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Em Pauta

Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa

Mário Sérgio Lorenzetto | 16/08/2018 09:34
Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa

Na África, o branqueamento da pele não é nada novo. Os especialistas médicos estão há anos advertindo sobre os riscos que podem ter para aqueles que o praticam. Os líderes da consciência negra estão indignados por essa herança, que consideram uma lavagem cerebral fruto de séculos de escravidão e colonialismo. Mas, paradoxalmente, são mais ouvidos fora da África que no próprio continente. O fenômeno de branqueamento persiste. E aumenta. Acreditam que a sociedade africana está condicionada a procurar pela pele mais clara, pois muitos creem que assim, é mais fácil encontrar trabalho, relações amorosas... uma vida melhor.
O uso de produtos para branquear a pele, está aumentando especialmente entre jovens. A antiga geração utilizava cremes. A nova, usa pílulas e injeções. Só na Nigéria, gigante de 180 milhões de habitantes, 77% das mulheres - algo como 60 milhões de pessoas - segundo um informe da Organização Mundial da Saúde, utilizam constantemente produtos para branquear a pele. Os consumidores de maior nível econômico podem comprar produtos que dizem ser testados e comprovados. Os de menor nível, adquirem cremes com níveis perigosos de componentes que freiam a síntese da melanina. Entre estes se encontram o mercúrio, a hidroquinona, os esteroides e, inclusive, o chumbo.

Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa
Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa
Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa

Todos os produtos são proibidos nos EUA.

Todos os produtos utilizados na África para o branqueamento são proibidos nos Estados Unidos pela FDA, o organismo que controla produtos para a saúde, pois "são potencialmente perigosos".
Também foram proibidos na Nigéria, África do Sul e Quênia, mas os tratamentos seguem sendo facilmente acessíveis e pouco controlados. Compram livremente em mercados, através da internet e em clínicas especializadas. Tornam-se viciados sem se dar conta. De fato, é como as cirurgias estéticas... nunca é suficiente.
A grande estrela dos produtos de branqueamento é vendida na televisão por Pela Okiemute, o "rei da beleza", como ele se autodenomina. O campeão de vendas é o "Brancura Russa", que promete um "moreno mestiço". Outro creme vendido por Pela é o "Real Cleópatra", apresentado com uma foto de Elizabeth Taylor em sua personagem de rainha do Egito, para "ter uma pele clara e radiante", com resultados "visíveis em duas semanas".

Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa
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Os jovens africanos estão branqueando a pele em massa

Como funciona o branqueamento da pele?

Para branquear a pele são empregados vários métodos. Todos apresentam efeitos nocivo para a saúde. Os cremes aclaradores de pele são, de longe, os mais vendidos. Atuam inibindo a produção de melanina, o pigmento que é sintetizado pela exposição ao sol, com ingredientes como a hidroquinona, esteroides, o chumbo e o mercúrio. Esses cremes podem ser inócuos quando usados em doses baixas e por pouco tempo. Mas se convertem em perigosos se forem utilizados em concentrações mais elevadas por tempo prolongado. Algumas empresas africanas começaram a etiquetar muitos desses produtos com o termo "bio". Não passa de enganação.
No princípio, os usuários de qualquer desses produtos branqueadores podem apreciar os primeiros efeitos em suas peles. Mas para que este resultado dure, tem que seguir aplicando o produto, sem o qual a pele recobra de novo a pigmentação. Conforme passa o tempo, a pele se irrita, Fica mais fina e "marmórea". É comum aparecer urticárias. Há enrijecimento e se podem ver as veias. Nos piores casos, as pessoas desenvolvem "ocronosis" - uma síndrome causada pela acumulação de ácido nos tecidos conectivos. Essa ocronosis também faz com que a pele fique ainda mais escura que no início. A utilização de cremes com esteroides pode promover a formação de estrias.

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