Raça é tão somente um fiapo de epiderme
Aula de dissecação na universidade. Um professor corta com delicadeza e ergue um pedaço de pele de cerca de um milímetro de espessura do braço de um cadáver. Era translúcido de tão fino. "Nisto aqui, ele disse, fica a cor de tua pele. Raça é isso - um fiapo de epiderme". É extraordinário que uma faceta tão pequena da nossa composição receba tamanha importância. As pessoas agem como se a cor da pele fosse um determinante de caráter, quando nada mais é que uma mera reação à luz do sol.
Raça não existe.
Biologicamente, a raça não existe de verdade - em termos de cor da pele, feições faciais, tipo de cabelo, estrutura óssea ou qualquer outra coisa que seja uma característica definidoras dos povos. E, no entanto, veja quanta gente foi escravizada, odiada, linchada ou privada dos direitos fundamentais ao longo da história por causa da cor da pele.
Pele: uma história de genes.
A cor da pele se revelou mais cientificamente complicada do que qualquer um imaginava. Mais de 120 genes estão envolvidos na pigmentação dos mamíferos. Então, é bem difícil desempacotar essa quantidade de genes. Sim, os genes são pacotinhos. Podemos dizer o seguinte: a pele obtém sua cor por uma variedade de pigmentos, dentre os quais o mais importante, de longe, é uma molécula cujo nome formal é "eumelanina", mas que é universalmente conhecida como "melanina". É uma das moléculas mais antigas da biologia, encontrada por todo o mundo dos seres vivos.
Não dá apenas a cor da pele.
A melanina não dá apenas a cor da pele. É ela que colore a plumagem das aves, proporciona a textura e a luminescência das escamas dos peixes, da à tinta da lula seu preto arroxeado. Está envolvida até em fazer a fruta ficar marrom. Em nós, também dá a cor aos cabelos. Sua produção cai de forma drástica à medida que envelhecemos, por isso, muitos ficam grisalhos.
Tremendo filtro solar.
A melanina é um filtro solar excelente. É produzida nas células chamadas melanócitos. Todos nós, não importa a cor da pele, temos a mesma quantidade de melanócitos. A diferença está na quantidade de melanina que essas células produzem. Essa melanina reage, com frequência, de modo irregular à luz do sol, resultando em sardas, tecnicamente conhecidas como "efélides". As sardas são, portanto, uma produção bagunçada de melanina, mais em alguns pontos da pele, e bem menos em outros.