Remédio para epilepsia está sendo investigado na justiça
A justiça espanhola mandou os donos de uma indústria farmacêutica irem para o banco dos réus. A farmacêutica francesa Sanofi produz o Depakine, um anticonvulsivante e estabilizador de humor, usado no tratamento de epilepsia. A acusação afirma que o Depakine é a nova Talidomida, causa má formação nos fetos e transtornos autistas.
Indenizações ultrapassam 5 milhões de euros.
O juiz de Madri aceitou a demanda de quatro famílias, cujos filhos nasceram entre 2002 e 2007, com graves problemas de saúde e, por isso, reclamam indenizações de 5,2 milhões de euros. Os afetados acusam a indústria de ter comercializado o produto "sem as condições mínimas de segurança e sem facilitar uma informação adequada sobre os riscos que comportava".
Sanofi já foi condenada na França.
A empresa, que também enfrenta demandas na França, onde foi condenada em primeira instância, admite os danos que o Depakine pode causar nos fetos, mas nega ter ocultado dados. No Brasil esse medicamento é vendido livremente com o mesmo nome comercial.
O princípio ativo é o ácido valproico (sinônimo de valproato sódico) que já deveria ter sido proibido desde os anos oitenta do século passado. Desde aquela época a literatura médica começou a assinalar danos em fetos e as evidências acumularam desde então, mas a farmacêutica levou três décadas para advertir claramente dos perigos do Depakine.
Os perigos do Depakine.
Entre os problemas de saúde causados pelo Depakine estão a espinha bífida - algumas vértebras que recobrem a medula espinhal não são totalmente formadas, permanecendo abertas e sem se fundirem -, má formação no crânio e na face, má formação no coração, nos rins, no aparelho urinário e nos órgãos sexuais. Estimam que entre 30% a 40% das crianças em idade escolar cujas mães tomaram o Depakine durante a gravidez, podem ter problemas de desenvolvimento na infância. A decisão salutar do governo deveria ser a de proibir o Depakine em solo nacional.