Os primeiros brasileiros surgiram do pincel de um holandês
Durante muito tempo, nem o rei de Portugal adotava em sua fórmula de identificação de praxe o nome de Brasil. Todos que ocuparam o trono português eram citados como: " Fulano de tal, rei de Portugal e Algarves, senhor da Índias, Goa, Molucas, Guiné....uma extensa e cansativa lista de países ocupados, mas jamais "Brasil". O desprezo por estas terras era tão grande que tipografias e universidades se espalharam por todos os países, menos neste lugar sem nome oficial. Até livros eram proibidos de descer nos portos. Colocavam padres nos portos, de prontidão para interceptar qualquer "criminoso" que ousasse descer dos navios com qualquer livro que não fosse a Bíblia. Era uma terra destinada somente a pagar impostos, ser espoliada e receber prostitutas e bandidos.
Um pintor holandês chega ao país sem nome.
Estupefação. Os estudiosos foram encontrar a utilização do nome "Brasil", e do gentílico "brasileiro" nas telas de um pintor holandês. Albert Eckhout foi convidado para fazer parte da comitiva do príncipe Mauricio de Nassau, que chegou em 1.637. Ao contrário de outros pintores - mais conceituados -, Eckhout não se contentou em pintar plantas e animais, registrou as pessoas, dos índios aos nobres.
O retrato dos brasileiros.
Estima-se que, por volta de 1.643, ele tenha recebido de Nassau a incumbência de pintar telas monumentais para a decoração de um salão no palácio que o príncipe construía no Recife: quatro casais em estágio de civilização, indo dos povos "mais brutos" aos "mais civilizados", como denominavam. Eckhout criou uma interpretação de quem eram os brasileiros, além de adotar essa palavra para nos designar. Era o nascimento de outra ideia ainda forte: a de um povo que nasceu do casamento de brancos com negras e índias, entre pessoas de origem étnica diversa.
Homem e mulher tapuia.
Na escala mais baixa de Eckhout estão os retratos intitulados "Homem tapuia" e "Mulher tapuia". O primeiro exibe alguns sinais que designavam selvageria: pelado, só com o estojo peniano, botoque na face, tacape nas mãos e a seus pés estão animais peçonhentos. O retrato da mulher segue o mesmo padrão: folhas cobrindo a região genital ou uma pequena pedra nos lábios.
A mulher e o homem africano.
A negra já está um passo acima. Usa roupas e carrega, além de uma cesta com alimentos, seu filho. Este, tem a pele mais clara que a mãe, feito da miscigenação. O homem africano destoa de todas as demais telas. No cenário ao fundo, não há qualquer indício de plantas ou animais locais, pelo,contrário, há presa de elefante e tamareira.
O homem e a mulher brasileira.
O primeiro aparece com roupas brancas cobrindo a cintura, uma cabaça para carregar agua, uma cesta com utensílios. Já a "Mulher brasileira" é uma índia tupinambá. Esse conjunto de elementos tomou conta da Europa. Teve grande impacto. Serviram de modelo para centenas de obras de pintores e artesãos europeus nos séculos seguintes. Firmou a imagem básica de "Brasil" e de "brasileiro".