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Em Pauta

O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer

Mário Sérgio Lorenzetto | 02/01/2016 08:27
O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer

O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer.

É interessante ver aqueles que veem o país submergir, mas elogiam o bom funcionamento das instituições. É contraditório dizer que o Brasil está mergulhado em uma profunda crise política, moral e de corrupção e que tem instituições fortes. Se o Brasil tivesse instituições fortes, elas teriam impedido que isso ocorresse. As crises estão no seio das instituições. De todas.
O segundo mandato de Dilma é a agonia da crise final. Crise profunda no Executivo e no Legislativo. E força, provavelmente nunca vista, grandiosa para o Judiciário, que efetivamente dita todas as regras importantes e comanda o país.
Felizmente, todas as notícias assim informam: o desenlace não será militar. E não será somente porque eles são a única força no país que aprenderam o preço da chegada ao poder por via não democrática. Mas vamos ter a agonia final desse sistema. Só não dá para prever a data. Os indicadores econômicos, políticos e morais mostram que não será em tempo médio. Estamos passando por uma crise que pode ser bem definida como: o velho sistema que não acaba de morrer e o novo que não consegue nascer.

O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer

Os consórcios ganham força novamente.

Com os juros altos, garimpar crédito barato e opções para a aquisição da casa própria é um cuidado obrigatório. Em regra, as melhores taxas estão sendo oferecidas pelas cooperativas de crédito; todavia é preciso ser membro de uma delas. O financiamento bancário está com juros elevados. Basta fazer uma simulação para verificar que o preço final do imóvel será o dobro de seu valor. Outra opção interessante são os consórcios. Como regra, as taxas são menores, as parcelas pesam menos (cobram uma taxa fixa de administração, ao invés de juros). Só no primeiro semestre de 2014, houve um aumento de 40% nas vendas de cotas para aquisição de imóveis nesse sistema. A principal desvantagem dos consórcios está na necessidade da sorte. Você terá de se submeter a sorteios mensais para ser contemplado com uma carta de crédito imobiliário. Há consórcios que te colocarão para esperar até 12 anos. Para quem não tem pressa é o melhor negócio.

O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer

O sucesso da hora do rush.

No último século, ir de carro para o trabalho ajudou a melhorar a vida de inúmeras pessoas. Pode parecer estranha a afirmativa, mas, quando essa prática começou, no século XIX, deu a chance de as pessoas viverem fora da cidade em que trabalhavam. Elas escaparam de cidades caóticas e insalubres. Esse era o retrato das cidades no início da revolução industrial. A seguir, houve uma revolução nos meios de transporte. Primeiro foram os trens e ônibus. Depois vieram as bicicletas, carros e motocicletas. Essa segunda revolução permitiu que os trabalhadores separassem a vida do trabalho da vida doméstica. Essa mudança ajudou as pessoas a parar de sacrificar a vida no trabalho ou a vida na residência. E isso foi muito positivo.
No começo, apenas os ricos tinham dinheiro suficiente para usar um transporte ágil.

O velho não acaba de morrer e o novo não consegue nascer

E o fracasso do rush.

Com o passar dos anos, os meios de locomoção de massa se diversificaram, baratearam e todo mundo pode usá-los, desde os trabalhadores braçais até os gerentes. Como consequência, as avenidas e estradas se tornaram mais cheias. A prática do transporte de massa virou uma vítima de seu sucesso.
Na teoria, quem usa transporte público é mais passivo do que quem dirige. Na prática, as experiências têm mais similaridades do que diferenças. Durante uma experiência, a HP colocou eletrodos na cabeça de alguns usuários de transporte de massa para reconhecer a atividade cerebral durante o trajeto para o trabalho. Os cientistas perceberam que a atividade mental dessas pessoas ao tentar encontrar um assento em um trem suburbano lotado chegava ao mesmo nível de estímulo do cérebro de pilotos de caça. Ninguém fez esse teste em um ônibus de Campo Grande, mas é possível que a atividade cerebral de um passageiro de ônibus seja similar à de um piloto de nave espacial, dado o grau de dificuldade próximo ao impossível. Seguindo esse raciocínio, dirigir um automóvel pode ser até relaxante. Mesmo quando estão em um congestionamento, os motoristas podem ouvir música e teclar pelo WhatsApp (proibido pelas leis de trânsito e bloqueado pelo "simpático" juiz de São Paulo). Esqueçam e relaxem, com a "maravilhosa" administração que passamos a ter nos últimos 5 anos em nossa cidade, é impossível qualquer insignificante melhoria no trânsito.

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