Morte à onça! A onça perigosa é um mito?
Nos séculos em que os mineiros e paulistas desbravavam as matas da região que viria a ser chamada de Mato Grosso do Sul, são comuns os relatos de ferimentos e mortes de pessoas causada por ataques de onças. Verdadeiros ou meros mitos, há muitas páginas escritas que identificam esses violentos encontros.
O homem armou-se e empreendeu uma caça feroz aos grandes felinos. Nos últimos anos, as sociedades protetoras dos animais não se cansam de denunciar a matança desenfreada das onças nas fazendas. Assistimos à fraude de uma fazenda que se inscreveu nos órgãos públicos como protetora das onças para lucrar com a caça regiamente paga. A história se inverteu de uma maneira tão drástica que passamos a acreditar, sem dados científicos, que a maioria, se não todos, os fazendeiros desejam e agem para exterminar o mais importante felino de nossas terras.
Não se pode duvidar dos relatos dos fazendeiros de que as onças atacam seus rebanhos. É quase impossível que elas não procurem alimento onde, de fato, existe. O desmatamento de nossas matas continua avançando. A consequência é a diminuição dos animais selvagens a serem predados pelas onças. Resta-lhes o ambiente mortal das fazendas. O vídeo mostra a realidade.
Conversa com papagaios abandonados
Uma cacatua de um palmo e meio, andava de um lado para o outro, murmurando um palavrão. Uma arara enorme, abandonada como a cacatua, chamava sem parar por alguém de nome "Nando". Um papagaio-verdadeiro, típico do pantanal, desferia gritos agudos incompreensíveis. Todos abandonados. Este não é um ambiente incomum nos sítios e fazendas.
O bicho humano tem uma capacidade incomum: a do abandono de seus queridos animais de estimação. Nas apenas nas ruas da urbe, mas também na zona rural. Nas cidades, são cães e gatos. No mato, papagaios e araras domesticados, ainda que ecologistas e biólogos montem trincheiras contra essa domesticação de animais que vivem livremente nas matas e cerrados.
Os papagaios abandonados são seres duas vezes traumatizados: primeiro lhes tiraram o instinto natural de permanecer com seus bandos. Depois, foram apartados da companhia dos humanos com quem viviam.
Na natureza, os papagaios cruzam os ares assim como as baleias, os mares: em bando, e de maneira complexa. Os pares de longa data, voam juntos, (fraternalmente) tocando as pontas das asas. E dentro desse grupo social, amplo e muito unido, cada indivíduo, como os cientistas descobriram recentemente, tem seu próprio grito, identificável e único como o nome de um ser humano.
Os papagaios aprendem a dar esse grito individual logo após o nascimento, durante um período transitório de vocalização equivalente ao balbuciar dos bebês humanos, conhecido como "subcanto", e fazem isso para se comunicar melhor com os membros de seu bando e com outros bandos. E é essa a origem do famoso dom de imitação das palavras proferidas pelos humanos. Um dom que, juntamente com a plumagem belíssima e o olhar estranhamente fixo, induz o ser humano a querer manter um papagaio só para seu deleite. Esses animais, porém, dispõem de neurônios programados para uma vida em bando, até os 60 a 70 anos de idade, e têm a capacidade cognitiva de uma criança de 4 a 5 anos.
Tem cabeça de passarinho? Isso deixou de ser pejorativo
A partir de agora devemos repensar seriamente na utilização do termo "cabeça de passarinho" como algo depreciativo. Até hoje, os pombos eram comparados a "ratos voadores", mas essas aves são mais espertas do que pensávamos. De acordo com uma nova pesquisa, são de tal modo inteligentes que até conseguem ler.
No estudo, publicado no " National Academy of Sciences", cientistas treinaram pombos para que estes conseguissem distinguir palavras reais por "gibberish" - linguagem não perceptível por humanos comunicada por diferentes sons. Utilizaram 308 palavras com quatro letras, as mesmas que babuínos já tinham aprendido em uma pesquisa anterior.
Os pombos identificaram dezenas de palavras, o pombo melhor sucedido reconheceu 58 palavras. O desempenho dos pombos é superior ao dos babuínos, aproxima-se ao de humanos. Estimulavam as aves com diferentes sons e colocavam palavras em um monitor. O pombo deveria bicar a tela. Caso acertassem, recebiam guloseimas de presente.
Quatro pombos destacaram-se no reconhecimento de palavras. Foram treinados com maior intensidade. Esses quatro conseguiram distinguir até mesmo palavras que tinham letras erradas. O exemplo dado pelos cientistas é que perceberam que "vrey", era "very" (muito, em português).
Esse estudo é o primeiro a identificar uma espécie de não primata a ter capacidade de compreensão da ortografia. Poderá nos dar pistas sobre a origem e as primeiras funções das palavras que os humanos usaram.
A inesperada origem do doce de leite
É brasileiro ,argentino, uruguaio, chileno, peruano ou mexicano? A disputa por quem inventou o doce de leite tem vários candidatos na América Latina. Existem lendas e anedotas, mas só um historiador foi pesquisar sua origem. O popular doce é mais antigo do que se pensa.
O primeiro doce de leite tinha cor muito branca. Logo depois de algumas misturas, mudou de cor porque agregaram ingredientes que continham bicarbonato de sódio, que é o responsável por sua cor um pouco mais ou menos escura, como hoje o reconhecemos. Poucos países conservaram a tradição do doce de leite branco. Mas a receita original era só leite e açúcar mexido e cozinhado até perder o aspecto líquido.
Essa sobremesa é chamada de doce de leite (ou dulce de leche nos países de língua espanhola) no Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Porto Rico, Equador e em algumas regiões da Colômbia e da Venezuela. Em outras partes dos dois últimos países é conhecido como "arequipe". É denominado "manjar", no Chile. No Perú, e "manjar branco". "Cajeta" é seu nome no México. E "fanguito", em Cuba.
Apesar das intensas disputas pela autoria do doce de leite, especialmente entre argentinos, uruguaios e mexicanos, a origem do popular doce tem vários séculos. Originalmente o doce de leite era comido e preparado na Indonésia, no sudeste asiático. Dali foi levado para as ilhas Filipinas, ao redor do século VI d.C.. Por mais inesperado que possa, o doce de leite é um ancião com mais de 1.500 anos. As ilhas Filipinas, quando dominadas pelos espanhóis, mais de mil anos depois, exportaram o doce de leite para a América. Foi parar na região de Acapulco, no México, e desde dali começou a multiplicar-se por toda a América Latina. A primeira indústria de doce de leite foi construída em Córdoba, na Argentina, no final do século XIX.