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Em Pauta

Exóticas tradições de fim de ano

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/12/2017 10:50
Exóticas tradições de fim de ano

Muitos dos símbolos e costumes de Natal foram alegremente canibalizados e tradições mais antigas. Foi intencional: a data escolhida no século III e oficializada em 336 d.C. para coincidir com o festival de Solis Invictus e do deus Mitra, populares em Roma, logo após as celebrações da Saturnália, um verdadeiro carnaval entre 17 e 23 de dezembro. Era uma decisão consciente de sobrescrevê-los e suprimi-los. Antes, o Natal fora celebrado em muitas datas, conforme a decisão do bispo local. Ou dia nenhum, pois era da opinião de muitos que essa celebração era um costume pagão.
No fim das contas, uma coisa é destruir o deus do outro, convencer o povo que o deus antigo é um demônio. Outra bem mais difícil é fazer o povo parar de fazer festa. E fez-se o dia 25 de dezembro, dia de Natal.

Exóticas tradições de fim de ano

O velho Odin, natal dos povos germânicos.

No mais frio e escuro inverno, as pessoas se juntam no espírito do feriado religioso. As casas são decoradas com frutos vermelhos e ramos de pinheiro. A aldeia mata os maiores bichos. Todos bebem alegremente e lembram a passagem do velho barbudo pelos céus.
Quem pensou que é o Natal, errou. Esse era o Yule. A festa de fim de ano dos povos germânicos. Na Idade Média existiu uma muralha que separava povos. Semelhante à Muralha da China ou a que o Trump sonha construir. Era chamada Danevirk, separava dinamarqueses dos francos. Também separava germânicos pagãos de germânicos cristãos. Ao norte dessa muralha, o velho barbudo se chamava Odin. Ao sul da muralha, um velho gêmeo do primeiro, se chamava... acertou quem respondeu São Nicolau, o Papai Noel.

Exóticas tradições de fim de ano

A bruxa Befana, natal dos italianos.

Na Itália antiga quem comandava a festa era uma mulher. Befana era a bruxa boazinha, "ma non troppo" (mas nem muito). Befana deixa doces em meias para as crianças bem comportadas ou um pedaço de carvão para as malcomportadas. "Babbo Natale" (Papai Noel) não têm trabalho algum.
Uma das muitas lendas que explicam a Befana é que, após perder seu filho, Befana visitou Jesus Cristo e foi abençoada como a mãe de todos os italianos. Befana recebe uma taça de vinho das famílias italianas como prêmio para seu trabalho incansável. Se ela gostar, pode varrer a casa antes de sair. Os historiadores italianos acreditam que Befana é uma derivação de "Estrênia", a deusa dos romanos na época em que trocavam presentes no fim de ano.

Exóticas tradições de fim de ano

Os cagões da Catalunha, o mais bizarro Natal.

Os catalões acabam de sofrer uma fragorosa derrota na Espanha em sua luta pelo separatismo. Consideram-se um povo diferente de todos. Há um certo ar de superioridade em sua alma. Mas o Natal dos catalões é algo de extrema bizarrice. Em todas as lojas da Catalunha vocês encontrarão bonecos defecando presentes. São os cagões de Natal.
"Tio de Nadal" (tronco de Natal) é um tronco oco, que, a partir do dia de São Nicolau, 6 de dezembro, é "alimentado" pelas crianças com doces. No Natal, ele leva pauladas para defecar ("cagar", em catalão) presentes, enquanto se canta "Caga Tio", a canção que está nas rádios e TV nesta época. Já o "caganer" é uma figura que se encontra em presépios - um homem defecando. É colocado longe de Cristo. A teoria é que o caganer estaria fertilizando os campos para o seguinte Natal.
Em 1980, um bispo resolveu proibir os caganers. Em resposta, uma fábrica lançou uma linha de caganers na forma de padres, freiras e... claro, bispos. Assim nasceram os caganers de todos os tipos. Alguns têm a cara de presidentes, de super-heróis, de artistas.

Exóticas tradições de fim de ano

Ikigay, o segredo dos japoneses para viver mais e melhor.

Para nos sentirmos mais felizes não basta ser equilibrados e desfrutar das pequenas coisas, também temos de nos sentir mais realizados. Essa é a ideia central do Ikigay dos japoneses que pode ser descrita como a sensação de saber qual o sentido da própria vida e, consequentemente, a segurança de que a existência vale a pena.
Dessa forma, não se trata só de desenvolvimento pessoal e profissional, sim de sentir que temos claro o sentido de nossas vidas e estruturá-la em torno dessa ideia. A definição que os japoneses dão ao Ikigay é "a intersecção entre as coisas que gostamos de fazer, nossos talentos, aquilo que aportamos para o mundo e o que o mundo necessita. Das atividades mais insignificantes aos grandes projetos, as possibilidades do Ikigay nesta vida são infinitos".
Em realidade, o Japão não e considerado o país onde a população seja a mais feliz do mundo, mas sim a mais longeva. Concretamente, uma das populações mais longevas está em Okinawa, uma ilha ao sul do Japão, onde o número de centenários por cada 100 mil habitantes alcança incríveis 24 pessoas, muito superior à média mundial. Foi nessa ilha que realizaram milhares de pesquisas para melhor entender o Ikigay. Em média, os entrevistados anciões disseram que antes, a razão de viver estava colocada no trabalho, agora, são ações como reuniões com vizinhos para tomar chá e conversar, jogar com os netos quando visitam e o trabalho como voluntário em muitas atividades. Talvez essa seja a lição, que não se trata de uma razão única de viver para sempre, e sim de buscar razões que nos façam levantar da cama segundo cada momento e circunstância de nossas vidas.

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