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Em Pauta

O vaqueiro do futuro

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/02/2016 08:15
O vaqueiro do futuro

Todos os anos ele conduzia centenas de cabeças de gado. Acampar sob o teto das estrelas era romântico. Mas havia o zumbido incessante dos mosquitos e os perigos das serpentes. O gado sempre perdia peso para vencer a dura caminhada por solos difíceis e atravessando rios e desertos. Os lucros do vaqueiro ficavam pelo caminho.

No outback australiano, uma região desértica, que criava e transportava o gado como no Brasil, o vaqueiro do futuro está surgindo. Ele trocou a dura sela pelo sofá, e seu chicote por um celular. Entendeu que o lucro está vinculado ao tempo. O tempo que leva para fazer qualquer coisa a cavalo é um luxo. A imagem do vaqueiro de chicote na mão e mascando tabaco está sob o ataque de um inimigo muito moderno: a tecnologia.

Os criadores de gado do outback estão usando dados coletados por satélites da Nasa, para gerenciar os rebanhos. Passaram a monitorar o gado no pasto através dos satélites. Os satélites coletam imagens diárias de cada 76 metros quadrados das fazendas. No solo, estações automáticas pesam os animais cada vez que eles vão aos bebedouros. Os dados são analisados por um programa de computador e enviados para os fazendeiros. Os fazendeiros, então, decidem se o pasto é nutritivo o suficiente ou se precisam promover alguma mudança, bem como quando o animal está apto para ser enviado aos frigoríficos usando caminhões para o transporte.

Todavia, ainda existem problemas nas fazendas de gado do outback. As temperaturas elevadas, em torno de quarenta graus Celsius, podem afetar os painéis solares que geram energia para as balanças de pesagem e também os "brincos" (sensores eletrônicos) colocados nas orelhas dos animais. As cacatuas - papagaios típicos do outback - vez ou outra mastigam os fios dos equipamentos. São pequenos problemas. Tal como no Brasil, o maior problema está na relação com o governo. Por lá, a iniciativa de modernização das fazendas dessa região teve origem em uma decisão governamental, fato que causa alguns atritos para a divisão das despesas entre vaqueiros e governantes.

O vaqueiro do futuro
O vaqueiro do futuro

A percepção do tempo para os idosos.

Sentimos que a vida nos escapa às mãos. À medida que ficamos mais velhos passamos por menos experiências novas. Temos menos primeiras vezes. Já não há primeiro dia na escola. O primeiro amor se perdeu nas névoas das conexões neuronais. As primeiras férias com os amigos foram em qual praia? Agora é outro dia no escritório, outro dia no shopping. Na realidade não existe tanta diferença na percepção do tempo, exceto quando se pergunta: com qual velocidade transcorreu a última década. Para as pessoas de 50 anos parece ter passado mais rápido que para os mais jovens. Ao recordar nossa vida temos a sensação de que os primeiros anos passaram mais lentamente que os posteriores, embora não sentíssemos essa diferença enquanto os vivíamos.

Com a idade nosso relógio biológico desacelera, por isso o tempo exterior parece ir mais depressa. Quanto mais velhos somos, mais nos custa calcular quando passou um minuto sem olhar os ponteiros do relógio. Tendemos a acreditar que demora mais a passar. É isso que a ciência nos vem explicando, mas ela também é falha, ainda não inventou o elixir da juventude eterna.

O vaqueiro do futuro
O vaqueiro do futuro

Revoluções das mulheres: depois das "Panks", vieram as "Yummies", e agora surgem as NoMo.

O século XXI está criando conceitos femininos que ninguém imaginava que surgissem com tanta força. Primeiro a ocupar o "estrelato" foi o conceito das "Panks" - mulheres solteiras, por opção, endinheiradas. O lema delas é: "gosto de escolher e não de ser escolhida".

A indústria da moda as recebeu de braços abertos e fez vênia. Panks é a sigla de "Professional Aunts with No Kids" (tias profissionais sem crianças). Em seguida, vieram as "Yummies" - jovens urbanas, com algum poder aquisitivo, obcecadas pela aparência pessoal e com a saúde.

É hora de dar as boas-vindas à mais recente incorporação ao glossário das mulheres independentes. Com uma carga infinitamente menos comercial que as duas anteriores, a geração NoMo - "Not Mothers" (não mães) - reivindica o respeito de uma sociedade fundamentada na crença de que uma mulher tem de dar à luz.

