisa fosse vendido nas bancas de jornais, concorreria com os melhores livretos de piadas.
Muito direito é sinal de que algo está torto.
O jornalista português João Almeida Moreira dá o tom: "quando um país necessita de muito direito é sinal de que algo nele está torto". É verdade que sem advogados e juízes não há leis. E sem leis não há Estado de Direito. Mas no Brasil há um primado do direito sobre todo o resto. O país passou a viver ao ritmo dele. O Brasil, um país com quase um milhão de advogados, um recorde mundial em números relativos segundo a revista especializada Análise Editorial, arrisca-se a passar 2016 fechado em gabinetes, interpretando leis, seus incisos, suas alíneas. E mais: quem sobrará, quem mudará para Curitiba quando Cunha, o enrolador mor do reino, decidir algo....o mundo dos advogados. Sim, tudo isso é próprio de um Estado de Direito. Mas o excesso de direito não está entortando o país? Não existem empresários neste país? Não existem trabalhadores organizados?