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Direto das Ruas

Usuário de drogas é entubado ao sair de clínica; pai denuncia irresponsabilidade

Ele foi liberado sem a presença da família e consumiu comprimidos de 6 tipos de remédios que tinha no bolso

Por Kamila Alcântara | 30/12/2024 15:21

Os familiares de um dependente químico questionam o tratamento que ele recebeu em clínica de reabilitação localizada no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Aos 29 anos, o paciente foi encontrado na porta da instituição, desacordado. Após ingerir todos os seus psicotrópicos, convulsionou e precisou ser entubado no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) com um quadro grave de infecção pulmonar.

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Um pai expressa sua indignação após seu filho, um dependente químico diagnosticado com esquizofrenia, ser expulso de uma clínica de reabilitação em Campo Grande. Após ser internado sob cuidados da Coprad, o jovem foi deixado na porta da instituição, onde começou a convulsionar e precisou ser hospitalizado com pneumonia grave. O pai, Rogério, critica a falta de responsabilidade da clínica, que alegou que o filho não estava colaborando com a rotina. Em resposta, um representante da clínica defende que a saída foi uma escolha do paciente, que não quis esperar e insistiu em sair para fumar, ressaltando que não podem forçar ninguém a permanecer no local. A situação levanta questões sobre o tratamento e a responsabilidade das instituições de reabilitação.

Ao Campo Grande News, o garçom Rogério, pai do paciente, admite todos os "defeitos" do rapaz e fala do drama que é ter um filho dependente químico. Diagnosticado com esquizofrenia, essa internação veio por regulação da Coprad (Coordenadoria de Proteção à População em Situação de Rua e Políticas sobre Drogas), que pertence à SDHU (Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos) da Prefeitura.

“Lá na Coprad foi feito fotos dele, exames médicos e documentaram todos os remédios receitados pelo psiquiatra que o acompanha no CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Foi nesse atendimento que direcionaram meu filho para aquela clínica, com repasses públicos. Eu deixei meu filho nas mãos deles, com tudo conversado (sic)”, relatou Rogério.

Até que na manhã do último sábado (28), por volta das 9h, a instituição ligou para a família e disse que não poderia mais manter o paciente por ele “não colaborar com a rotina e não obedecer às ordens”. Pai e madrasta estavam trabalhando, então, solicitaram que o mantivessem no local até por volta das 16h, quando conseguiriam ir até lá buscar.

Mas ao chegarem na porta da clínica, no horário combinado, o rapaz estava sentado do lado de fora, com os pertences pessoais em um lençol. Ele entrou no carro dizendo coisas desconexas, começou a convulsionar e foi levado para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon, mas a complexidade do caso forçou a transferência para o hospital.

“Desde sábado, quando veio da UPA, ele está entubado e a febre não passa. Não quero dizer que meu filho é fácil, eu tenho consciência dos defeitos dele, mas entreguei meu filho nas mãos da administração da clínica e, o mínimo, é que ele fosse entregue nas minhas mãos de volta. Não que fosse largado na porta como foi. Nenhum pai quer ter um filho dependente químico, mas merecemos respeito e não queremos que nenhuma outra pessoa passe por isso”, termina Rogério.

O hospital informou aos familiares que a suspeita é de uma pneumonia grave, por isso a febre não passa, e que está sob efeito da grande quantidade de medicamentos que ingeriu. A última receita dispensada pelo psiquiatra dele, do dia 20 de dezembro, trazia seis medicamentos “controlados”, entre eles, dois são sedativos.

Outro lado - Enfermeiro e advogado na instituição, Cleronio Nóbrega, conversou com o Campo Grande News e contou o que aconteceu naquele sábado. Segundo ele, o interno nunca colaborou com a organização do ambiente que vivia e não obedecia às ordens impostas para todos.

“Imagina manter o controle de 20 pessoas sem ordens? É impossível! Por isso, a gente mantém uma rotina com os pacientes e esse rapaz não colaborou com nada. Nesse dia em questão, ele estava escalado para ajudar na cozinha, mas não quis. Então, ligamos para o pai e a madrasta para que ele se retirasse”, explica Cleronio.

O gestor confirma que houve o combinado de esperar até o fim da tarde, mas o rapaz insistiu em sair para fumar e, uma vez fora da instituição, não poderia voltar mais. “A gente não segura ninguém aqui dentro. Se a pessoa não quiser ficar, deixamos ir. Ele não quis esperar, devolvemos os pertences dele, as receitas médicas, os remédios e ele saiu. O que ele fez do lado de fora não é nossa responsabilidade”.

Na entrada principal da clínica de reabilitação há um banner, que diz "aqui tem vagas de acolhimento financiadas pelo Governo Federal". Porém, durante a conversa com a reportagem, Cleronio informou que todos os trabalhadores do local são voluntários.

Para deixar claro: o vídeo gravado na porta da clínica foi feito por um dos funcionários. É possível ver que há comprimidos soltos pelo chão e várias cartelas violadas. A reportagem optou por silenciar os nomes de remédios citados por quem fazia a filmagem, mas são os mesmos presentes no receituário do paciente.

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