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Economia

Ano atípico faz venda de cimento diminuir e preços também têm redução

Luciana Brazil | 28/08/2014 10:05
O principal item para realização de obras, cimento, vive queda nos preços com baixa na construção civil. (Foto: Marcelo Victor)
O principal item para realização de obras, cimento, vive queda nos preços com baixa na construção civil. (Foto: Marcelo Victor)

Além da Copa do Mundo, realizada em junho no Brasil, a situação econômica do país e a proximidade com as eleições fizeram a construção civil em Campo Grande enfrentar um cenário atípico neste ano. No segundo semestre, quando as vendas de insumos deveriam estar aquecidas, o setor vive queda na comercialização de produtos. O cimento, item essencial para as obras, sofreu com o recuo das vendas. Com pouca procura, os preços caíram. Um saco de 60 quilos ficou entre R$ 0,50 e R$ 1,00 mais barato, diferença que, em uma obra têm impacto e que, segundo os comerciantes, para eles têm mais ainda.

"O cimento é o item entre os materiais de construção que menos dá lucro. Então, uma pequena diminuição para o cliente é bem significativa para o comércio", disse o gerente da loja Alvorada, Roson Zitei. Lá, o saco de cimento era vendido a R$ 24,90 até julho. Com o fim do Mundial de Futebol, o preço caiu para R$ 24,50.

Segundo ele, a queda nas vendas foi generalizada e refletiu em todos os materiais. O desaquecimento é fruto da economia do país, acredita o gerente. “No mês da Copa as vendas caíram, mas em julho ainda vendemos. Neste mês de agosto a queda foi muito grande aqui na cidade. As pessoas não querem investir em função da economia do país, ainda mais agora, perto da eleição, querem ver como vai ficar a situação”, opinou ele.

Em outra loja, o Depósito Real, um saco de cimento com 50 quilos era vendido por R$ 27,00. Conforme o proprietário da loja, Henrique Telji Costa, logo depois da Copa do Mundo, com a baixa nas vendas, o mesmo saco passou a ser comercializado a R$ 26,00, R$ 1,00 a menos. "Pode ser pouco para o cliente, mas para nós é muito dinheiro. O cimento é como o cigarro para o boteco, não dá lucro nenhum e sem ele não vendemos o resto", disse Henrique.

De acordo com o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias, da Construção, do Mobiliário de Campo Grande), José Abelha, em julho, depois do Mundial de Futebol, o mercado de construções ainda refletia bons negócios, mas o setor já demonstrava que os meses seguintes não seriam fáceis. Com a chegada das eleições, a situação não deve ser diferente, acredita ele. “Geralmente em setembro, próximo do fim do ano, as reformas e construções aumentam e o setor fica aquecido, mas desta vez será diferente e já está sendo”, explicou ele.

Abelha disse ainda que no fim do ano o setor contrata, aproximadamente, 10% a mais de trabalhadores para a construção na Capital por causa do aquecimento do setor. No entanto, ele lembra que esse ano o enredo será outro. Muitos empreendimentos, segundo ele, já foram entregues antes da Copa e fez a venda de insumos cair desde então, já que as construções se limitaram àquelas que estavam prontas.

A organização não governamental, Cimento. Org, divulgou no mês passado em seu site que, com o recuo da construção civil, as cimenteiras deverão diminuir o ritmo de produção. Por ano, são produzidas 86 milhões de toneladas de cimento no país. O setor esperava expansão de 35 milhões de toneladas para este ano, mas já começa a rever as estimativas de crescimento.

Apesar da situação atual, novas fábricas e unidades de cimenteiras começaram a surgir, fruto ainda da bonança do mercado. Mas, segundo a organização Cimento. Org, ao chegarem na hora errada, essas unidades devem pressionar os preços para baixo, já que a oferta subiu e a demanda não. Ainda conforme a entidade, a construção civil é responsável por 75% do cimento consumido no país.

Pesquisa divulgada pelo site da revista Exame, mostra que as vendas do varejo de material de construção cresceram 22% em julho, em comparação com junho, o que confirma a melhora signifivicativa aós a Copa do Mundo. No entanto, em relação ao mesmo período de 2013, o crescimento representou apenas 5%.

As vendas apresentaram retração de 3,5% no acumulado do ano, ainda de acordo com o levantamento. "Junho foi o pior mês dos últimos anos para o nosso setor, mas foi só a Copa do Mundo acabar para o mercado começar a reagir", disse o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz para a reportagem da Exame.

Pelo restante do país, conforme a Exame, alguns lojistas acreditavam no melhor desempenho das vendas em agosto, no entanto, isso não aconteceu em Campo Grande.

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