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Direto das Ruas

Com uso de termos médicos, golpista chantageia família de paciente no CTI

"Foi Deus que me iluminou e não deixou depositar os R$ 4 mil", diz esposa de renal crônico

Por Kamila Alcântara | 01/10/2024 19:21
Mensagens enviadas e registros de ligações (Foto: Direto das Ruas)
Mensagens enviadas e registros de ligações (Foto: Direto das Ruas)

"O quadro clínico dele não melhora por culpa de uma bactéria altamente contagiosa, que não deixa ele reagir aos medicamentos". Com esse diagnóstico dado por telefone, o médico pede o depósito imediato de R$ 4 mil para conseguir avançar no tratamento. Essa é mais uma estratégia dos golpistas que estão conseguindo tirar dinheiro das vítimas em um momento de vulnerabilidade.

Quem atendeu o "médico Marcelo Moreno" foi a dona de casa douradense Maria do Socorro de Lima, de 59 anos, na tarde desta terça-feira (1º), que está com o marido internado no Hospital do Pênfigo de Campo Grande por ser renal crônico. O que mais chamou atenção dela é que o esposo, o Pedro Martins, 68 anos, é bombeiro militar aposentado e todos os atendimentos são pela Cassems.

"Ele estava no Hospital Evangélico, lá onde moramos, na cidade de Dourados. Por conta das complicações no tratamento, precisou ser transferido para cá e está no CTI. Não conheço ninguém, deixei apenas o meu telefone e o da minha sobrinha que mora aqui. Não sei como conseguiram meu telefone", adianta Maria.

Estratégia - Com ligações pelo Whatsapp, o tal médico disse que Pedro não estava tendo melhora por estar quase em sepse, uma infecção generalizada. Para dar uma "melhor resposta", era preciso iniciar outro tipo de tratamento com urgência, mas que o plano de saúde liberaria em três dias. Por isso, a família tinha que depositar imediatamente R$ 4 mil na conta dele, que depois seriam ressarcidos.

"A pressão psicológica que ele fez, como se meu esposo não fosse sobreviver sem aquilo. Na ligação, perguntou onde eu estava, foi aí que me veio uma luz e eu falei que estava saindo de casa, sendo que, na verdade, já estava no hospital. O homem falou 'está errada, faz o depósito e depois vai ao hospital para assinar as guias'. Desliguei e fui questionar a equipe pessoalmente, só então entendi que era golpe. Deus que me iluminou e não deixou depositar os R$ 4 mil", detalha.

Toda a equipe desmentiu as alegações, inclusive, que o paciente não estava com bactérias. Alertaram que ela não era a primeira a receber esse tipo de ligação e fazer depósitos para golpistas.

"Minha maior preocupação é: como eles conseguem nosso telefone? Como sabem as condições médicas certinho que meu esposo tem? É revoltante saber que usam até momentos como esses para dar golpe nas pessoas", lamenta a dona de casa.

A família vai registrar boletim de ocorrência. O médico não é sequer conhecido pela equipe do Hospital do Pênfigo de Campo Grande. Marcelo Moreno é o nome de um médico oncologista de Santa Catarina, mas não é o mesmo da foto usada pelos golpistas.

Alerta - Ainda esta semana, a Santa Casa de Campo Grande divulgou alerta sobre golpes com pedido de dinheiro para familiares de pacientes. Segundo o comunicado, os golpistas se passam por funcionários do hospital, geralmente enfermeiros e médicos, pedindo dinheiro para exames e procedimentos falsos, principalmente nas UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e outros setores da instituição.

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