As NoMo já se fazem representar por várias associações, a mais famosa é a britânica "Gateway Women". Nos Estados Unidos elas já são 47% das mulheres entre 15 e 44 anos. As maiores protagonistas desse forte movimento são algumas estrelas do cinema como Cameron Diaz, Helen Mirren, Audrey Tatou, Zooey Deschanel e Maribel Verdú.

O vaqueiro do futuro
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Quais foram os reais motivos que levaram os EUA a lançar as bombas atômicas no Japão?

Em dois dias, duas bombas. Porque os norte-americanos não lançaram as bombas sobre os navios de guerra japoneses e as jogaram em duas cidades sem valor estratégico na guerra que se findava? Quais eram de fato seus inimigos naquele momento, russos ou japoneses?

Para muitos estudiosos, a principal razão do uso da bomba em Hiroshima e Nagasaki estava diretamente vinculada à necessidade de autoafirmação dos norte-americanos perante as demais nações. Com a demonstração do poderio militar encarnado pelas bombas atômicas, os EUA mostravam ao mundo sua superioridade militar.

A capacidade de construir quantas bombas atômicas fossem necessárias, dava um claro sinal para os russos que o governo dos EUA não estava satisfeito com a anexação de países do leste europeu que os soviéticos estavam fazendo. A Ásia e a Oceania, naquela nova ordem mundial, ficariam sob a tutela inglesa e norte-americana, sem qualquer influência soviética. Os comunistas só teriam influência na região nos anos 60, no Vietnã. Os vietnamitas tinham na memória o desvio da totalidade de seus alimentos, realizada por franceses e ingleses, durante a guerra mundial, que vitimou mais de um milhão de pessoas pela fome.

O vaqueiro do futuro
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São Lulinha e Beato Zequinha.

Urge que medidas sejam tomadas para a santificação de Lulinha e a beatificação de Zequinha. O processo costuma ser demorado. Segundo a "Constituição Divinus Perfectionis Magister", o processo deve ser iniciado a pedido de fiéis. Com certeza, recolherão milhares de assinaturas lhes favorecendo. Se precisar de passeatas sempre haverá os "trabalhadores" dos sindicatos e do campo, para as marchas e contramarchas. Se for para Brasília, melhor ainda, lá é a pátria-mãe-gentil de todas as facilidades e benesses. Após as a apresentação das assinaturas, será investigada a vida, as virtudes ou martírios e fama de santidade, além de milagres que são atribuídos a São Lulinha e ao Beato Zequinha.

Nessa fase, eles poderão receber o tratamento de "Servos de Deus", caso seja admitido o início do processo. Até a coleta das assinaturas terão facilidades. Com o início das investigações tudo passa a ser difícil e nebuloso. A Igreja Católica trata, hoje em dia, este, como um assunto sério e por isso mesmo, tornou o processo bastante complexo.

Com a posse de Francisco no Vaticano, as acusações à igreja desapareceram, e começaram a surgir somente elogios. Mas, dadas as últimas palavras e ações de Lulinha e Zequinha, não nos resta outra opção, senão a tentativa de canonizá-los. Eles se entendem como santos. Muitos de seus seguidores os tratam como santos ou deuses.

Antes que criem uma nova igreja para serem venerados no altar, a prudência indica que sejam aceitos na plenitude de suas façanhas e milagres. Nesse quesito, porém, surge outra dúvida: será que eles já vivem dentro de uma "igrejinha"? Vamos ao princípio. Pertencer a uma igreja não é um ato de fé? Uma opção em acreditar sem a busca de provas?

Caso o processo continue, será escolhido um "postulador", encarregado de recolher informações pormenorizadas sobre a vida dos dois, e informar-se sobre as razões que deveriam favorecer a promoção da causa da canonização. Nada havendo contra a fé e os bons costumes, passarão a checar todos os documentos. Poderão ser interrogados em uma fase subsequente. O servo de Deus deverá ter praticado em "grau heroico" - fé, esperança e caridade. E ainda, prudência, temperança e justiça e, é claro, os milagres a eles atribuídos.

Concluídos esses trabalhos, tudo é enviado para a " Congregação da Causa dos Santos". Ressalte-se que o milagre a eles atribuído deve ser uma cura inexplicável à luz da ciência e da medicina. É claro que seus fiéis, desde já, lhes atribuem os graus que lhe são inerentes - Lulinha será santificado e Zequinha beatificado, mesmo que seja em sua "igrejinha". Ou não?

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