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Em Pauta

O fungo que faz cerveja agora produz maconha

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/03/2019 07:00
O fungo que faz cerveja agora produz maconha

Mais do que nunca os plantadores e traficantes de maconha estão com os dias contados. Não, não se trata de ações policiais ou de qualquer outra forma de combate governamental, o extermínio se dará pela alta tecnologia, como, aliás, com tudo que é obsoleto. Essa gente não pode continuar ocupando um lugar privilegiado no século XXI.
Nós humanos levamos milênios criando produtos básicos para a civilização apoiando-nos no fungo Saccharomyces cerevisae, muito antes, inclusive, de saber que ele existia. O nome já diz tudo, o fungo da cerveja. A tal "levedura" tão conhecida. A essa levedura também devemos o pão e o vinho. Um verdadeiro milagre.
Nesta semana, chegou à revista Nature, uma das bíblias da ciência, uma técnica para produzir os ingredientes da maconha, sem necessidade de cultivar a planta. O resultado dessa pesquisa é que os cientistas conseguiram produzir o CBD, uma substância com propriedades médicas, mas que não dá "barato". Também produziram o THC, esse é o composto que deixa a pessoa "muito relaxada", o barato da maconha. E o melhor, os cientistas garantem que os dois produtos sairão a preços inferiores dos praticados atualmente, e com maior pureza.

O fungo que faz cerveja agora produz maconha

A ciência da maconha de laboratório.

O trabalho dos cientistas consiste em sequestrar o metabolismo do fungo, que, normalmente, converteria os açúcares em álcool, para gerar os cannabinóides. Realizaram uma grande quantidade de modificações no metabolismo da maconha mediante engenharia genética para redirigir esse metabolismo para a produção do CBD e THC.
O interesse por essa nova tecnologia foi incrementado depois da legalização para uso médico e recreativo dos cannabinóides nos EUA, Canadá, Portugal e tantos outros países. Os produtos não seriam usados fumando, poderia ser administrado com mais precisão e só com os efeitos desejados. Por exemplo, alguém que desejasse apenas o uso do CBD para suportar as dores da artrite, não teria de fumar um baseado e nem experimentar seus efeitos. Além do mais, a maconha possui mais de 100 compostos que podem, com essa técnica, ter interesse médico. O problema até o momento é que as quantidades desses 100 compostos em uma planta de maconha são tão pequenos que extraí-los das plantas seria muito caro. Portanto, até o momento, os cientistas ficarão só com o CBD e o THC.

O fungo que faz cerveja agora produz maconha

A levedura para combater a malária e melhorar o meio ambiente.

Os autores dessa pesquisa com a levedura são da Universidade da Califórnia. Estão produzindo em grande quantidade a artemisina, um fármaco contra a malária e também para transformar resíduos vegetais em biocombustíveis. Esse interesse em melhorar o meio ambiente usando a levedura, têm grande relevância nos estudos. Eles apresentam cálculos que põem a maconha de laboratório como economizadora de energia. Dizem que, atualmente, 1% de toda a energia elétrica consumida nos Estados Unidos é gasta nas fazendas de maconha. E dizem mais: a produção de maconha em fazendas nos EUA produz mais CO2 que três milhões de veículos. Isto é, os maconheiros são grande poluidores do meio ambiente, um dos argumentos mais sensacionais dos últimos tempos.

O fungo que faz cerveja agora produz maconha

A economia da maconha de laboratório.

Os criadores da maconha de laboratório já fundaram uma empresa para vendê-la. Trata-se da Demetrix, que, segundo a Business Insider, já conseguiu US$11 milhões para acelerar e superar rapidamente a produção das fazendas de maconha.
Dentro de pouco tempo, quem for aos EUA ou ao Canadá, verá propagandas que mostram os mesmos recipientes para fermentar cerveja, produzindo THC e CBD. Os cientistas esperam altos lucros e, uma vez que os obtenham, passariam a estudar melhor, com possibilidades econômicas, os outros 100 compostos da maconha.

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