Por que a obsessão pelo deserto congelado chamado Marte?
Os números são pouco divulgados, mas causam espanto. Enviamos 28 missões não tripuladas ao planeta vermelho, dez delas com aterrissagem exitosa. Mas essa obsessão por Marte é mais velha que Matusalém. Tudo começou na Mesopotâmia. Nas primeiras cidades construídas pelos humanos, Marte era chamada de "Nergal". Simbolizava a guerra, o fogo, a peste, a fome e todos os demais ginetes do apocalipse.
Só oito meses de viagem.
Viajar a Marte leva só oito meses. Pode parecer uma eternidade para um viajante ansioso, mas já foi superado Scott Kelly, que ficou um ano na Estação Internacional Espacial. E ele está disposto a ir a Marte. Desde que tenha passagem de volta. Há muitas outras pessoas dispostas a ir sem o bilhete de retorno. Querem ser os primeiros colonos de um novo mundo. Ou os primeiros a abandonar o antigo.
O pessimismo terrestre.
Há muita gente pessimista sobre o futuro da Terra. E temos de compreendê-los. Arsenais de mísseis nucleares nunca desativados, o poder das petroleiras determinando o colapso ambiental, a capacidade de reescrever os genomas dos vírus e das bactérias, criando armas destrutivas... a imbecilidade humana é mais do que nunca flamejante. Viver em um só planeta é a versão astronômica de pôr todos os ovos na mesma cesta. A Real Sociedade de Londres, aliás, diz que temos 50% de chances de sobreviver na Terra. É como lançar uma moeda.
Um deserto gelado hostil à vida.
À partir do século XIX, quando Giovanni Schiaparelli afirmou que tinha visto canais em Marte, muita gente passou a dar por certo que havia vida inteligente em Marte. As expectativas foram frustradas em 1964 quando a nave Mariner 4, da NASA, analisou sua atmosfera: uma fina camada de CO2 e temperaturas abaixo de 100 graus Celsius. Essas não são condições para hospedar vida inteligente, como imaginamos.
A primeira estação? Como deixou de ser um oásis?
Mas Marte pode ser a primeira estação de translado para outros locais, como a lua Europa, que receberá duas naves entre 2022 e 2023. E temos de entender como se tornou um deserto vermelho gelado. Era um oásis azul, cheio de água, muito parecido com nosso planeta. Há muitas ideias e projetos para vivermos em Marte... e muitas novas informações. O leitor interessado pode acessar o livro eletrônico publicado por Jesse Emspak para a Scientific American. Só tem de saber inglês e ter sete dólares na conta.