Trump é uma realidade incômoda. Explicável?
Creiam: sob a presidência de Trump, os Estados Unidos recuperaram a prosperidade própria dos felizes anos 1960. A era de ouro econômica dos Kennedys.
Todos sabemos que Trump é um ególatra desbocado e um mentiroso patológico. Também é imperdoável seu posicionamento quanto às mudanças climáticas. Trump ri da possível dissolvição da neve nos polos. Ele também despreza os imigrantes, os trata como se não fossem humanos. Odeia a imprensa que o crítica e confunde seus interesses pessoais com o do país. Esse homem pode provocar uma crise com a China que ninguém sabe onde chegará. Às armas?
Os anos dourados da economia voltaram
O desemprego, a mais difícil variável econômica, apenas existe nos EUA. Tecnicamente é irrisório. A economia cresceu mais de 3% no primeiro trimestre. A inflação permanece baixa. Os salários estão subindo. O declive industrial foi freado. É um conjunto de condições que todos os dirigentes do mundo anseiam por conquistar. Muito dinheiro no bolso, produção industrial razoável. Mas o pé do ídolo é de barro.
A dívida dos EUA não para de crescer
Há um monstruoso endividamento público, unido a um alarmante déficit da balança comercial dos EUA, especialmente com a China. Pode ser difícil de acreditar, mas até o Brasil tem fatura a cobrar dos EUA. Até há pouco, os EUA deviam US$ 300 bilhões para o Brasil. A dívida para com a Ásia é ainda mais amedrontador. Os EUA devem US$ 1,2 trilhão para a China e US$ 1,1 trilhão para o Japão.
É certo. Trump destruiu aquela seita de fanáticos chamada Tea Party. Até sua ascensão ao poder, o Tea Party parecia impossível de ser parado. Apoiou Trump e virou pó. Por outro lado, fez algo que também parecia impossível: uniu os republicanos em torno de uma política similar a daquele outro presidente, bem mais simpático, chamado Ronald Reagan. Durante os anos 1980, Reagan fez disparar a dívida e todos os déficits. É o que ocorre quando baixam os impostos em demasia. Reagan baixou para muitos da classe média e para ricos. Trump baixou para os mais ricos. Como Reagan, está gastando uma barbarem com armamento.
A força dos dólares
O que ocorre é que os EUA imprimem dólares, a moeda ainda mais aceita em todo o planeta. Ainda nesta semana, ocorreu uma cena imperdível. Cristina Kirchner, ex-presidenta da Argentina, lançou seu livro de memórias para uma multidão que pede seu retorno ao poder. Um dos itens mais aplaudido do discurso de campanha, disfarçado de lançamento de livro, foi acusar o atual presidente de restringir o acesso dos argentinos ao dólar. Foi ovacionada. Isso demonstra a força dos dólares. Uma multidão de argentinos querendo comprar a moeda norte-americana.
As escolhas dos candidatos dos republicanos e dos democratas
Até a presente data, tudo levava a crer que Trump conseguiria sem grandes dificuldades a reeleição. Mas não é bem assim. Na corrida iniciada há pouco, o candidato esquerdista dos democratas, Bernie Sanders, despontava como favorito. Estava à frente do ex-vice presidente e moderado histórico Joe Biden.
Os melhores analistas políticos dos EUA acreditam que Biden crescerá, mas veem com descrença seu potencial arrrecadatório. Biden nunca conseguiu boas arrecadações para sustentar suas candidaturas. Já Sanders, não só conta com muitos milhões de dólares já doados, como todos aguardam que algumas das maiores fortunas venham a acrescentar somas vultuosas em sua campanha.
Essa é uma regra universal. Quando a ultra direita cresce, a ultra esquerda tende a acompanhar seu crescimento, sufocando o centro. Há notícias de que todos os grandes do Vale do Silício californiano venham a apostar boa parte de suas fortunas em Sanders. Os EUA viverão o embate da direita exacerbada com a esquerda que deseja dinamitar os bancos? Antes de procurar pesquisas eleitorais nos EUA, passei a ler arrecadação para fundo de campanha. Está 50 a 1 para Sanders. Preocupante.