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Direto das Ruas

Associação cerca academia e parquinho para impedir acesso de “estranhos”

Presidente do bairro afirma que nada na praça foi construído com dinheiro público

Danielle Valentim e Bruna Kaspary | 23/04/2018 12:18
Fechamento dos dois locais foi reforçada após furto dos balanços do parquinho. (Foto: Saul Schramm)
Fechamento dos dois locais foi reforçada após furto dos balanços do parquinho. (Foto: Saul Schramm)

A Associação de Moradores do Conjunto Arnaldo Estevão de Figueiredo II, em Campo Grande, cercou o parque de diversões e a academia ao ar livre da praça, para limitar o acesso de "estranhos". A organização estipulou idade e horários para o uso dos locais e a imposição de regras para o uso do espaço público causou polêmica.

A presidente Suely Gomes dos Santos justifica que a atitude foi tomada para garantir a proteção do local pelos próximos 20 anos. 

Parte dos moradores entende a situação como “abuso”, outros realmente como a única forma de proteger a praça da ação de vândalos. Enquanto isso, a associação segue barrando adolescentes e crianças “avaliadas” como inaptas para o uso do parquinho. 

A artesã Ana Carolina dos Santos Souza, 23 anos, que tem dois filhos de 1 e 4 anos, questiona a forma como a associação trata a praça. Ela lembra que as chaves para acessar parquinho e academia ficam com a presidente. O problema é quando o frequentador da praça não consegue encontrá-la.

“A presidente disse que cercaram porque tinham furtado dos balanços, mas como furtaram se nunca nem foi aberto. Há uns dias levei meu filho mais velho e um amiguinho e meu filho fez um escândalo porque ele queria brincar e estava trancado e diz que a chave fica na associação, mas nesse dia era domingo e estava fechado. Fui até a casa da presidente, mas ela não estava em casa”, conta.

Ana lembra que também já foi barrada no local. A moradora relata, que certa vez realizava caminhada na praça e foi expulsa após tentar usar na academia ao ar livre. “Segundo a associação, é de uso exclusivo de idosos”, finaliza.

Uma moradora de 70 anos, que preferiu não se identificar, disse que outra praça da região passou por problema parecido. No local tem uma quadra de areia que ficava fechada. “Também tinha de pegar a chave com a presidente, até que a veio a Semadur e disse que ela não poderia fechar porque é via pública” , disse.

O cabeleireiro André Nogueira Gomes, de 44 anos, conta que há alguns finais de semana os sobrinhos foram até sua casa passar o dia. “Ela disse que eles não podiam brincar porque os brinquedos não eram apropriados para suas idades. Mas tem placa que indica 12 anos e eles têm 10”, disse.

Moradora relata que já foi barrada da academia,
por não ser idosa. (Foto: Saul Schramm)
Moradora relata que já foi barrada da academia, por não ser idosa. (Foto: Saul Schramm)
Parte dos moradores entendem a situação como “abuso”, outros como única forma de proteger. (Foto: Saul Schramm)
Parte dos moradores entendem a situação como “abuso”, outros como única forma de proteger. (Foto: Saul Schramm)

Por outro lado, há quem concorde com a atitude da associação de moradores. O morador Adelmo Soares, de 62 anos, fala que prefere que fique cercada. “Vem gente de outra vila e faz baderna lá. Se essa é a reclamação, então é melhor fechar logo”, disse.

A moradora Bruna Drielly de Souza, de 21 anos, concorda com Adelmo de que é melhor cercar do que deixar o acesso livre para todos. “Tem horário para abrir, sem contar que aos finais de semana você pode pegar a chave na Associação”, conta.

Recurso próprio - A presidente da associação Suely Gomes afirma que nada na Praça foi construído com dinheiro público. Além disso, a ideia de fechamento dos dois locais foi reforçada após furto dos balanços do parquinho.

“A prefeitura cedeu essa área para associação cuidar por 20 anos e essa foi a alternativa encontrada para manter o local longe dos vândalos. Não há distinção entre os frequentadores da praça, independente de bairro”, explica.

No entanto, a moradora Ana Carolina alega que já presenciou cena da presidente proibindo crianças de outros bairros a brincarem.

Pode ou não pode? - A reportagem indagou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal, que informou que a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) enviará fiscalização no local para averiguar a situação e caso constatada irregularidade serão tomadas as medidas cabíveis ao caso.

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