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Direto das Ruas

Filhos não conseguem cumprir pedido e têm de enterrar pai longe da mãe e da irmã

De acordo com a filha, o desejo do pai foi desrespeitado por conta de administração de cemitério

Idaicy Solano | 08/09/2023 14:28

Familiares e amigos do falecido Antônio Pintancor Valencuela foram surpreendidos ao ver o corpo ser enterrado no local errado, no Cemitério Santo Amaro. O caso ocorreu na última segunda-feira (4). O grupo se reuniu ontem para limpar o jazigo onde o falecido deveria ser enterrado e garantir que o corpo fosse transferido, mas foram surpreendidos novamente pela administração, que informou que não seria possível.

A família possui titularidade de um pedaço do terreno, mas por não ter cumprido com as adequações exigidas pela prefeitura, de manutenção do solo, não foi permitido enterrar o falecido.

Roselene alega que nunca foram notificados para cumprir com as exigências até o enterro do pai. "Nós não sabíamos, porque minha falecida irmã tinha sido enterrada no chão", explica. A diarista também declarou que a família pretende cumprir com as exigências, mas na manhã desta sexta-feira (8), foram informados que só poderiam transferir o caixão daqui cinco anos.

De acordo com a filha do finado, diarista de 52 anos, o desejo do pai era ser enterrado ao lado da esposa e do filho. A diarista explica que, ainda em vida, o pai pagou pelo espaço onde a esposa e o filho estão enterrados e, posteriormente, ele seria enterrado lá também.

De acordo com Roselene, ela conversou com a administração do cemitério, que deu o prazo até esta sexta-feira (8) para a família fazer as adequações no local e o corpo ser transferido. Familiares e amigos se uniram para limpar o espaço e retirar a árvore durante o feriado de Sete de Setembro.

A diarista conta que começaram a limpar 7h, e por volta das 16h30, a administração do cemitério, com auxílio da GCM (Guarda Municipal Metropolitana), pediu para que o grupo se retirasse, pois o local fechava às 17h. "A gente passou o dia inteiro trabalhando, sem almoço, no sol, e ela falou pra mim que não ia ser possível [transferir o corpo], bateu o pé e pronto, acabou”.

Os responsáveis pelo cemitério também teriam informado que não seria possível transferir o corpo, pois o jazigo não estava de acordo com as novas regras exigidas pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), em março deste ano, que implicam na construção de gavetas para pessoas que morreram há mais de 5 anos.

Roselene relata que no dia do velório, que aconteceu no início desta semana, a administração do cemitério ligou informando que não seria possível enterrar o pai ao lado da família, pois o espaço estava obstruído por uma árvore.

"Falaram de última hora que não daria para ser enterrado porque tinha uma árvore grande. Ele foi enterrado como indigente, não tem nem como a gente colocar uma plaquinha lá onde ele está enterrado”, expressa a diarista.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a administração do cemitério, e o gestor Marcello Fonseca informou que, desde maio de 2023, a prefeitura convoca os titulares de terrenos nos cemitérios públicos para providenciarem as adequações dos lotes que estão no solo.

"Não mais é permitido o sepultamento diretamente no solo. E foi o que ocorreu com essa família, o terreno se encontrava no solo, não sendo possível o sepultamento", diz.

Novas regras - O edital 01/2023, publicado no Diário Oficial de Campo Grande em março de 2023, traz novas exigências da Sisep, de regularização ambiental, adequação dos jazigos e licenciamento ambiental dos cemitérios públicos municipais de Campo Grande, de acordo com a normativa da Resolução do Conama n. 335/2003.

O Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) tem como objetivo evitar problemas ambientais, como contaminação do solo por necrochorume (produzido durante a decomposição do corpo humano), e prevê regularizar os túmulos, proibindo o enterro no solo.

Entre as exigências, estão impermeabilizar e adequar os túmulos de acordo com as regras ambientais. Entre as medidas que devem ser tomadas está a construção de gavetas para pessoas que morreram há mais de 5 anos.

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