Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida não escaparam da tesoura de Brasília
Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida estão com despesas inferiores às do ano passado.
Quando os médicos cubanos desembarcaram nos aeroportos do Brasil, em muitos, foram recebidos com vaias de seus colegas brasileiros que, a título de xingamento, comparavam sua aparência a de empregados domésticos. A maioria dos cubanos é constituída por negros e a quase totalidade dos brasileiros é de brancos. Racismo explícito.
Ao longo dos últimos anos, as resistências foram mitigadas. Dos 3.785 municípios atendidos pelo programa, 400 têm, pela primeira vez, uma equipe permanente de saúde. Nos demais municípios, muitos pacientes descobriram que médico toca em seus corpos se pretendem verdadeiramente tratá-los. A pesquisa sobre esse tema indicou satisfação de 95% dos usuários. A resistência também virou vapor entre os médicos brasileiros, que, nas etapas de recrutamento deste ano, preencheram a quase totalidade das vagas do Mais Médicos.
O grande problema desse programa é que nem ele escapou da tesoura de Brasília. O Conta Abertas mostra que esse programa gastou, no primeiro semestre, 26% a menos que no mesmo período do ano passado. É um corte semelhante àquele ao qual está submetido outra vitrine social do governo federal, destinado a resgatar o déficit habitacional, o Minha Casa Minha Vida. A despesa com esse programa, no primeiro semestre, foi de 28% a menos. As grandes vitrines estão quebradas por absoluta falta de dinheiro. E os nossos representantes em Brasília só discutem cargos e as eleições de 2016. Mas, não se preocupem, nas eleições estarão a postos prometendo a resolução de todos os problemas do planeta Terra.
As leituras obrigatórias da nova direita brasileira.
Os adeptos do pensamento à direita no Brasil estiveram encapsulados, escondidos nos últimos 30 anos. Finalmente, saíram do armário e estão vendendo seus livros em enorme quantidade. O mais vendido é "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", de autoria de um filósofo denominado Olavo de Carvalho (150 mil exemplares vendidos). Contem críticas mordazes ao PT, a seus seguidores e intelectuais mais famosos (a mais exacerbada é ao pedagogo Paulo Freire). Também "dinamita" as feministas e os "gayzistas" (todos os que lançam ideias para enganar gays trouxas).
O segundo lugar em vendagem é "Esquerda Caviar". Seu autor, Rodrigo Constantino, já vendeu mais de 50 mil exemplares. O livro é sobre a tradicional "esquerda festiva" que Constantino renomeou como "esquerda caviar". Uma constelação de esquerdistas - Chico Buarque, Fidel e Hugo Chaves - recebe as mais variadas críticas.
"Pare de acreditar no governo, porque os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado", de Bruno Garschasen, ocupa o terceiro posto na biblioteca da direita com 12 mil exemplares vendidos. Fez uma retrospectiva de D.João VI a Dilma Roussef dos motivos que levaram os brasileiros a acreditarem que cabe ao governo resolver todos ou a maioria dos problemas sociais.
Todos são estudiosos que estão surfando nas ondas do maremoto que se abateu sobre o pensamento de esquerda dominante no país. Especialmente nas universidades. No pós ditadura, até os feéricos direitistas do PFL (atual DEM) deixaram de assumir suas concepções de mundo. Funcionou como as ondas do mar. Na ditadura, o pensamento esquerdista era proibido e suas ondas ao chegarem às praias já não dispunham de energia para ser hegemônica nas areias do pensamento da população. O inverso se deu com os ideais direitistas, quando chegavam às livrarias não obtinham vendagem alguma. Um país de uma nota só, onde não existe o respeito às diferenças teóricas - por parte dos esquerdistas e direitistas de plantão. Ainda que a discordância seja enorme, vale a pena ler (e muitas vezes rir) as três "Bíblias da direita". Seus autores guardam uma grande diferença de muitos escritores de esquerda - não são presunçosos e nem chatos.
A milionária fábrica de artes de Rubens e Bruegel.
Uma viagem a Amberes (antiga Antuérpia, segunda maior cidade belga) dos séculos XVI e XVII nos curaria da visão equivocada do sofredor e solitário artista que estamos arrastando desde o século XIX. Nessa cidade entraríamos no estúdio de Rubens, uma fábrica na qual seus numerosos aprendizes e assistentes tornavam possível o milagre de pintar várias partes de até uma dezena de telas. Todas seriam vendidas para diferentes cabeças coroadas europeias. A palavra que vem à mente é "indústria".
Vários artistas trabalhavam em perfeita e sincronizada colaboração. Especialização e divisão do trabalho eram práticas usuais na produção das telas. Cada um aportava ao conjunto seu ponto forte. Alguns eram exímios pintores de plantas, outro de animais, de céus ou de naturezas-mortas.
