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Em Pauta

O negócio milionário do corpo

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/05/2016 10:55
O negócio milionário do corpo

As dietas e os exercícios físicos, apenas uma parte do negócio do corpo, vem, nos últimos anos, rendendo imensas fortunas no mundo. Acreditamos que ter o aspecto considerado ideal pode garantir mais sucesso e felicidade. Existem estudos que demonstram que até há alguma verdade nisto, mas essa é uma verdade frágil. Raramente o corpo perfeito traz felicidade e sucesso, mas o inverso é mais próximo da verdade - corpos fora da moda também não trazem a tão almejada felicidade. Vivemos em uma época em que o corpo é um negócio multimilionário, mas que continua associado a futilidades. Querer cuidar do corpo vem adoecendo o cérebro, virou uma obsessão. Há uma paranoia coletiva no ar.
Seria bom para todos nós aceitarmos que cuidar do corpo, querer corresponder aos parâmetros de cada época sobre aquilo que é perfeição, ou aceitar os defeitos, e não querer nada disso. São várias formas da realidade, a perfeição é subjetiva e todos os corpos são reais. É verdade que existe - e continuará a existir - espaço para os negócios do corpo, mas talvez com preços mais acessíveis e sem criar uma "camisa de força", sem transformar aqueles que estão com sobrepeso em culpados, quase criminosos.

O negócio milionário do corpo

Bebês de vários países estão dormindo em caixas.

Essa é uma tradição finlandesa que remonta aos anos 30 do século passado. Acreditem, naquela época, a atual milionária Finlândia era um país pobre. Tinha uma taxa de mortalidade infantil de 65 crianças por cada 1.000 que nascia. No caminho para o estado de bem-estar, pelo qual o país é conhecido agora, seu governo decidiu apoiar um projeto singelo e de baixo custo: distribuir às famílias uma caixa com materiais de primeira necessidade. Inicialmente, eram tecidos e lençóis. Também havia um gorro para proteger as crianças do frio inclemente, além de pijama, sapatinho, fraldas de pano e babadores (tudo em cores neutras). Atualmente, são fraldas e colchonetes. A caixa era o berço. Só havia uma exigência para ganhar a caixa - levar os bebês para serem acompanhados em uma clinica de saúde. Atualmente, a taxa de mortalidade infantil da Finlândia é uma das mais baixas do mundo - 2,5 por 1.000 nascidos.
Há três anos, uma reportagem da BBC sobre essas caixas foi lida por milhões de pessoas e tornou-se viral na internet. Agora, a ideia finlandesa está sendo disseminada pelo mundo. Estão presentes nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, México, África do Sul e Índia. Em agosto do ano passado, o governo mexicano criou um programa - "Cunas CDMX" (cunas significa berço) - visa distribuir 10 mil caixas só na cidade do México. Na Índia o programa é denominado "Barakat Bundle" (barakat significa benção) e a caixa, além das roupinhas e lençóis, tem um mosquiteiro. Há crianças que nascem no chão. Que pegam tétano por causa de infecção no cordão umbilical. As caixas oferecem um entorno aquecido, limpo e com elementos terapêuticos em seus primeiros momentos de vida.

O negócio milionário do corpo

Um breve instante. Por um momento todos felizes.

Pode ser o Natal ou o Carnaval. Mas há em nosso tempo e em qualquer lugar. Tempos de exposições cruas de nossos conflitos. Em que se denunciam os absurdos e velhacarias nas quais se move nossa vida política. Os transtornos sociais provocados pelas injustiças cometidas por um poderoso mais ou menos imbecil. E apesar de tudo isso, como em alguns momentos a vida pode ser bela, para todos, para os ricos e para os pobres, para as vítimas e para os algozes, quando se ama, se dança, se canta. Por um momento. Um breve instante. Por algumas horas, na embriaguez e no gozo da festa, fugir da rotina, da servidão e misérias cotidianas. Todos felizes.

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