La Place de Bordeaux, a Wall Street do vinho de luxo
Durante centenas de anos, os grandes vinhos eram italianos. Até que os Estados Unidos elegeram John Fitzgerald Kennedy. Foi ele quem colocou na moda os vinhos de uma região da França denominado Bourdeaux. Corria os anos sessenta, Kennedy tinha o vinho Petrus como seu favorito. Foi então que apareceram os aristocratas em Bourdeaux. Depois, os negociantes, que tinham muito dinheiro. As marcas começaram a ser cobiçadas e caras.
Ascensão com os grupos de luxo.
À partir dos anos oitenta, entraram os grupos de luxo. E fizeram grandes investimentos, sem pressa. Bourdeaux foi tomada pela Chanel, Gucci e outras marcas de luxo. Mas não são apenas os vinhos produzidos, essa região tornou-se o centro financeiro e comercial dos grandes vinhos . É a Wall Street dos vinhos de luxo. O vinho vendido nesse lugar ganha notoriedade, reputação, reconhecimento e a oportunidade de alcançar restaurantes com estrelas. Talvez chegar aos leilões na Christie's ou em Sotheby's, onde vendem uma garrafa por mais de cem mil euros.
Vinhos que fazem sonhar.
O critério para entrar nesse ambiente ultra fechado é ambíguo. Nele, só entram "vinhos que fazem sonhar". Além dos franceses, só há 30 italianos (uma garrafa de Masseto custa mil euros), um espanhol, um chileno, dois norte-americanos e um argentino. É óbvio que não há brasileiros, ainda engatinhamos na sofisticação do planeta luxo.
Como funciona La Place de Bourdeaux.
La Place não é um lugar, é um sistema. Está composta por três atores: os "chateaux", que são as fábricas de vinho, produzem os "Premier Cru", os mais caros (Latour, Latife, Margaux, Mouton Rothschild e Haut-Brion). Esses produtores de vinho não tem um departamento comercial. O segundo ator são os "negociantes", são "marchantes" que compram, armazenam e movem através de sua rede de importadores e distribuidores por todo o mundo. O grande momento de negócios ocorre no mês de abril. E há os "courtiers", são os que dão fé às transações e testemunham um apertar de mãos entre os chateaux e os negociantes. Pode parecer incrível, mas não há burocracia nesse alto escalão, apenas um apertar de mãos encerra a negociação. São negócios gigantescos. Essa Wall Street fatura nada menos de 20% do mercado mundial de vinho.