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Pandemia aumenta desigualdade racial no mercado de trabalho

Post Patrocinado | 20/11/2020 08:00
Pandemia aumenta a desigualdade (Foto: Divulgação)
Pandemia aumenta a desigualdade (Foto: Divulgação)

A pandemia do coronavírus tem agravado as desigualdades no Brasil, uma delas é a diferença de oportunidades entre brancos e negros no mercado de trabalho. No país em que o desemprego atinge 13,5 milhões de pessoas, a população negra é a mais afetada.

A taxa de desemprego ficou em 13,3% no 2º trimestre de 2020, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadContínua) do IBGE. Considerando o índice pela cor da pele, a taxa de desemprego de pretos ficou em primeiro lugar, com 17,8%, de pardos, 15,4%, e de brancos, 10,4%.

Em relação à remuneração, os negros (pretos e pardos) receberam 56,2% a menos que os brancos. Os dados refletem uma realidade enfrentada há décadas pela população negra no Brasil e que piorou com a pandemia.

No Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, esses números demonstram a importância de lutar contra a discriminação racial e a desigualdade social. Os negros representam 56,10% da população brasileira. Contudo, o racismo estrutural tem prejudicado a ascensão social dessas pessoas.

Ninguém nasce preconceituoso (Foto: Divulgação)
Ninguém nasce preconceituoso (Foto: Divulgação)

A população negra enfrenta a desigualdade de acesso às oportunidades, como relata o bancário do Banco do Brasil, Ermirio Pereira. "Quando eu fazia faculdade eu era uma das exceções, quando eu fui gerente de uma empresa, antes de entrar no banco, era o único negro e assim por diante. E no banco mesmo também sou um dos poucos negros. É algo que me incomoda", comenta o bancário.

Algumas empresas tentam reduzir essa desigualdade, como a loja Magazine Luiza que abriu um processo seletivo exclusivo para admissão de trainees negros em setembro deste ano. A iniciativa, que busca amenizar os efeitos da discriminação racial histórica no país, gerou polêmica nas redes sociais e foi criticada.

Trainne Magazine - Itau (Foto: Divulgação)
Trainne Magazine - Itau (Foto: Divulgação)

Por outro lado, em 2019, o Itaú divulgou uma foto com os 125 aprovados no processo seletivo do programa de trainee do banco. A imagem mostrava que a instituição financeira excluiu majoritariamente os candidatos negros e pardos, reforçando o racismo estrutural, mas o caso não teve a mesma repercussão.

Setor Financeiro

O retrato dos trabalhadores que atuam nas instituições financeiras é mais um exemplo da desigualdade entre brancos e negros. Segundo o Censo da Diversidade Bancária de 2019, 68,8% da categoria bancária eram brancos, 24,3% pardos, 28,2% negros e 2,8% amarelos.

No Bradesco, apenas 26,4% dos empregados são negros; e na Caixa Econômica Federal, os negros representam 24,2% do total de funcionários, conforme dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Gráfico de negros no setor bancário (Foto: Divulgação)
Gráfico de negros no setor bancário (Foto: Divulgação)

Ainda considerando o setor financeiro, apenas 4,8% dos cargos de diretoria são ocupados por negros. O bancário Ermirio Pereira explica que já concorreu a cargos de ascensão dentro do banco, mas sempre fora preterido no momento da entrevista presencial.

"Eu fui preterido e não vou dizer que não fui promovido porque sou negro, mas, na verdade, todas as vezes em que concorri para cargos de ascensão e chegava na fase da entrevista eu percebia que nunca tinha outros negros, era apenas eu e outros brancos.

Não vou dizer que esse é o motivo, mas essa é a realidade: nós temos muita dificuldade de chegar nessas posições. Basta observar os quadros, está nas estatísticas", pontua.

Nesta data em que se celebra a Consciência Negra, o Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região reforça a importância da conscientização dos bancários e da sociedade em geral sobre o racismo.

"Sabemos que o preconceito é algo estrutural então todos os anos em nossa campanha nacional e reivindicações com os bancos colocamos essa pauta para discussão. É um trabalho árduo e constante, mas acreditamos que é uma luta permanente e que estamos no caminho para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária entre todos", afirma a presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região, Neide Rodrigues.

Neide Rodrigues e Ermírio Pereira (Foto: Divulgação)
Neide Rodrigues e Ermírio Pereira (Foto: Divulgação)

Para Ermirio Pereira, o país tem uma dívida social com os negros e o processo de conscientização depende de campanhas constantes, mudanças concretas e ações afirmativas. "As propagandas deveriam ser mais multirraciais e deveria haver algum sistema de cotas para cargos de gestão nas empresas, não só nos bancos, porque o negro não consegue chegar nos mesmos lugares que os brancos, pesquisas apontam que as mulheres negras recebem ainda menos que as mulheres brancas. Não acredito que seja simples, não acredito que seja rápido, porém, mais cedo ou mais tarde isso precisa acontecer", ressalta.

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