Existe um gene homossexual? O paradoxo da genética gay
Há novidades sobre a genética gay. Em plena pandemia, duas pesquisas foram apresentadas nas revistas Sciense e na Nature Human Behaviour. Comecemos esclarecendo que não existe um gene gay, mas sim muitos genes que podem influenciara na orientação sexual, cada um deles, com um pequeno efeito. Os geneticistas chamam isto de "caráter poligênico", e é muito comum em qualquer característica herdável.
Marcam tendências e não destinos inexoráveis.
A homossexualidade "corre em família", por mais difícil que venha a ser aceita. Mas ela não é uma determinação. As variações genéticas marcam apenas tendências - mais ou menos fortes. Não determinam um destino inexorável.
Muitos não aceitam a genética gay.
Essa é uma pauta antiga: muitos homossexuais não aceitam a existência de uma genética gay. O que pensam sobre orientação sexual carece de importância. A única guia confiável é a ciência. Quase todos, gay ou heterossexual, imaginam que vê o mundo graças a uma espécie de televisão instalada no cérebro, mas essa é uma ideia errônea. A questão correta é quem está vendo a televisão. E isso nada tem a ver com o que possam acreditar. Um século de neurologia pôs essa ideia abaixo.
836 mil pessoas pesquisadas.
Baseados nos genomas do Biobank britânico, do Estudo Longitudinal Nacional dos EUA e da empresa californiana 23andMe, que em conjunto agrupam dados de 836 mil pessoas, compararam os genomas de centenas de milhares de pessoas que tinham tido pelo menos uma vez relação homossexual com outras tantas que tiveram exclusivamente relações heterossexuais. Identificaram que há pequenas variações em muitos genes, que, uma vez combinados, estão relacionados com a orientação sexual. Afirmam que assim, conseguem explicar até 25% da hereditariedade da orientação homossexual. E, é obvio, de parte da orientação heterossexual.
O paradoxo da genética gay.
Apresentaram um dado que afirmam ser chave. Muitas das variantes associadas à homossexualidade são as mesmas que aparecem nos heterossexuais mais promíscuos. Ao mesmo tempo que o grande conquistador entra em estresse, isso explica como os genes gay perdurem, pois ajudam também a dispersar os genes dos héteros mais promíscuos. Essa ideia de que o grande conquistador pode ser, em verdade, um gay enrustido, já vinha sendo defendida, há muito, por parte da psicologia.