O conflito de interesse entre clientes e bancos
No artigo de hoje vamos abordar um item fundamental que precisa estar inserido em seu processo análise de investimentos e planejamento financeiro. Esse item é o conflito de interesses entre clientes e as instituições financeiras como bancos, cooperativas e sociedades corretoras de valores mobiliários.
O que é o conflito de interesse?
Situações de conflito são inerentes a condição humana. Não é exagero afirmar que onde existem duas pessoas em um local, existe também o potencial latente de conflito. O conflito de interesse como o próprio nome sugere diz respeito a situações onde os objetivos e anseios do cliente colidem frontalmente com os objetivos e anseios de instituições de um modo geral, mas mais facilmente observável em bancos, cooperativas e corretoras. Generalizo instituições pois não é difícil identificar situações onde esses conflitos são visíveis, como exemplo os órgãos públicos do estado.
Agências reguladoras por exemplo, frequentemente se encontram em situações conflito com o real interesse coletivo ao privilegiar apenas algumas operadoras em detrimento de outras, favorecendo-as por meio de burocracias e a construção de barreiras de entrada a concorrência. Outro local em que podemos ver essa dinâmica de conflito em flagrante funcionamento é no próprio corporativismo estatal, onde políticos e outros agentes públicos legislam em causa própria e em detrimento do real interesse coletivo que é solenemente ignorado ainda que exposto em diferentes meios como pesquisas de opinião, manifestações, plebiscitos etc.
Bancos, Corretoras e Cooperativas
Os bancos e os gerentes de relacionamento são os mais visados no mercado quando discutimos relações de conflito de interesse. Afinal, todos nós sabemos que gerentes fazem o seu ganha pão na base do cumprimento de metas estabelecidas pela direção. Isso significa que não importa se existem outros fundos de investimento com taxas de administração mais vantajosas no mercado. Se no banco para o qual o gerente trabalha a campanha da vez for oferecer o fundo do banco, ele não vai pensar duas vezes antes de empurrar para você o fundo do banco e omitir outro mais vantajoso da instituição concorrente.
Ainda que as maiores corretoras do mercado tenham adotado um discurso agressivo nos últimos anos de desbancarização e se posicionado de uma maneira superior em relação a diversidade da oferta de produtos e a personalização do atendimento, às corretoras de valores imobiliários ainda estão longe de serem imunes a conflito de interesses.
Agentes autônomos que atuam na oferta de produtos de investimento são funcionários dos escritórios que por sua vez são filiados as maiores corretoras do país e por isso tendem a recomendar apenas os seus produtos, aqueles que tragam um bom retorno em comissões. As famosas operações estruturadas em bolsa ofertadas aos quatro cantos, para muitos tem o claro objetivo de fazer o dinheiro girar e gerar corretagem e consequentemente faturamento para a corretora e o agente autônomo.
Mas não são apenas nos bancos e nas corretoras que situações de conflito com o interesse do cliente salta aos olhos. O que falar das cooperativas que oferecem (acredite!) a poupança e sua remuneração pífia como alternativa de investimento fundamental em um ambiente onde imperam taxas de juros muito baixas.
Não importa se você vai receber um boneco de cofrinho de brinde para o seu filho guardar moedas. Esse produto que é apresentado como algo benéfico, na verdade fará com que o poder compra do investidor seja corroído pela inflação. São situações assim e muitas outras semelhantes que revelam como bancos, corretoras e cooperativas igualmente, são suspeitas quando afirmam ser isentas e que zelam exclusivamente pelo melhor interesse do cliente. Conversa fiada!
A saída é Educação Financeira!
Mas e agora, qual a solução para essa situação? Cabe a você como agente financeiro consciente dessa dinâmica perversa, ter bem claro em sua mente que o único verdadeiramente interessado na defesa irrestrita dos seus próprios interesses como investidor é você mesmo. A educação financeira é uma ferramenta (a mais poderosa talvez) capaz de conferir o poder necessário para fazer frente a situações de manipulação e conflito. Por isso, dedique-se em conhecer mais sobre os produtos de investimento, o que são?, como funcionam?, o que é preciso para operá los?
Uma última dica diz respeito ao crescimento de um mercado muito relevante de casas de análise independentes, ou seja, empresas de conteúdo financeiro que não são ligadas aos grandes grupos que comandam o sistema. São agentes de avaliação e recomendação de investimentos que procuram operar de forma independente dos grandes conglomerados do mercado. Instituições como Suno, Empiricus, Inversa e outros profissionais certificados que atuam como produtores de conteúdo independentes, são alguns bons exemplos que podem lhe ajudar a pensar um pouco fora caixa da desinformação que é disseminada pelo senso comum. Até a próxima!
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