O Touro Dourado da Bolsa de Valores e o Minotauro
Um bichão desconjuntado, pesado e com pretensões de atemorizar. Réplica do conhecido, e igualmente cafona, "Touro de Wall Street", criado nos fins dos anos 1980 e localizado em Manhattan, no coração financeiro dos Estados Unidos, a versão brasileira de cinco metros e uma tonelada, foi inaugurado, mas a prefeitura determinou sua retirada em poucos dias. Impressiona a total e completa desconexão com a realidade brasileira e da sua Bolsa de Valores.
Tourinho de Ouro.
O valor das imagens quase sempre é grande. Esse Touro desmunhecado e desengonçado, foi ofertado por um economista que se autointitula "Tourinho de Ouro". Não poderia ser mais autodeclaratório. Um alienado fazendo alusão aos EUA e a seu próprio sucesso. A palavra touro, aliás, em seu sentido figurado, significa "homem robusto e fogoso". Risível, no mínimo.
Instrumento de tortura e monstro.
Do latim, a palavra Touro, vem de Taurus. Era um instrumento de tortura no formato desse animal. Também há a historieta do Minotauro. Conta a lenda que foi da paixão da mulher de Minos com Paisafae - que se disfarçou de vaca para se unir ao touro - que nasceu o Minotauro, um monstro que é metade homem e metade touro. Esse Minotauro simbolizava o ser humano consumido por seus desejos mais abjetos.
Residem aqui e moram bem longe.
O Brasil enfrenta uma das maiores crises econômicas de sua história. As taxas de desemprego estão elevadíssimas, a desigualdade aumentou e a fome voltou. Mas o mercado financeiro e a Bolsa de Valores, ainda que em queda livre, continuam agindo como se tudo estivesse às mil maravilhas. E não há luz alguma na escuridão. Afinal, é bem possível que o país troque o incompetente Guedes por Beluzzo, o autoproclamado ministro de Lula. Desgraça trocada por infelicidade. Seis por meia dúzia. Touro desconjuntado por Touro desengonçado. O Touro do mercado financeiro é a vivida representação de homens que vivem no Brasil, mas moram bem longe. Naquele lugar onde nada se produz, mas lucram muito.