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Em Pauta

Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 21/09/2023 08:20
Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas
Ponta Porã começou seu povoamento com levas de gaúchos que abandonavam em verdadeiras caravanas os pampas, ante as perseguições políticas e a miséria consequente da revolução de 1.893,  entre os maragatos e os pica-paus. Pedro Juan Caballero, a vila em frente, surgiu devido a atração dos negócios oriundos da indústria extrativa da erva-mate. A lei naquela região era a vontade do mais forte. Nascia sem lei.......


Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas
Crimes impunes.

Sequências de crimes impunes com requintes de perversidade eram estimulados pela indiferença da polícia. A polícia de Ponta Porã era uma bela figura orçamentária. Alguma diferença dos dias atuais? Seus braços débeis, tão curtos, não podiam alcançar os violentos. Filho da impunidade, nascia o primeiro chefão da região. Franck Six Moritz, filho de pai inglês e mãe paraguaia, nascido em Corrientes, república Argentina, ocupava o posto de tenente em Conceição. Em 1.906, decidiu deixar a farda e tentar fortuna em Ponta Porã. Tratava-se de um homem irascível. Um assassino.


Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas
Bela aparência de gaúcho fino.

Franck Six Moritz logo viu seu nome impronunciável para os moradores de Ponta Porã mudar para Sismório. Impunha-se pela bela aparência de gaúcho de cabelos loiros e olhos azuis, "bigodes atrevidos e nariz regular um tanto grosso". Impressionava as mulheres com seu pitoresco trajar com um riquíssimo pala de vicunha atirado ao ombro e chapéu de feltro, além de botas altas tinindo de brilhantes, com peças de prata e um grande lenço colorado preso ao pescoço. Tornou-se célebre nos anais do crime nunca julgados. Como, aliás, os atuais.


Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas
A estréia no crime.

Instalado em uma fazenda, Sismório pediu a um menino da fazenda um favor qualquer. Como a criança de oito anos não desempenhou a contento a solicitação, Sismório o espancou na frente do pai. Este, declarando não achar justo o castigo, pediu que deixasse o menino em paz. Sismório, enfurecido, matou-o com dois tiros de 44. A segunda vítima veio do assassinato de um peão que não sabia nadar e se negou a atravessar o rio Dourados. Sismório deu tiro na cabeça do peão e jogou seu corpo, ainda com vida, no rio. A polícia local nada fazia. Ninguém prendia Sismório, apesar de inúmeros assassinatos.


Sismório, o primeiro chefão de Ponta Porã, matou 25 pessoas
A morte de Sismório.

Uma tropa de Bela Vista teve de sair à procura de Sismório. Contando com imensa quantidade de chefiados, o chefão fugiu para San José, na Argentina. Resolveu mudar de vida, viver pacatamente. Montou uma pensão, uma "fonda", como se diz em espanhol. Mas o instinto de besta fera o estorvou. Por uma ninharia, assassinou o chefe de polícia e teve de fugir para o Rio Grande do Sul. Foi denunciado à polícia da região e preso. O chefe dessa polícia, coincidentemente, era irmão de um dos homens assassinados por Sismório em Ponta Porã. Reginaldo Loureiro, irmão de Felisberto Loureiro, fez duas contas. A primeira era do número de assassinados. Disse que era trinta. Sismório não concordou. Afirmou que foram 25. Catorze em Ponta Porã e onze na Argentina. A segunda conta eram as cidades e transportes para levar Sismório de volta a Ponta Porã. Chegou à conclusão que jamais chegaria, fugiria facilmente. Sismório foi fuzilado.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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