Quando os loucos guiam os cegos.
Shakespeare e Miguel de Cervantes, talvez os dois maiores gênios da literatura, guardavam 17 anos de diferença em suas vidas. Shakespeare nasceu em 1564, Cervantes em 1547. Mas uma primeira coincidência salta aos olhos: ambos faleceram em 22 de abril de 1616. Há 400 anos, o mundo despediu-se de dois gênios notáveis. Talvez festas alusivas à data sejam realizadas. Mas há outra coincidência, maior e mais importante, no trabalho dos dois potentados. Eles aprofundaram, foram longe para entender o mundo que os rodeava e, nessa procura, encontraram a loucura. É possível considerar que eles inauguraram o entendimento da alma da humanidade. Algumas vezes uma alma mergulhada nas trevas da loucura. Em D.Quixote, a loucura se mostra através de personagens delirantes. Na obra de Shakespeare, a loucura aparece em várias peças. Ao se completarem 400 anos da morte de Cervantes e Shakespeare, o tema do embaralhamento entre sanidade e loucura continua atual. Especialmente para a política em Campo Grande que apresenta candidatos como Bernal e Zeca do PT. Como diz um personagem de "Rei Lear", que também flerta com a piração: "É o mal dos tempos, quando os loucos guiam os cegos".
O Código Voynich, o livro mais misterioso do mundo, será copiado em Burgos, na Espanha.
Burgos é uma pequena cidade no norte da Espanha. Conta com uma população de pouco mais de 170 mil habitantes. Para os brasileiros ela é um importante centro de peregrinação por fazer parte do Caminho de Santiago. Todavia, para os espanhóis ela é a terra de El Cid Campeador e a cidade que deu origem aos Direitos Humanos atuais. Foi nessa cidade que ocorreu um dos maiores embates intelectuais da história da humanidade e, dele, saíram as Leis de Burgos, editadas para organizar a bagunça e festival de atrocidades que havia se tornado a conquista das Américas. No centro de Burgos há um dos mais belos "paseos" da Europa - Paseo del Espolón - um calçadão ajardinado, construído nos anos 1.600. É nas cercanias do Espolón que se encontra o Museu e a Editora Siloé. Segundo o jornal espanhol El País, foi essa editora a escolhida para copiar o Código Voynich, o livro mais misterioso do mundo que está nas bibliotecas de Yale, nos Estados Unidos.
O Código Voynich é um dos livros mais afamados do mundo. Ele é um enigma estudado por séculos e até hoje, não decifrado. São 234 páginas belíssimas, sobre as quais nada se sabe. Seria, o Código Voynich uma obra de iniciação esotérica? Um tratado élfico? Um livro cabalístico? Um catálogo de poções mágicas? Receituário de medidas anticoncepcionais para mulheres medievais pecadoras? O diário de um extraterrestre? Um estudo sobre a transmutação da pedra filosofal? Também não conseguem decifrar a língua em que esse livro foi escrito. Sabem apenas que foi desenhado e escrito em pele de vitela entre os anos de 1404 e 1438,datas determinadas por testes de Carbono 14. No ano passado a Universidade de Berdfordshire anunciou que teria conseguido decifrar 14 símbolos dos milhares que povoam o livro, mas até hoje a universidade não levou a público os resultados desse pequena interpretação. Há dezenas de anos, editoras do mundo todo concorrem para copiá-lo. Siloé foi a vencedora. É uma primazia semelhante a levantar a Copa do Mundo das editoras. É claro que o livro será copiado em pele de vitela (pele de animal não nascido), o material mais suave e delicado que se pode obter para a escrita. Terá de ser minuciosamente desidratado, que lhe dará um aspecto de queimado pelas muitas luzes por onde passou através dos séculos. Também terá de crepitar ao virarem suas páginas, uma espécie de pequeno estalido ao ser folheado. Será copiado à mão, um a um, sem o uso de máquinas. Uma maravilhosa façanha aguarda a Siloé e seu combativo proprietário, um senhor calvo de nome Juan José Garcia.Ter uma cópia do Código Voynich era um dos maiores sonhos da Biblioteca Nacional brasileira há vinte anos.
A televisão quer copiar Hollywood. Enquanto Hollywood que copiar os vídeo-games. "Os Trapaceiros" vem aí.
O cinema é uma ilusão. Um joguinho de sombras chinesas projetadas em uma parede. Fotografias em movimento. É a arte do engano, uma trapaça visual que nos prende e seduz. Mas o cinema deixou de pertencer ao espaço físico das salas existentes nos shopping e em raras ruas. Ele é cada vez mais uma proposta visual e menos geográfica. O cinema infiltrou-se na televisão. As novelas da Globo correm atrás do que acontece em Hollywood, tanto em equipamentos como em técnicas e conceitos. Os marqueteiros vão aos Estados Unidos aprender os truques dos filmetes - as pílulas - de propaganda política. Pílulas tóxicas por lá e, obviamente, por aqui. Todos esqueceram da fortuna ganha por esses "profissionais da mentira" para transformar um poste em uma presidenta. Isso é o cinema - uma trapaça. Mas um engodo que não para de crescer e melhorar. Hoje, a televisão quer copiar o cinema de ponta que é Hollywood. Enquanto Hollywood quer copiar os vídeo-games. A Netflix é uma consequência de tudo isso. Um país sem Netflix é como um país sem Mac Donald´s. As séries dos Estados Unidos tornaram-se o fast food da indústria cinematográfica. Todavia, temos de admitir, algumas séries são fast food gourmet. Preparem olhos, ouvidos e as almas para o festival de cinema de quinta categoria que nos trapaceará no período eleitoral. Funciona como uma série dos EUA. Mambembe e canhestra. Deveria ter um único título: "Os Trapaceiros".
A Galinha Pintadinha está falando espanhol.
Com seus desenhos de traços bem definidos, coloridos e alegres, a turma da Galinha Pintadinha está conquistando os países de língua espanhola. Em 2011, a Galinha Pintadinha se tornou La Gallina Pintadita e The Lottie Dottie Chicken e conquistou as crianças desde o Chile até o sul dos Estados Unidos. Segundo a empresa, o público hispânico já acessou seus vídeos quase 1 bilhão de vezes e, em maio último, a empresa conquistou a posição oitenta e nove entre as mais licenciadas do mundo. Trata-se da primeira vez que uma marca brasileira entra nesse ranking. A Galinha ultrapassou os Teletubbies, os Caça-Fantasmas e até o seriado Breaking Bad. No momento, está adaptando suas canções para o italiano, alemão e mandarim. Já há mais de 60 produtos licenciados, de fraldas a iogurtes. Sem dúvida é uma vitória da capacidade brasileira de aproveitar bem todas as mídias. A Galinha aparece muito bem no tablete, no celular, no computador, no DVD...