O que é ser de centro? Uma escrupulosa falta de escrúpulos
Com que critérios julgar os centristas? Essa pergunta está na pauta do dia no Brasil. Esse posicionamento tinha forte sentido no século XX, que muitos consideravam uma era de extremos ideológicos. Estar no centro, implicava um compromisso com o combate aos partidos e movimentos antidemocráticos - tanto esquerdistas como direitistas. Mas já naquela época sobravam acusações aos autodenominados centristas de má fé.
Centrismo zumbi.
Nos primeiros tempos, o centrismo lutou bravamente contra o nazismo e o stalinismo. Acumulou força. Depois, todavia, o legado de uma postura de moderação deliberada foi se diluindo paulatinamente. Hoje, há em muitos países, inclusive no Brasil, uma espécie de centrismo zumbi. Temos um remanescente da Guerra Fria que já não oferece nenhuma orientação política genuína a seus aderentes. Seus melhores pensadores foram tragados pelos "interesses" de camarilhas de oportunistas.
A fragmentação e a questão dos escrúpulos.
A fragmentação partidária obriga os políticos de centro a adotar uma escrupulosa falta de escrúpulos para que a democracia funcione. Como não dispõem de líderes e nem de pensamentos atualizados, caem na cilada de ser a segunda opção. Mas é muito difícil que as pessoas entendam que a segunda opção é a melhor opção.
O centrismo posicional.
A exceção são aqueles que subscrevem o centrismo posicional. Isso vale para os que adotam o pragmatismo, a equidistância entre os extremos políticos, aqueles que não sucumbem às facilidades e interesses das duas "ideologias". São raros. Só tiram proveito quando se apresentam como "os melhores razoáveis", quando a esquerda e a direita deixam claro que estão dominadas por fanáticos. Eles precisam demonstrar que a esquerda e a direita são etiquetas obsoletas.
O centrismo procedimental.
O grande centrismo brasileiro é puramente procedimental. Age a cada procedimento do Executivo ou do "Grande Timoneiro". Mas ele perde todo e qualquer sentido quando os do executivo não respeitam os procedimentos. E essa ação do centrismo procedimental, fere o posicional. Se um partido rechaça a democracia, a proximidade é cumplicidade. Soa muito estranho termos tantos candidatos com as vestes do centrismo que nada tem a dizer. Moro, Ciro, Dória e os demais, são perfeitos zumbis. Gente vazia. Perdidos na noite suja.