Merda, o tabu. Um país parado pelas fezes do presidente
"Obstrução intestinal". Esse elegante termo dominou as redes sociais e as conversas dos brasileiros nos últimos dias. Sem usar a palavra que todos entendem, falamos de merda à exaustão. O que aconteceu com o presidente foi que sua merda endureceu e impediu o fluxo normal de tudo que há em seu canal alimentar. Simples assim. Simples, mas perigoso, poderia tê-lo matado. Há um tabu, bem brasileiro para tratar de algo tão comezinho e desconhecido. Enfim, você sabe o que é merda?
Mais de 70 quilos de fezes por ano.
Um adulto comum produz cerca de 200 gramas de merda por dia - ou um pouco mais de 70 quilos por ano. Isso representa mais de 6 toneladas em uma vida. Uma montanha de merda. Nossas evacuações consistem em grande parte em bactérias mortas, fibras não digeridas, células intestinais descartadas e resíduos de glóbulos vermelhos. Cada grama de fezes contém 40 bilhões de bactérias, muitos fungos, amebas, bacteriofagos e um bocado de outras coisas. Ninguém conseguiu garantir quais desses caras são moradores permanentes e quais estão apenas de passagem.
Câncer, muito mais importante que fezes duras.
A tal "obstrução intestinal" do presidente deveria ter sido um tempo para explicarem que esse grave problema é de exclusividade do presidente. A facada e as cirurgias transformaram seu canal alimentar em uma bomba com um grande pavio. Para as pessoas comuns, a preocupação deve ser com o câncer intestinal. Quando ocorre, é quase sempre no intestino grosso.
Está relacionado com a alimentação?
Embora ninguém saiba ao certo, muitos pesquisadores acham que isso se deve à abundância de bactérias no intestino grosso. O professor Hans Clevers, da Universidade de Utrecht, na Holanda, criou a hipótese de que esse câncer está relacionado à alimentação. "Os ratos tem câncer no intestino delgado, e não no grosso", diz. "Mas se você lhes oferece uma dieta em estilo ocidental, isso inverte. É a mesma coisa com japoneses que se mudam para o ocidente e adotam nosso estilo de vida. Eles têm menos câncer de estômago, mas passam a ter mais câncer de intestino grosso". Foi assim que nasceu o receio pelo consumo excessivo de carne bovina. Mas, observem bem, é uma hipótese e não um fato comprovado pela ciência.