Família relata pânico a cada chuva após perder tudo para enxurrada pela 2ª vez

“Toda vez que fecha o tempo é um surto diferente. Ficamos desesperados, não sabemos se a água vai subir ou não. Tô num nível de estresse que meus cabelos começaram cair e nem consigo dormir direito”, relata a professora Maíra Oliveira.

Ela perdeu tudo na última quarta-feira (27), após a água da chuva invadir a casa onde mora, na Vila Popular, em Campo Grande.

Aos 36 anos, Maíra relata que vive apreensiva e toda vez que o tempo “fecha”, é um drama diferente. Há quatro anos, ela e o esposo financiaram uma casa para morar na região oeste da Capital. O sonho da residência própria virou realidade, porém a chuva se tornou seu pior pesadelo.

“Os moradores mais antigos do bairro têm casas adaptadas, numa área mais alta. Toda vez que o tempo muda, os vizinhos começam a conversar entre si para falar como está a situação no local, se a chuva está forte e se a enchente começou”, diz Maíra.

Na última chuva forte, ela conta que perdeu tudo que tinha dentro de casa. “A água subiu mais de um metro, as geladeiras flutuaram, meu sofá encheu de lama e a água também entrou no guarda-roupa, que inclusive ia pagar a última parcela. Perdi tudo, alimento, móveis e algumas roupas que não consegui tirar as manchas”.

Perto da casa onde mora, passa o Córrego Imbirussu. Toda vez que a chuva é intensa, a água transborda, levando a enchente até às residências. No dia 27 deste mês, Maíra estava na imóvel junto a família quando notou as nuvens carregadas e viu o céu escurecer.

“Estávamos sentados. Depois do almoço, por volta das 13h começou a chuva forte, com vento que derrubou uma árvore aqui. Quando a enxurrada entrou no meu quintal, decidi tirar o carro e levar na casa de uma amiga, que mora num nível mais elevado, aqui no bairro”, lembra.

Ao retornar para a casa, a moradora ouviu o grito de uma vizinha, dizendo para correr e tentar salvar o que conseguisse. “Na volta, acabei caindo e a enxurrada chegou a me arrastar, mas consegui sair. Quando entrei em casa, o nível da água estava alto, a um metro do chão, e não tinha mais o que fazer. Perdi tudo. A máquina de lavar e o colchão estragaram. A água que invade sempre é do córrego que passa esgoto. Minha casa está fedendo e muitas coisas enferrujando por conta da urina”.

Essa é a segunda vez que a professora ficam sem nada e a terceira vez que tem a casa tomada pela enxurrada. “Dessa vez, quase que a gente morre afogado. Tô agoniada, é uma área de risco”, afirmou. Na casa, também moram o esposo, a mãe e os dois filhos da Maíra, uma criança autista de 5 anos e um adolescente de 15.

“Meu filho mais novo tinha uma coleção de dinossauro, que ganhou no Natal. A água também levou isso e agora ele está desesperado”, comentou.

Após o ocorrido, a família ganhou cesta básica do município e recebeu mais mantimentos através de um grupo de mulheres. “Também ganhei R$ 300,00 que vai ajudar a pagar a medicação do meu filho autista, pois toma remédios controlados, que são caros”.

Agora, quatro dias depois do ocorrido, Maíra pede a ajuda em doações. “Precisamos de produto de limpeza, material de higiene pessoal, cômoda e até armário de cozinha”. Quem puder doar pode entrar em contato pelo (67) 9 8446-5621.

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