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Em Pauta

Os primeiros cientistas, as cracas e as baleias

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/06/2021 07:00
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Era 1851. Charles Darwin entregava a seus editores um volumoso manuscrito. Durante oito anos tinha se dedicado a pesquisas sobre a natureza e os hábitos das cracas marinhas - pequenos crustáceos que vivem grudados nas rochas e nos cascos dos navios. Não parecia ser uma obra fascinante, e de fato não era. Mas lhe deu autoridade para falar, quando chegasse o tempo certo, sobre a "variabilidade e a transmutação" - ou seja, sobre a evolução.


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Odeio as cracas.

"Odeio as cracas, odeio-as como nenhum homem jamais as odiou", declarou Darwin ao concluir outro trabalho sobre as cracas. Ambas publicações não foram best-sellers, mas venderam mais que outro livro também de 1851 - uma estranha parábola sobre a caça às baleias.


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De "A baleia" a "Moby Dick".

Esse livro sobre a caça às baleias era um tanto místico e Herman Melville, de apenas 32 anos, em suas divagações o titulou simplesmente de "A baleia". Foi um livro oportuno, já que na época, por toda parte, as baleias eram caçadas indiscriminadamente, beirando a extinção. Mas os críticos e o público leitor não se afeiçoaram a ele, nem sequer o compreenderam. Era demasiado denso e enigmático, repleto de passagens introspectivas, mas continha muitos fatos objetivos. Um mês depois, o livro saiu da Inglaterra e foi parar nos Estados Unidos com um título diferente: Moby Dick. Ali também não vendeu muito. O fracasso foi uma surpresa.


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Uma mudança no mundo.

Moby Dick e os livros de Darwin refletiam uma mudança fundamental que havia pouco para começar a dominar o mundo do pensamento. Muitos cavalheiros europeus tinham sido tomados por um impulso quase obsessivo de pesquisar e escrever sobre tudo que existia na natureza. Alguns se envolviam com a geologia e as então chamadas ciências naturais. Outros se tornaram "antiquários " - profissão que veio a ser depois denominada de "arqueologia".


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Uma nova palavra: cientistas.

Os mais aventureiros sacrificavam o conforto de suas casas, e com frequência anos de vida, para explorar rincões distantes do planeta. Nenhum lugar era demasiado remoto. Foi nessa época que o caçador de plantas Robert Fortune viajou pela China, disfarçado de chinês, obtendo informações para depois roubar as plantas do chá. David Livingstone penetrou nos lugares mais recônditos da África e preparou as melhores condições para a colonização. Darwin, Melville, Fortune, Livingstone e tantos outros se tornaram - uma nova palavra, cunhada em 1834 - "cientistas".

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