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Em Pauta

O Uber e o bordel de bonecas

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/03/2017 07:47
O Uber e o bordel de bonecas

Nossos trogloditas, aliás, nobres vereadores, pretendem criar uma CPI que resolva o imbróglio de taxistas e motoristas do Uber. Ainda não viraram o calendário do século XXI. Não descobriram que o mundo vive sob a égide da "uberização". Essa ideia, transcende a vontade dos senhores que comandam os poderes. No caso do Uber, o nó do problema está no obsoletismo das administrações municipais. A uberização está tomando conta de todos os setores da economia, não se trata mais de automóveis ou de hospedagem (descubram o Airbnb). Chegou ao "templo do prazer".

Acaba de ser inaugurado em Barcelona um bordel em que as prostitutas são bonecas robotizadas. Seus corpos imitam a textura da pele humana e suas formas. Se trata de um salto qualitativo de substituição do original pela cópia. As cópias dominaram o mundo. Estão presentes, com maior ênfase, na música, nos livros e nos filmes. Era apenas uma questão de tempo para que as cópias chegassem ao ser humano. Ignoro se as prostitutas de carne e osso denunciarão essas bonecas por competição desleal. Está todo muito confuso, muito revolto. Um taxista me dizia que sua profissão se encontra ameaçada pelos "falsos taxistas do Uber". Os chamou assim: falsos taxistas. Confessando que os do Uber competiam com melhores automóveis e menos impostos.

O problema aparece quando a cópia supera o original. O Uber deu origem a uma nova palavra: "uberização". Significa algo como usuário de algum serviço buscar a resolução de seus problemas com os novos aplicativos da internet. A uberização se move no fio que separa o legal do ilegal. Há lutas nos poderes judiciários de quase todos os países. Até o momento ganha a batalha a uberização, como ganha a batalha os salários baixos que conduzem à uberização absoluta.

Me pergunto se o bordel de imitação de Barcelona é produto também da uberização econômica. Mas me preocupa muito mais, se ao invés de ele ser visitado por homens e mulheres de carne e osso, será o templo do prazer de homens e mulheres de imitação. Estamos vivendo um tempo onde a novidade de hoje, é velha e cheira a mofo. No fim-de-semana, procurarei por um clone meu, andando pelas nossas ruas.

O Uber e o bordel de bonecas

Cem anos de balanço. Cem anos de jazz.

O início do jazz é impreciso. Não foram poucos os que se proclamaram seu criador. Inegável a relevância de Freddie Keppard e de Jelly Roll Morton. Mas, como não há registros desses primeiros tempos, é impossível apontar seu marco zero.

Somente uma data pode ser apontada com precisão: 26 de ferreiro de 1917. Esse é o momento em que foi gravada a primeira musica que poderia ser denominada de jazz. Mas é um momento polemico. Todos os integrantes da banda que fez essa primeira gravação - Original Dixieland Jazz Band - eram todos homens brancos de Chicago. Sempre foi motivo de críticas de que eram copistas do som original de New Orleans. O jazz é popular, veio das bandas de metais de rua, as "brass bands".

Mas o debate é eivado de racismo. O jazz, ninguém duvida, tem a alma dos homens negros de N.Orleans, ainda que seu documento de nascimento seja branco de Chicago. O que importa é o que o jazz continua a rondar o imaginário, é a musica, junto com o rock, que está presente em todos os cantos do planeta. O nome "jazz" era, no nascedouro, grafado como "jass". É uma gíria do mundo dos jogos, utilizada para designar aqueles que tinham destreza e habilidade, principalmente no carteado. Mas também era designada para se referir ao ato sexual.

O Uber e o bordel de bonecas

Os impostos mais estranhos do mundo.

O Uber e o bordel de bonecas

Imposto da janela.

A lógica deste imposto criado na Grã Bretanha em 1696, era simples, mas nem por isso justa: quanto mais janelas tivesse uma casa, maior seria o poder econômico de seus ocupantes. A taxa vigorou quase dois séculos, sendo abolida em 1851. Ela explica a imensa quantidade de casas, que existem até o dia de hoje, com as janelas tapadas por tijolos.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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