Assim como o futebol, economia colombiana evolui e atrai atenção
Brasil e Colômbia entram em campo nesta sexta-feira (4) para um embate no futebol que promete ser histórico na Copa do Mundo de 2014. O país que joga contra os brasileiros no esporte é a quarta maior economia da América Latina e um parceiro comercial promissor do Brasil, o que inclui Mato Grosso do Sul, que tem empresas investindo na exportação para lá, além da descoberta, pelos turistas, de que não é apenas o futebol colombiano que evoluiu.
Conforme a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o país governado por Juan Manuel Santos registrou uma significativa melhora na segurança pública nos últimos anos e um crescimento contínuo da economia, a exemplo do futebol. A república colombiana apresenta uma média anual de crescimento do PIB de 4,5% (estimado entre 2010 e 2016). É de fazer inveja à previsão de crescimento para o PIB brasileiro, que é de 1,8% neste ano, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Com uma extensão territorial de 1.141.750 km², a Colômbia faz fronteira com o Brasil a leste. É a segunda maior população da América do Sul, 47,5 milhões de habitantes, e suas principais cidades são a capital Bogotá, Cali, Medellín e Barranquilla, além do município turístico Cartagena das Índias, cartão postal obrigatório para quem visita o país.
No campo das relações comerciais e econômicas, a Colômbia manteve durante muito tempo isolamento de outros países sul-americanos, dando preferência aos Estados Unidos e à União Europeia. Colômbia e Brasil começaram a estreitar os laços a partir dos anos 70 e 80.
“Na região de fronteira, em especial, firmaram acordos de combate ao comércio de armas e ao narcotráfico. Na área comercial, a Colômbia não está nos principais países que se relaciona com o Brasil. Ela não está no Mercosul, não tem obrigatoriedade de comércio, mas é associada. Mesmo assim, ela se torna o quinto maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul”, disse a professora Grazihely dos Santos Paulon, que coordena o curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande.
Área econômica - Metade das exportações do Brasil para a América do Sul vão para a Argentina. Nesse cenário, a Colômbia surge como alternativa de quebra da dependência brasileira da nação vizinha na região, com a expectativa de resultados futuros mais expressivos que a economia brasileira. Dados da ApexBrasil mostram que as empresas brasileiras são responsáveis por apenas 5% dos produtos e serviços que são consumidos pela Colômbia. As indústrias nacionais ocupam a quarta colocação entre os fornecedores mundiais do país, ficando atrás dos Estados Unidos, da China e do México. “Há muito espaço para incrementar essa relação”, informa a ApexBrasil por meio da ferramento “Mercado Foco”.
Conforme o analista de mercado Aldo Barrigosse, que é especialista em exportação, “a Colômbia é uma importante parceira comercial”. “Só de janeiro a maio de 2014, Mato Grosso do Sul vendeu US$ 1,2 milhão de dólares em produtos para a Colômbia. Desse valor, US$ 1 milhão foi só de sementes forrageiras, de pastagens, que são desenvolvidas aqui”, divulgou. O Estado ainda costuma enviar celulose e maquinários para o país vizinho.
Os dados são obtidos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Só de sementes, Mato Grosso do Sul embarcou 133 toneladas do produto nos cinco primeiros meses desse ano. “Nesse mesmo período, o Brasil vendeu US$ 907 milhões para lá. Os principais produtos são automóveis, chassis com motor, pneus para ônibus, motores de explosão e outros”, elenca.
Além de vender para a Colômbia, Mato Grosso do Sul e Brasil costumam comprar produtos de lá. Nos primeiros cinco meses de 2014, o Estado comprou US$ 600 mil entre sulfato de cromo, fios de ferro e outros produtos superavitários. O Brasil gastou US$ 618 milhões em carvão vegetal, PVC, combustível derivado do carvão e plástico, principalmente.
Há 16 anos - Entre as empresas de Mato Grosso do Sul que vendem para o mercado colombiano está a Comercializadora e Exportadora de Sementes Germisul, que fica em Campo Grande. O elo existe desde 1998. “A relação comercial gira em torno de 100 toneladas anuais”, informou o gerente de exportação da empresa, Rogério Carvalho.
“No primeiro negócio, representantes da empresa colombiana visitaram a Germisul para negociação, depois representantes daqui viajaram para a Colômbia para fechar outros negócios e para dar treinamento e assessoramento técnico para os clientes colombianos”, lembrou.
Conforme o coordenador do Centro Internacional de Negócios da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Fábio Fonseca, várias ações vêm sendo desenvolvidas pela federação para aumentar a relação entre a indústria sul-mato-grossense e o mercado colombiano.
“Entre elas, a Fiems mantém o programa PróColômbia, que tem como objetivo aproximar parceiros comerciais, promovendo os produtos colombianos para industriários locais”, revelou.
Em parceria com a ApexBrasil, a federação ainda costuma levar industriais de Mato Grosso do Sul para o país vizinho pelo menos três vezes ao ano.
“São as feiras de negócios realizadas na Colômbia. Uma delas é a Colombiatex, do setor têxtil, que é muito forte lá. A intenção a fazer o empresário conhecer e se interessar pela matéria-prima, além dos preços que são acessíveis”, comentou. As feiras funcionam como oportunidades de negócios para importação e exportação. “Sabemos que a Colômbia é um mercado potencial na América do Sul”, disse.
Turismo - Com o aumento da segurança, a Colômbia, que durante muito tempo foi considerado território perigoso para se morar e viver, por causa do tráfico de drogas, passou a ser rota turística na América do Sul. Conforme a consultora da Voe Viagens e Câmbio, Talita Machado de Almeida, destinos como a capital Bogotá e a cidade murada Cartagena são os mais procurados. “Lá tem uma gama de restaurantes e uma noite muito linda, que agrada todos os visitantes. Cartagena se destaca por ser uma cidade histórica, amuralhada e com uma praia de areia escura. Lá tem o Castelo de São Filipe e fica perto do Caribe”, disse.
A Colômbia é o quarto destino mais procurado por turistas sul-mato-grossenses, contou a consultora. O país fica atrás, somente, da Argentina, do Chile e do Uruguai. “Mas o destino é até 30% mais caro que os outros. Para um casal viajar para Argentina, gasta até R$ 2 mil. Para a Colômbia, esse valor é só para uma pessoa, dependendo do período”, emendou.
Quem viaja para o país da América do Sul se encanta com as belezas locais, garante a analista judiciária Patrícia Midori, 40 anos, que mora em Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande. “Fiquei 10 dias, cinco em Bogotá e cinco em Cartagena. Achei lindíssimo o país. É extremamente organizado e o aeroporto tem informações necessárias em inglês e espanhol”, comentou, lembrando que já visitou países como o Japão, México, Inglaterra, Estados Unidos, Argentina e Uruguai. “O que me deixou mais impressionada foi a arquitetura espanhola da Colômbia. Achei a cidade muito bonita. São estátuas, igrejas, monumentos todos preservados. Fora o povo, que é bem receptivo”, emendou.
Outro ponto que chamou a atenção da turista foi a internet gratuita e veloz. “Wi-fi no centro da cidade é bem mais rápido que em Ponta Porã”, brincou. “Nem em São Paulo você vê isso”, garantiu. “Foi uma experiência muito legal. Confesso que fiquei com pouco de receito de ir. Muita gente comenta sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas). Mas não tem nada disso. Conheci montanhas, cidades e hoje, lá, tudo é pacificado”, garantiu.