Até no bairro com o m² mais baixo da cidade, viver não é nada barato
Reportagem foi ao bairro com valor do metro quadro mais baixo e também no de valor mais alto
No bairro com o metro quadrado mais caro e o mais barato em Campo Grande, é perceptível a diferença da realidade de cada família. Mas por dentro de cada casa, nem tudo é o que parece.
Com o passar do tempo, a inflação foi mostrando que não é tão barato assim viver, mesmo onde o metro quadrado não é tão valorizado.
Segundo o presidente do Creci-MS (Conselho Regional de Corretores de Imóveis 14ª Região), Eli Rodrigues, na ordem, está o Chácara Cachoeira e o Jardim Inápolis.
Conforme ele explica, o que atrai as famílias para um bairro mais nobre é a facilidade de acesso e a infraestrutura oferecida.
“É um bairro nobre com alto índice de valorização, onde todo empreendimento que for feito no bairro terá com certeza um retorno muito maior do que em outras regiões, pois é um bairro com muitas construções novas, e um bairro próximo ao Centro, shoppings, as ruas de boa trafegabilidade, fácil acesso, com ótima infraestrutura, e ainda com espaço muito bom para grandes empreendimentos”, pontuou.
Já no bairro com o m² mais barato, o que possivelmente faz as pessoas morarem por lá é estarem próximas ao serviço.
“Agora em relação à região do Imbirussu, um dos que tem menos valor, podemos destacar o Jardim Inápolis, justamente pela falta de infraestrutura, pois tem algumas ruas sem asfalto, sem rede de esgoto, em algumas partes tem a alta tensão de energia e não tem a baixa. Hoje quem investe no local são mais as pessoas que trabalham próximo e acabam preferindo morar perto do serviço, do que investidores”, destacou Eli.
Como vivem – O aposentado Maurílio Nunes, de 76 anos, vive há 1 ano no Jardim Inápolis, junto com a esposa Rosalina Morais, de 74 anos. Ele mora na Rua da Se.
Antes de se mudar para o bairro, morava de aluguel no Bairro Caiobá, pagando R$ 700. No entanto, neste período na casa nova já viu a prestação aumentar R$ 330.
“Quando mudei para o Jardim Inápolis, estava pagando R$ 500 no meu financiamento, mas depois de uns quatro meses a parcela aumentou para R$ 830. Serão de 12 a 15 anos pagando a parcela do terreno, acho que no final são R$ 130 mil”, ressaltou.
No começo, ele confessa que foi enganado pelo preço mais em conta do terreno. “A gente veio para cá encantado com o preço, mas no final trocamos seis por meia dúzia. A única diferença é que estamos pagando algo que é nosso, vai quitando o que é seu, mas o valor é muito próximo do que pagávamos de aluguel”.
Maurílio também conta da dificuldade em reformar a casa. De tijolinho por tijolinho, no final fica tudo caro. Por enquanto, ele conseguiu construir um quarto no fundo do terreno, e dentro da casa, um quarto, banheiro e uma cozinha americana.
Ele exemplifica que um cano de 6 metros está por R$ 120 no bairro, e em outras regiões custa R$ 64.
Além disso, outros produtos também acabam ficando mais caros. Por lá, não tem muitas opções, por isso, o que tem acaba elevando o preço.
No quintal da propriedade, tem um trailer de garapa, estacionado sobre alguns tijolos, que ajuda na renda mensal.
“Aqui a gente faz compra por mês, por causa do preço e também pela distância. A gente tem que ir lá no atacadista do Indubrasil para fazer compra. O único mercado que tem, eles metem a faca. Conveniência e bolicho aqui tem bastante, cachaça é o que mais tem por aqui. Antes tinha uma padaria aqui perto, mas acabou porque o homem se mudou e fechou aqui”, contou.
A esposa complementa dizendo sobre a falta de comércio na região. "Aqui, para pagar uma luz, uma água, não tem como, porque não tem nem lugar. Não tem nada. Tem que ir lá no centro da cidade, ou lá no bairro Serradinho para conseguir pagar. Aqui não tem lotérica, não tem nada”.
No bairro, a reportagem observou que muitas ruas são sem asfalto e não tem mercado. Há botecos e uma loja de material de construção.
Logo pela manhã, os mais velhos ficam sentados nas cadeiras dos bares, tranquilamente, como se não houvesse preocupação.
Já no Chácara Cachoeira, a realidade é outra. Foi difícil até achar alguém para conversar com a reportagem.
Pelo Infoimóveis, a casa mais cara anunciada na região está custando R$ 3,5 milhões. São 380 m² de área construída, contendo piscina, aquecedor solar, quatro garagens, quatro suítes e até quadra de futsal.
Já o mais barato divulgado custa R$ 540 mil, com 120 m² de área construída. São dois quartos, uma suíte, duas garagens, energia solar.
Diferente do bairro menos valorizado, a reportagem percebeu que no Chácara Cachoeira tem de tudo. Farmácia, salão de beleza, escola, dentista particular, escritório de advocacia, lotérica, mercado de alto padrão.
Regiões - Conforme o Índice Fipezap, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a região do Prosa tem o metro quadrado mais caro de Campo Grande, custando R$ 8.494. Em 12 meses, o aumento foi de 10,1%.
Os bairros que compreendem a área são: Novos Estados, Estrela Dalva, Mata do Jacinto, Margarida, Carandá Bosque, Autonomista, Santa Fé, Chácara Cachoeira, Veraneio, Noroeste e Chácara dos Poderes.
Já o Imbirussu é o mais barato, sendo R$ 3.204 o metro quadrado. Em 12 meses, a alta calculada foi de 3,4%. Os bairros são: Nova Campo Grande, União, Núcleo Industrial, Panamá, Popular, Santo Amaro, Santo Antônio e Vila Sobrinho.
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