Filhos e netos do Bolsa Família precisam ir além da papinha cor-de-rosa
Bolsa Família é bom e precisa incluir mais famílias
Ainda que exista uma pequena resistência ao Bolsa Família, o país assimilou o programa e reconhece seus méritos. Mas, não basta manter o programa. Muito além dos pais que saíram da miséria, estão os filhos do Bolsa Família e uma novidade: os netos. Há um longo caminho a trilhar para garantir e ampliar a inclusão social.
O Bolsa Família é um programa muito bem estruturado. São 200 mil profissionais dos governos federal, estaduais e municipais trabalhando e cuidando de suas melhorias. Estão aptos a se tornar participantes do programa quem tem renda de até R$ 154 mensais por integrante de famílias com filhos, e de R$ 77, no caso de casais sem filhos. Seu recebimento está condicionado à presença na escola (85% das aulas) para crianças de 6 a 15 anos, e de 75%, para quem tem entre 16 e 17 anos - e ao acompanhamento no sistema de saúde. Estima-se que ainda existam 300 mil famílias que atendam aos critérios, mas não recebem o benefício.
Programa custa menos que rombo da Previdência
Há uma verdade incontestável que ninguém fala: o Bolsa Família é um programa barato. Ele custa por volta de 0,5% do PIB. Apenas para comparação, a Previdência com suas imensas mazelas, custa mais de 6% do PIB.
Sim. A vida está melhor. Os dentes das crianças estão todos na boca e são brilhantes, ao contrário de seus pais. A cada ano, diminui a diferença na aprendizagem (de um ensino nacional de péssima qualidade) entre as crianças que são filhos do Bolsa Família e daqueles que não têm os pais no benefício. As crianças ganharam até em altura: tanto meninos como meninas estão muito próximos da altura ideal preconizada pela ONU. O presente melhorou notavelmente, mas o futuro melhor ainda não é uma garantia. Existe insatisfação e, até mesmo, certa desesperança no ar, sobretudo com os mais velhos, que estão para concluir o ensino médio.
Problemas para sair do Bolsa Família
As iniciativas de saída do Bolsa Família para os jovens não estão consolidadas. Um dos mais sérios problemas está no Pronatec. A busca pelos cursos do Pronatec é dez vezes maior do que a oferta. Mas não se pode esquecer que determinados lobbies impediam a existência de cursos profissionalizantes até há poucos anos. O Pronatec oferece 1,4 milhão de vagas atualmente, mas no Bolsa Família são 25 milhões de jovens até 18 anos, dos quais 17,5 milhões estão na escola sem curso profissionalizante. E também tem pouca importância cursos oferecidos de cabeleireira ou assistente administrativo. Necessitam de cursos de tratorista e auxiliares de mecânica, encanadores e pintores. Atividades do século XXI como programadores e designers? Nem sonham, esbarra-se na qualidade da educação.
Hoje, 30% da merenda do Bolsa Família têm de ser comprada na comunidade. Comprar comida local é tudo de bom: saudável, fresca e estimula a economia. Mas ainda tem Prefeitura que compra aquele pó rosa e dá uma papa para as crianças, em vez de arroz, feijão, fruta e suco.
A rodoviária ainda é a única porta de saída em cidades dominadas pela pecuária extensiva, só há pouquíssimos empregos na prefeitura e no pequeno comércio local. Adolescentes também começam a reproduzir o ciclo das mães, engravidando cedo: saem do programa como filhas e voltam, na mesma hora, como as mães dos netos do Bolsa Família.
Os rapazes dessas pequenas cidades não escondem o medo da cidade grande e de sua violência, de não conseguir pagar o aluguel e de ficar longe dos seus familiares e amigos. O programa permanecerá por muitos anos e deverá ser ampliado para que se torne efetiva a inclusão social desejável.
Tênis da moda tem dupla nacionalidade
O nome dele na França é Veja, aqui é Vert. O design é francês, mas a produção é brasileira. A dupla nacionalidade deixou essa marca de tênis sustentáveis com jeitão estrangeiro. Ela chegou ao Brasil há um ano, mas já usava algodão orgânico nordestino, borracha nativa do Acre e couro com curtimento ecológico. E tem mais: a fábrica paga um valor acima do mercado às comunidades brasileiras produtoras da matéria-prima.
Um caipira de luxo
A cultura caipira, que sempre foi predominante no Mato Grosso do Sul, foi contemplada com um restaurante de luxo em São Paulo. Trata-se do 4SÍ Brasserie, que pertence à chef Manu Buffara. Aproveitando a onda de fama do seu restaurante Manu, ela pensou em um restaurante mais abrangente e acolhedor. E a cozinha não é o único foco: a carta tem vinhos premiados e, seguindo a moda dos Estados Unidos, uma cerveja exclusiva (Eat Me).
Agricultura é refém da indústria química
Há quase 100 anos, foi celebrada a paz entre os guerreiros da Primeira Guerra Mundial. A indústria que dela se beneficiou ainda tinha muita munição para queimar. Ao invés das armas para os homens, a indústria deslocou seu apetite para o campo. Com base nas descobertas dos químicos Justus von Liebig, que descobriu que plantas necessitam de nitrogênio e fósforo para crescer, e Sir John Lawes, que descobriu o superfosfato, criou os fertilizantes químicos.
Os fertilizantes são apenas tipos de sal diferentes. A planta só tem uma saída quando recebe uma quantidade maior de sal - procurar água que dificilmente é encontrada. Então, o fertilizante queima a superfície da terra e mata milhares de componentes naturais, que são vitais para o equilíbrio da vida.
Parece incrível, mas um hectare de terra virgem tem cerca de 10 milhões de vidas. São bactérias, fungos, cogumelos, insetos e ratos. Eles vivem em perfeito equilíbrio. Nenhum deles está ali ao acaso, todos têm alguma função. Com a aplicação dos sais fertilizantes, uma grande parte desses seres morre e esse equilíbrio se desmonta. Parece conversa dos denominados "ecoterroristas", mas não é.
O problema surge quando, em decorrência da morte dos seres vivos no hectare, há o desequilíbrio e o espaço para surgir as "anomalias" - outros seres vivos que não existiam naquele hectare tais como larvas e fungos (que os agricultores denominam de pragas). A indústria química responde às anomalias, criadas por ela mesma com mais produtos: os famosos "cidas" - herbicidas, fungicidas, pesticidas, bactericidas, acaricidas, nematicidas e rodenticidas.
Hoje a agricultura é refém da indústria química, que produz mais de 30 mil produtos para ela.
Ressaca não, a onda agora é detox
Se você exagerou na dose de qualquer bebida alcoólica, a palavra de ordem não é mais ressaca, mas detox. A moda é se alimentar, por um dia, com sucos que ajudam a desinchar o rosto e reabilitar o corpo. No Brasil, quatro marcas surgiram nos últimos tempos trabalhando com o delivery desses sucos orgânicos e prensados a frio: Uuulalá, Bisou, Dovivo e Urban Remedy. Nos Estados Unidos, onde a tendência é forte, a referência são duas casas de sucos: a Pressed Juicery e a Juice Press.
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