O dia depois do 7 de setembro. Previsões da semana
Há diferentes leituras sobre o tamanho das manifestações. Enquanto alguns apontam que as multidões foram de 5% a 10% do previsto pelos organizadores - um fiasco, portanto - as imagens capturadas servem para inflar a base bolsonarista. Mas não servem para dar continuidade ao medo e à tensão que tinha tomado conta dos opositores a Bolsonaro. No quadro geral, no grande ataque ao STF, o resultado das manifestações foi nulo. Mas há alguns ganhos pouco debatidos.
Não prenderão Carlos Bolsonaro.
Se a pauta principal das manifestações era aprisionar o STF, a pauta pouco debatida era o receio da família Bolsonaro da prisão do rebento Carlos, indiscutivelmente o Ministro das Redes Sociais, o verdadeiro ministro das comunicações do governo federal. As manifestações, em verdade, tratavam apenas de prisões - de membros do STF ou de familiares e apoiadores de Bolsonaro. Esta coluna aposta que as multidões foram suficientes para que Carlos Bolsonaro não vá para o xilindró. Como também faz a previsão de que nada acontecerá com os membros do STF. Ponto para Bolsonaro.
Não haverá impeachment.
Muita retórica e ação alguma. Este é o saldo das oposições no dia seguinte ao 7 de setembro. A fervura cresceu muito no velho e arcaico blá-blá-blá dos poderosos oposicionistas do Congresso. Tal como no STF. Mas enfrentar Bolsonaro? Nem pensar. Um rolou o canhão para o outro. Nada está programado para os próximos dias. Só conversa fiada. Bolsonaro não chegou aos índices pré-impeachment de Dilma.
Frente Ampla? Esqueçam.
Criar uma Frente Ampla das oposições é outra pauta que voltou ao debate. Enquanto o Lula estiver disparado nas pesquisas eleitorais, não veremos a constituição dessa frente. O "sapo barbudo" impedirá a constituição de qualquer liderança que venha a ascender em uma (im)possível coalizão. A única união possível, para Lula e para o PT, é em torno de seu nome.
Onde mora o fundo do poço da economia?
Se no plano político-eleitoral, Bolsonaro pelo menos manteve seus votos com as manifestações, no econômico, o quadro é perverso. O presidente tornou uma missão quase impossível a criação do essencial Auxílio Brasil, a ajuda para milhões de brasileiros famintos. Arrebentou todas as pontes de interlocução. Se os índices econômicos estavam muito mal, sem duvida alguma, tendem a piorar... muito. Todos, sem exceção.
Indicação para o STF entrou no modo "esqueci".
Outro tiro que Bolsonaro deu foi na indicação do "terrivelmente religioso" André Mendonça. Nem mesmo os senadores que nele pretendem votar, afirmam que tal candidatura ainda existe. Muda o indicado (o procurador-geral Aras, é óbvio) ou o STF trabalhará com menos um ministro.
Saldo final das manifestações.
Ainda que os "caminhoneiros" (leia-se empresas do agronegócio) estejam fechando estradas e tentando invadir o STF, neste momento, já é possível vislumbrar o rescaldo do 7 de setembro. As forças militares trabalham como se nada tivesse acontecido. Os policiais militares não patrocinaram qualquer ato de rebeldia. A família Bolsonaro continuará vivendo muito bem em suas mansões. Bolsonaro conseguiu impedir o derretimento de sua candidatura. As oposições permanecem como estavam: com o mesmo razoável poder de fogo e com mesma indisposição para se unir. Quase tudo como dantes... O 7 de setembro furioso aconteceu?