Se começamos nossa viagem no estúdio de Rubens, temos de passar a outro ainda mais rico e importante - o de Bruegel. Jan Bruegel, graças a seus extraordinários dotes organizativos, foi o consumado mestre desse tipo de trabalho em colaboração com outros pintores. Para ele não havia distância. Uma tela podia viajar de um lado a outro para que cada pintor entrasse com sua colaboração. Mas a dupla mais eficiente, e milionária, foi a composta com Rubens. Jan Bruegel foi apelidado de "Jan do Paraíso" ou "Jan das Flores"; sua excelência era a de pintar esse temes com picardia e maestria. Rubens era especialista em pessoas. A dupla se fez milionária, um completando o outro, não apenas usando os pincéis na pintura. Jan Bruegel criava o título das obras e Rubens era o poliglota que correspondia com os magnatas da época em vários países. Uma das telas mais conhecidas e divertidas assinada por Jan é a que leva o título de "Cena portuária com Cristo predicando". Procurem o Cristo, ele não se faz presente. Assim como também uma carta em italiano assinada por Jan para o arcebispo de Milão Borromeo quebrou a cabeça dos estudiosos por dezenas de anos. Jan não escrevia em italiano. Quem escreveu essa e tantas outras foi Rubens, a quem Jan brincava chamando-o de "meu secretário Rubens". Esse era o estado de espírito dos dois famosos e milionários pintores.
A rainha das vanguardas. Peggy Guggenheim abandonou o destino de menina rica para se tornar a maior mecenas da arte abstrata.
Quem vai a N.York dificilmente deixa de visitar o espetacular Museu Guggenheim. Não é possível conhecer Bilbao sem passar em frente do Museu Guggenheim. Ou Berlim. Ou Veneza. E futuramente em Abu Dhabi. Não há dúvida que o sobrenome Guggenheim faz pensar em grandes colecionadores, museus esplendorosos e centenas de obras dos melhores artistas do século passado e do XXI.
Há cem anos, todavia, o sobrenome Guggenheim só era relacionado com o dinheiro. Com o dinheiro judeu, especificamente. E também com as grandes oportunidades que os EUA ofereciam para empresários. No início do século XX, os Guggenheim possuíam uma das maiores fortunas do mundo, conseguida em apenas 30 ano. De fato, quando Meyer Guggenheim chegou à América desde sua cidade natal na Suíça, não era mais que um dos muitos jovens europeus pobres que emigravam ao outro lado do oceano em busca de uma vida melhor. Minas de cobre, prata e ouro, fundições e refinarias tiraram-no da venda de produtos de limpeza para o mundo dos bilionários. Se não bastasse sua fortuna, casou com uma herdeira de uma fortuna do mesmo tamanho e o casal afortunado teve a filha Peggy.
Peggy teve uma vida de menina rica e largou-se na velha Europa em orgias, álcool e relações tempestuosas com o melhor da esfera intelectual e artística do século XX. Casou-se três vezes e teve um incontável número de relações extramatrimoniais. Estabeleceu relações duradouras com artistas e escritores de vanguarda como James Joyce, Ezra Pound, Isadora Duncan, André Gide Jean Cocteau, André Breton e, obviamente, com Ernest Hemingway, que descreveu o mundo caótico e cheio de genialidade em seu livro, de 1926, "Paris é uma festa". Peggy pagava jantares, viagens e muito champanhe a todos.
Aos quarenta anos começou a comprar obras de arte e montou uma galeria em Londres. Ela se sentia cada vez mais atraída pelo Surrealismo e levou à capital inglesa o trabalho dos grandes artistas dessa corrente artística estabelecidos em Paris. Foi ela quem divulgou Picasso, Kandinski, Cocteau, Max Ernst, Brancusi e Jean Arp na Inglaterra. Os melhores dos melhores. Perdeu muito dinheiro nesse intento, mas ganhou amigos e a estrela de rainha no meio artístico que a acompanharia até o fim da vida.
O horror nazista estava a ponto de colapsar o mundo. Peggy, uma judia corajosa, foi das últimas a sair da Paris ocupada. Ela dedicou seus últimos meses em Paris comprando arte a bom preço. O mercado dos vanguardistas estava falido. Assim continuará até a velhice, em Veneza, abrindo sua casa para novos artistas e comprando telas, milhares de telas que estão, atualmente, expostas nos museus que levam seu sobrenome: Guggenheim da arte de vanguarda.
Produtos de moda têm um ciclo de vida curto e as previsões embasadas em históricos nem sempre funcionam.
Como os profissionais de marketing podem prever se o público vai pagar para ver um novo filme ou escutar uma nova música? Essas previsões são notoriamente complicadas. Pesquisadores chamam os filmes e as músicas de "produtos de moda", porque suas vendas dependem de gostos voláteis do consumidor. Os produtos de moda geralmente têm um ciclo de vida curto e dependem de decisões de compra impulsivas. Além disso, a coleta de uma gama imensa de dados nem sempre ajuda.
Como as indústrias criativas são altamente dinâmicas, os dados históricos nem sempre são úteis por si só. Embora se possa presumir que um filme com um ator famoso será um sucesso, estudos acabam de descobrir que o poder de um astro não é, na verdade, um indicador significativo de receitas de bilheteria.
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